Poeta Luiz Bacellar, autor de ‘Frauta de barro’, morre vítima de câncer no pulmão

O poeta Luiz Bacelar, autor do antológico “Frauta de barro” (1963), faleceu hoje, por volta de 12h, vítima de um câncer no pulmão que descobriu há cerca de um mês. Ele completou 84 anos dia 4/09 e na sexta-feira (07/09) foi internado na Fundação Cecon (FCecon) com uma crise aguda. “O Bacellar deixou escrito que não queria nenhuma homenagem fúnebre, mas um velório simples, com a presença dos amigos”, disse o poeta Elson Farias, um dos amigos mais próximos dele.

O livro “Frauta de barro” foi consagrado em concurso que teve Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade no júri, antes de ser publicado

Luiz Bacellar teve o trabalho consagrado num concurso da Prefeitura do Rio de Janeiro, em 1959, o Prêmio Olavo Bilac, onde inscreveu o ainda inédito “Frauta de barro”. O júri era composto pelos grandes nomes da poesia nacional, como Manoel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade. E venceu. ” Se o Brasil não fosse um arquipélago cultural, todos certamente conheceriam a poesia do amazonense Luis Bacellar…”, escreveu a poeta Astrid Cabral. “Os livros ‘Frauta de barro’, ‘Sol de feira’ e ‘Sartori’, um livro de haikais, são a parte fundamental da obra dele”, disse Elson.

Luiz Bacellar pediu velório e enterro só com a presença de parentes e amigos

Membro da Academia Amazonense de Letres, o poeta morava sozinho e teve uma série de problemas de saúde. Precisou operar a vesícula e depois o fêmur, fraturado quando, pedestre, foi atropelado por um carro. Depois foi morar na Fundação Doutor Thomaz. O velório está sendo realizado na funerária Almir Neves da Joaquim Nabuco e o enterro será realizado nesta segunda-feira, em horário ainda a ser definido.

“Foi uma das grandes vozes da poesia brasileira deste período e escolheu para viver em Manaus. Talvez isso o tenha isolado do mundo literário brasileiro, mas a sua poesia teve grande importância, basta ver que foi consagrado pelos grandes nomes nacionais da poesia”, conclui Elson Farias.

Do livro “Sol de feira”, o “Rondel do cupuaçu”:

 

Rondel do cupuaçu

Luiz Bacelar

 

cupuaçu

és soberano

do pomulário

americano

num cofre pardo

guardas com ciúmes

raros sabores

vivos perfumes

 

urna selvagem,

ubre silvestre,

moreno seio,

tanta delícia

tua curva crosta

retém no meio

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