Nas curvas da lendária Highway 1, de Santa Bárbara a Los Angeles (parte 4)

A Highway 1 se estende até San Diego, quase fronteira com o México, mas nossa viagem por essa estrada lendária terminou em Los Angeles, a segunda maior cidade norte-americana, palco de Hollywood. De Santa Barbara a Los Angeles são cerca de 150 quilômetros.

Solvang, uma pitada da Europa

Antes de seguir viagem rumo a Los Angeles, decidimos conhecer Solvang, uma pequena cidade que é um pedaço da Dinamarca nos Estados Unidos. Ela fica a menos de uma hora de Santa Barbara e as casas reproduzem a arquitetura europeia, muitas no estilo enxaimel (com madeirame à vista). A atmosfera é muito agradável. O clima ajuda. As pessoas são parte da placidez característica das cidades do interior europeu.

Solvang é uma cidade pequena e as casas seguem o estilo europeu, lembrando as cidadezinhas do interior alemão ou dinamarquês


Na rua principal, tem até réplica de um moinho de vento

Na rua principal, que se chama Kopenhagem, há muitas lojas e restaurantes.  Uma que chama a atenção é a Jule Hus, uma loja de artigos de Natal aberta o ano inteiro.

A loja Jule Huss vende decoração natalina o ano inteiro. Os moradores mais antigos, com traços característicos dos colonizadores europeus, adoram sentar e conversar nos diversos bancos públicos colocados em todas as ruas. Tudo muito simples. Tudo muito aconchegante

Detalhe dos produtos de Natal vendidos na loja. Uma variedade que, mesmo na época natalina, é difícil ver por aqui

Los Angeles

Segunda maior cidade dos Estados Unidos, Los Angeles é associada à fama, glamour e riqueza de Hollywood. O mundo de fantasia dos estúdios de cinema e da Disneylândia – o primeiro parque do grupo fica em Anaheim, a cerca de 50 quilômetros -, justificam o apelido de ‘capital mundial do entretenimento’.

Los Angeles está associada à fama e ao glamour de Hollywood, mas tem problemas de toda cidade grande

L.A. tem muitos shoppings centers, mas a área famosa de compras é a Rodeo Drive, em Bervely Hills, que reúne em uma rua as marcas mais luxuosas do mundo. O endereço ficou ainda mais famoso depois do filme “Uma linda mulher”, com Júlia Roberts e Richard Gere, em que ela, uma prostituta, recebe dele o cartão de crédito e, mesmo assim, é esnobada pelas vendedoras. Ele a acompanha e manda descer a prateleira das grifes mais famosas.

O famoso letreiro de Hollywood pode ser visto do Griffith Observatory, que também oferece uma bela vista da cidade de Los Angeles. Ele  fica no Griffith Park, uma grande área verde localizada na periferia da cidade.

No interior do Griffith Observatory há uma mostra de conceitos científicos e um telescópio

O letreiro famoso, que está nos sonhos de todo aspirante a astro ou estrela

Em Bervely Hills, com suas ruas bem arborizadas, estão as mansões dos astros e estrelas de Hollywood, que viraram atração turística da cidade.

Outro passeio legal na cidade é o Farmers Market, que foi criado por um grupo de agricultores em 1934, durante a Grande Depressão, para vender seus produtos diretamente aos consumidores. O local reúne várias barracas que vendem de frutas a diversos objetos. Também tem restaurantes, com comidas de todas as partes do mundo. Ao lado do Farmers Market fica um shopping a céu aberto, com várias lojas de grife a preços convidativos.

O brasileiro César Brelaz, que nasceu em Óbidos (PA) e se criou em Parintins (AM), montou um restaurante de comida brasileira, o Pampas Grill Churrascaria, onde é possível matar a saudade de uma boa picanha, com feijão e arroz carreteiro.

No Farmers Market há uma réplica do primeiro posto ‘self service’ do mundo. Os magnatas locais do petróleo diminuíram alguns cents de dólar no preço do combustível, atraíram compradores e criaram uma modalidade que hoje é comum em vários países


O Farmers Market tem bons restaurantes, com comidas de vários países, inclusive o brasileiro Pampas Grill

Shopping aberto, ao lado do Farmers Market

O ar é meio decadente, mas a fama do local é indiscutível: o Hollywood Boulevard é a avenida que tem a Walker of Fame (Calçada da Fama) com mais de duas mil estrelas de mármore em homenagem aos artistas do cinema. Outra atração do local é o Mann’s Chinese Theatre, inaugurado em 1927 e que serve de palco, até hoje, para as grandes estreias de Hollywood. É nele que fica o ‘pátio de autógrafos’, com as mãos e pés de personalidades cinematográficas.

Estrela em comemoração aos 50 anos da Calçada da Fama

Noite de estreia no Chinese Theatre, no Boulevard Hollywood

O Kodak Theatre é palco da cerimônia de entrega do Oscar, a maior premiação da indústria cinematográfica, desde 2002

A praia de Santa Mônica, no litoral de Los Angeles, também é um passeio muito agradável, com suas ruas arborizadas, restaurantes e comércio.  O pier de Santa Mônica foi construído em 1908 e tem o mais antigo parque de diversões da Costa Oeste, servindo de cenários para vários filmes de Hollywood.

A praia de Santa Mônica, em Los Angeles

O parque de diversão famoso de Santa Mônica, que aparece em vários filmes de Hollywood

A praia de Santa Mônica, vazia em pleno frio do outono

Venice é outra praia de Los Angeles, famosa pelo calçadão animado e agitos culturais, embora a ruas laterais mantenham um ar meio decadente.

O calçadão da praia de Venice; observe a ‘especialidade’ médica. A atmosfera e os personagens vão por aí

 

Gostos e sabores na Highway 1

Nem só de cachorro quente, hambúrguer e fast-food vive a gastronomia nos Estados Unidos.  Apesar da má fama, é possível se comer bem nas terras do Tio Sam.

No primeiro post sobre a viagem pela lendária Highway 1 falamos sobre a rede Bubba Gump, criada a partir do sucesso do filme Forrest Gump, que é especializada em frutos do mar.

Um dos pratos do restaurante é um balde com carangueijo, peixes regionais e camarão.

Carangueijo, peixe e batatas fritas vem em balde que traz uma folha que imita jornal, com notícias sobre as proezas de Forrest Gump

 

Camarão com molho e arroz branco, outra especialidade do Bubba Gump

Em Carmel by the sea, uma boa opção é a Cantinetta Luca, especializada em massas. De entrada, melão e figos com presunto ibérico e, no principal, espaghetti com frutos do mar e tinta de lula.

Presunto ibérico, figos e melão de entrada na Cantinetta Luca

Spaghetti com frutos do mar. A tinta de Lula dá essa cor escura e um sabor especial.

Percorrendo o Big Sur, com poucas opções no caminho e a fome apertando, paramos no primeiro restaurante que encontramos no caminho. A comida do Lucia Lodge surpreendeu: uma massa com salmão, vieiras e camarões.

Restaurante de beira de estrada, entre Carmel e Santa Barbara

Massa com salmão, vieiras, mexilhões e camarão. Vieiras são moluscos extraídos daquela concha que é usada como logomarca da Shell. No Brasil são raras e caríssimas. Nesse local, elas praticamente tomam conta do prato, que custa menos de US$ 20. Uma pechincha saborosíssima!

Visitando Solvang, decidimos comer um Pecking Duck em um restaurante chinês na principal rua da cidade. O prato é feito com pedaços de pato que são colocados sobre uma massa fina lambuzada com um molho doce.

A garconete mostra toda a sua técnica no preparo do Crispy Duck, em Solvang. Na falta do Peking Duck, o pato laqueado que constitui o prato mais famoso (e saboroso) da culinária chinesa, o crispy (pato defumado) vai muito bem

Em Santa Barbara experimentamos o Tre Lune, em Montecito, cantina italiana, e fomos de ossobuco com risoto. Na cidade também provamos os frutos do mar, caranguejos e lagosta, do um restaurante a beira mar.

De volta à comida italiana, um ossobuco com risoto acompanhado de um vinho da toscana. Detalhe: os preços de vinhos nos EUA são até mais baixos, em muitos casos, que os praticados na Europa. Esse é um Brunello de Montalcino Biondi Santi, o mais famoso daquela região, a preço igual ao de Montalcino

Os frutos do mar dominam a culinária nessa região da Califórnia; prato com carangueijo e peixes da região.

Em Los Angeles, a comida francesa do Mr Marcel, no Farmers Market. De entrada, foie gras e lulas à doré. No principal, confit de pato com batatas.

Foie gras e lulas à doré, em um dos restaurantes mais procurados do Farmers Market

Confit de pato com purê de batatas, prato típico da culinária francesa

Nosso percurso pela Highway 1 termina aqui, mas a viagem continua até Las Vegas, a ‘Cidade do Pecado’, no estado de Nevada. No próximo post, vamos  atravessar o Deserto de Mojave, conhecer Calico, a ‘cidade fantasma’, e as atrações de Las Vegas, com restaurantes excepcionais. Um deles digno das estrelas Michelin que carrega.

 

Veja também:

Califórnia: nas curvas da lendária Highway 1, de San Francisco a Monterey (parte 1)

Califórnia: nas curvas da lendária Highway 1, de Monterey a Carmel (parte 2)

Califórnia: nas curvas da lendária Highway 1, de Carmel a Santa Barbara (parte 3)

A estrada Los Angeles-Las Vegas e a cidade que é o maior playground adulto do planeta

San Francisco, da Golden Gate aos vinhos do Napa Valley, em meio a cartões postais conhecidos mundialmente

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3 comentários

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  1. ozeneide casanova disse:

    Parece que fiquei com água na boca. Parabéns pela excelente narrativa..

  2. bruno monteiro disse:

    boa tarde, marcos!!
    gostei muito das suas dicas, de todas que tenho visto/lido, e são muitas, as suas são as mais objetivas e práticas.
    vou fazer em outubro durante 15 dias o trajeto SF-LA-LV-SF
    gostaria muito da sua ajuda no trajeto carmel-LA.
    você fez este percurso em um dia ou pernoitou em algum lugar. vi que tem vários pontos de observação e que pela Highway 1 – que é a estrada interessante – este percurso teria uma média de 10h de duração.
    me ajuda nesta dúvida?
    abs e desde já agradeço.

    RESPOSTA:

    Bruno, também fiz essa viagem em 15 dias, em outubro. Ficamos dois em San Francisco (é pouco tempo, mas já tínhamos visitado a cidade antes), depois pegamos a estrada. Visitamos Monterey e seguimos para Carmel, onde dormimos. No dia seguinte, continuamos até Santa Bárbara. Ficamos dois dias, um deles para conhecer os vinhedos e Solvang. Depois seguimos para Los Angeles, onde ficamos outros dois dias (achei pouco para a cidade). Prosseguimos até Las Vegas, onde permanecemos quatro dias. Pegamos o avião para Miami, onde pernoitamos duas noites antes de voltarmos para Manaus. A estrada tem cerca de 730km, mas não acho interessante fazer esse percurso em um só dia, é muito corrido e você não vai conseguir ver todas as atrações que mostramos nos posts. Ainda estamos devendo os posts de San Francisco e Las Vegas, que vou tentar publicar antes da sua viagem. Espero ter ajudado.

    Boa viagem!

  3. Érick Pimenta disse:

    Prezado Marcos Santos, gostei muito da sua ideia de dividir o seu passeio pela costa oeste do Estados Unidos. Farei o mesmo trajeto em Fev/Mar de 2013 e tenho certeza de que suas dicas são valiosíssimas. Aproveitarei todas! Só gostaria de saber a previsão para os posts de Las Vegas e São Francisco, que confesso estar esperando ansiosamente! Ah, só para esclarecer, já li todas as suas matérias especiais e sou um leitor assíduo de seu blog. Obrigado. Abraços!