Morre o dono do “Bar do Armando”, que virou samba e se tornou o mais famoso de Manaus

Armando Dias Soares, 77 anos, português que morava em Manaus desde 1953 e fundou o “Bar do Armando”, na década de 1970, morreu nesta terça-feira, pela manhã, na Beneficente Portuguesa, onde estava internado desde janeiro. Tinha uma inflamação pulmonar e sofreu falência múltipla dos órgãos. A doença provocou o cancelamento este ano da Banda Independente Confraria do Armando (Bica), uma das mais tradicionais do Carnaval de Manaus, fundada a partir dos frequentadores do bar.

Fundadores da Bica, com Armando sentado, bonachão como sempre, entre eles. Foto: Simão Pessoa (http://amordebica.blogspot.com.br/2011/02/nasce-banda-independente-confraria-do.html)

“Era um exemplo de austeridade e trabalho. Nunca assinou uma Nota de Empenho e se tornou um homem de sucesso”, disse o procurador-geral de Justiça do Amazonas, Francisco Cruz, um dos tradicionais frequentadores do Bar. “Quando sair o inventário do Bar, eu talvez seja o maior devedor do ‘pendura’ (fiado). Vivi desde os 18 anos frequentando esse bar e era um dos poucos que o Armando admitia na casa dele, dia 1º de janeiro, quando os portugueses comemoram o Ano Novo”, enfatiza o juiz Jomar Fernandes, outro habitué do local.

Armando está sendo velado na funerária Almir Neves, na rua Monsenhor Coutinho, Centro, e o féretro sairá amanhã pela manhã, rumo ao cemitério São João Batista. Os amigos programam descer a Eduardo Ribeiro, até a 10 de julho, onde fica o “Bar do Armando”, e lá fazer uma apresentação das marchinhas tradicionais da Bica.

O “Bar do Armando” ganhou fama pelo “pendura” (fiado quase nunca anotado), que o português admitia até para quem entrava pela primeira vez na casa, o sanduíche de pernil, a cerveja gelada e o papo “engajado”. Situado no Largo de São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas, galvanizava os jornalistas e radialistas das rádios Baré, que ficava na avenida Eduardo Ribeiro, Difusora, localizada na Joaquim Sarmento, e Rio Mar, na José Clemente, por muitos anos as únicas de Manaus, além dos jornais A Crítica (Lobo D’Almada) e Commercio (Eduardo Ribeiro).

Era também um ponto de convergência dos estudantes da “Jaqueira”, a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Amazonas. Eles vinham da Praça dos Remédios para conversar no Bar do Armando e hoje são advogados conhecidos, promotores, juízes e desembargadores, caso dos frequentadores Domingos Chalub e Flávio Pascarelli.

Armando Dias Soares foi um símbolo de diálogo, tolerância, trabalho e amizade. Foi o que sempre prevaleceu no Bar do Armando.

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