Da Brasiljuta à Brasjuta – inovação e renovação Guerreira

O sentimento é de orgulho, assim como o de todos que de alguma forma participaram da história dessa empresa pioneira no ramo de fiação e tecelagem de juta instalada em 1951 e desde lá colaborou no crescimento e no desenvolvimento do Amazonas, até 1991, quando encerrou suas atividades.

A Brasiljuta, um grande parque fabril instalado na Presidente Kennedy, bairro de Educandos, se dedicava a Fiação, Tecelagem e Acabamento de manufaturado de juta, que eram vendidos como tecidos ou sacos, em todo o território nacional, além de exportar para alguns países da América do Sul. Mantinha Prensas em Itacoatiara, Manacapuru, Codajás, Alto Rio Negro e Castanhal (PA), objetivando apoiar essas comunidades na compra, classificação e prensagem da juta. Além de pioneira na indústria têxtil mantinha posições de destaques nacional e internacionalmente.

O pioneirismo da Brasiljuta, comandada por seus gestores, tendo à frente o Dr. Mario Expedito Guerreiro e seus filhos, Dr. Mario Guerreiro, na Superintendência, Sebastião e Maury, na Administração, Dra. Maryon, na área de saúde, Dra. Maria Tereza, na  elaboração e execução de projetos de engenharia e arquitetura. Nessa equipe juntava-se Dr. Jorge Aon, Dr. Aldemir, Dr. Jandenir Sarmento, Dra. Wanda Marinho Alcântara, Dra. Carminha e tantos outros profissionais competentes que fizeram a Brasiljuta ser reconhecida na sociedade por empregar cerca de 2 mil empregados diretos e 8 mil indiretos, não só pela atividade fabril, mas pelos benefícios sociais concedidos a seus empregados, quando ainda não havia incentivos fiscais e nem obrigação de PPB advindos com  a Zona Franca de Manaus.

A visão estratégica e de liderança da Brasiljuta era além daquele momento, quando criou uma área de Recursos Humanos para a promoção e o desenvolvimento e bem estar dos profissionais.  Mantendo permanentemente programas de treinamentos em parceria com o Senai, programas de Educação Fundamental, da Alfabetização ao Supletivo em parceria com o Sesi e proporcionando  benefícios sociais integrados ao ambiente interno de trabalho com segurança, proteção e convivência saudável.

Importante destacar sobre os benefícios sociais que a Brasiljuta oferecia aos seus empregados que não deixavam nada a desejar aos das empresas multinacionais e de grandes grupos nacionais instalados hoje no PIM, senão vejamos:

Creches  internas para filhos no período de amamentação com enfermeiras e pediatras para cuidar das crianças. Poucas empresas mantêm creches em seu ambiente de trabalho atualmente. Optam por convênios e reembolsos.

Assistência médica, odontológica e ambulatorial, com consultórios  médicos e odontológicos, com dentistas atendendo diariamente assim como clínicos-gerais, pediatras e enfermeiras.

Cooperativa de Economia e Credito Mutuo própria, que oferecia assistência financeira subsidiada para facilitar despesas familiares e concretizar planos importantes. Hoje os Bancos assumiram esse beneficio com todas as taxas que o serviço exige.

Outros programas de benefícios diziam respeito a gestão de pessoal, como Politica Salarial, Promoção e Carreira, Alimentação e Centro de  Recreação, onde as programações culturais, esportivas e sociais  recuperavam o desgaste  da rotina de trabalho. Muitos talentos foram descobertos nos campeonatos e olimpíadas disputadas. A empresa conquistou um Operário Padrão Estadual e Nacional.

O Serviço Social era o grande orientador e facilitador dos sistemas de benefícios sociais. As Assistentes Sociais sempre muito prestigiadas e respeitadas pelas suas atividades que iam desde a questao profissional, pessoal, familiar e casos insolúveis.

Por toda essa história, que tive a honra de testemunhar e participar, na função de meu segundo estágio profissional e Meu Primeiro Emprego, não poderia deixar de registrar meu orgulho no retorno da Brasiljuta, agora como Brasjuta, numa Parceria Público-Privada (PPP),  inovando nos processos fabris e também renovando os ciclos de vida dos produtos têxteis.

De 1951 ate 1981, durante 30 anos, os sacos de “sarrapilha”, “estopa”, feitos de juta e malva eram os mais requisitados para embalar café, farinha, soja, grãos em geral e, no final de 1981, os sacos de polipropileno e rafia chegaram ao mercado como uma demanda de  melhor preço, melhor usabilidade e descartabilidade nos ramos de plásticos, como sacos, fita, fios e outros derivados.

Em 2011, mais de 30 anos depois, nasce a Brasjuta, para retomar seu lugar no mercado têxtil de melhor e mais correta embalagem para conservação e transportes de grãos e também para atender aos apelos do desenvolvimento sustentável, com matéria-prima orgânica  aproveitada em todas as suas fases.

Os sacos plásticos tiveram seu auge e seu uso, mas a natureza não aprovou, classificando-os como ecologicamente incorretos e aos poucos vão sendo substituídos por sacolas de panos ecológicas, por caixas de papelão, sacos de papel, e outras opções criativas.

Nesse cenário ressurge a sacaria de fibra (juta e malva), onde seu ciclo produtivo, além de incentivar a produção regional e cabocla,   consagra-se como símbolo da sobrevivência e do desenvolvimento sustentável do Amazonas e do Planeta.

A Brasiljuta era uma grande família, pois as gerações eram bem vindas, era comum ter pai, mãe, filhos, primos trabalhando na empresa, era uma prática incentivada na geração familiar de renda e emprego. Alguns exemplos, a família Queiroz, a família Gualberto, cuja arte de trabalhar com a fibra da juta e malva era repassada de pai para os filhos.

Parabéns ao Governo do Estado, à AFEAM, e à Família Guerreiro, cujo nome traduz toda a força, a energia e a fibra dos homens. Que a Brasjuta tenha sucesso e vida longa sustentável.

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova Nogueira é advogada e assistente social, com MBA em Gestão de Pessoas (FGV-ISA...

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24 comentários

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  1. Douglas Fernandes Barbosa disse:

    Boa tarde. Li sua reportagem e vi o nome de um antigo amigo, o Dr. Jorge Aon. Gostaria de encontrá-lo. Se alguém tiver o endereço ou telefone, favor entrar em contato.

    1. Zady disse:

      Sr. Douglas. Estou lendo este Maravilhoso Artigo da Ozeneide, apenas hoje. Fiz parte da família Brasiljuta, com muito orgulho.. e tive o Dr. Jorge Aon como meu padrinho de casamento. Digo tive, porque ele não está mais neste plano. Não sei se alguém respondeu para o senhor, mas o nosso querido Jorge Aon nos deixou já há alguns anos.
      Ozeneide, Parabéns pelo Artigo. Você conseguiu transmitir o sentimento de orgulho que sentimos por ter feito parte daquela família. Estou na torcida para que a Brasjuta tenha muito sucesso!

      1. ozeneide casanova disse:

        Zady, grata pelo retorno ao Sr. Douglas , eu tentei informações sobre o Seu Jorge Aon mas não consegui. Que Deus cuide bem dele, que era um ser humano especial.
        abs

    2. Luiza disse:

      Gostaria de saber se alguém aqui conheceu um homem chamado Raimundo…eu nao sei o sobre nome,mas era casado e tinha 4 filhas mulheres e ele foi namorado de minha mae na época.

  2. Rosalina Miranda Barros disse:

    Parabéns, pelo comentário de relevância da Nossa Querida, antiga Brasil Juta. Sou filha mais nova desta tao conceituada Empresa do passado. Estou muito emocionada com o comentaria feito pela minha amiga irma Ozeneide Casanova Nogueira, sobre o RETORNO DA NOVA FABRICA BRASJUTA.
    Parabéns a familia Guerreiro, Meu amado e Querido Padrinho de casamento Mario Expedito N Guerreiro e seus adorados filhos que tanto amo.

  3. James das chagas disse:

    Relembro com muita saudade dos bons tempos ,trabalhei na brasil juta em 1976;fui fiandeiro vendo esse comentario me veio a lembrança Sr Flavio,Luizão Luizinho Dinorá e tantos outros da epóca.

    1. Luiza disse:

      Vc nao conheceu um senhor chamado Raimundo

  4. Lucileide Ribeiro disse:

    Tive o prazer de ter trabalhado na Brasiljuta infelizmente já nos três últimos anos de sua força fabril, na realidade lá foi o meu 1º emprego, oportunidade me dada por Dona Joaquina que era Gerente de Recursos Humanos na época, saudades das colegas do Serviço Social Nelci, Aparecida, Madalena do setor de compras, dos nossos gerentes Leno e Maury e das saudosas Sandrinha e Dona Lucia do refeitório que já não estão mais entre nós fomos muito felizes! uma doce saudade de todos! E feliz pelo retorno da empresa que ainda pode fazer a felicidade de muitos trazendo nova área de trabalho em nossa cidade.

  5. Tive o prazer de ter trabalhado nesta empresa na superintendência na época Dr.Sturock e Dr.Elias Auca,1976 tempo bom entrei como boy e sair como controlador de qualidade,onde tinha como chefe o Sr.Juvenal o saudades.

  6. Rosalvo FRAZAO disse:

    PARABENS PELA VEICULAÇAO DA NOTICIA E BOM PARA MANAUS. DESTA FEITA SOLICITO AO AMIGO QUE INFORME A COMPOSIÇAO DO GRUPO FINANCEIRO QUE ERAM E SAO ATUAIS DA NOVA BRASILJUTA. GRATO PELA DEFERENCIA
    ROSALVO FRAZAO – 92-91227419

  7. Rosalvo FRAZAO disse:

    INFORME O NOME DOS COMPONENTES DO GRUPO FINANCEIRO QUE FORAM E OS ATUAIS. GRATO PELA DEFERENCIA ROSALVO FRAZAO

  8. Adriana Nogueira disse:

    Olá procuro por Raimundo Cardoso fez parte desse grupo em 1984

  9. Regina Coeli disse:

    Ola!Parabéns pela reportagem, apesar de ser criança na época lembrei dessa família com a qual convivi. Eu gostaria muito de reencontrar o próprio Dr.Mario e seu sobrinho meu meio irmão Leandro Guerreiro.

  10. Maria de Lourdes Oliveira disse:

    Comecei trabalhar na Brasiljuta aos 15 anos de idade, em 1965. É como foi dito nessa magnífica portagem, minha mãe trabalhava lá desde 1957 até 1965, primeiro na prensa depois como a primeira a fazer o café que era servido nos três turnos , minha irmã foi costureira de 1960 a 1966, eu entrei como embanhadeira, de 1965 a 1966 e depois tecelã. Senti grande alegria em ler esse texto e também muita saudade.

  11. Washington Ribeiro disse:

    Grande parte de minha família trabalhou na BRASIL JUTA, meu pai, tios, primos e amigos. Eu era criança, mas me lembro muito bem quando o relógio marcava 17:00 e a sirene para saída dos funcionário tocava. Centenas de pessoas ocupavam toda extensão da calçada que compreendia a frente da fabrica que era muito grande. Bons tempos aqueles…

  12. luiz passos disse:

    Boa tarde, trabalhei nessa conceituada empresa, com 14 anos de idade, aprendiz de empacotador na sacaria ,seu luis simoes era o encarregado , contra mestre joao cardoso , zequinha e aguinaldo meu irmao , isso em 1964 , algus anos fui promovido a contra mestre e logo em seguida emcarregado , fico emocionado quando lembro

  13. luiz passos disse:

    Como facio pra adiquerir um documento q comprovi q fui funcionario . A onde devo procurar.

    RESPOSTA
    Você deve procurar o Setor de Recursos Humanos da empresa onde você trabalhou.

  14. luiz passos disse:

    Fui fucionario da brasil juta , preciso de um documento q comprovi , a onde encontra o escritorio q posso pegar esse documento.

    RESPOSTA
    Lamento, mas não sei informá-lo onde fica o escritório dessa empresa.

  15. luiz passos disse:

    Informe se o escritorio da brasil juta ainda na presidente kenedy ,preciso de um documento .

  16. Maria de Lourdes Oliveira disse:

    Sr. Luiz Passos, o senhor encontrará o documento que precisa, na Junta Comercial do Estado do Amazonas, tendo em vista a Empresa Brasiljuta não mais existir. Mais toda a documentação referente aos empregados encontra-se na Junta Comercial. O senhor mesmo ou um Contador ou um advogado poderá adquirir o comprovante de que trabalhou e por quanto tempo na Empresa. Espero ter ajudado.

  17. Muitas vezes a ganancia dos lucros fáceis cega nossa visão do futuro e daí vai se a conta pela receita.
    Muitas vezes os efeitos “colaterais” são graves na natureza.
    Esta nova geração nem conhecem os produtos de fibra de juta e malva aos quais estávamos tão familiarizados.
    Sou de tendencia conservadorista e, quando cheguei na cidade de Manaus em 1989, fiquei triste com fim da tradicional firma J.G. de Araujo, só de saber que ela fazia parte da historia da cidade, Em 1992 eu estava em Roraima quando ouvi falar no fim da Brasiljuta.
    A Brasiljuta que se indentificava tão bem com a Manaus da segunda metade do séculoXX.
    Parabéns Brasjuta! Muito sucesso! São meus votos.

  18. Jaci Rodrigues iniciou nessa conceituada empresa,foi em 1966,como Office-boy época boa
    Com muitos colegas,final de semana lazer aos funcionários …saudades aí de Manaus.
    Fazend6apenas uma correção do ano trabalhado.

  19. odenil disse:

    A brasil Juta assinou minha carteira de trabalho, em janeiro de 1986, e me mandou embora em abril de 1986, por término de contrato, foi aí que percebi que tinha assinado em branco o contrato e na época não havia contrato temporário e não pagaram FGTS e nem costa na Rais para aposentadoria o que fazer?

    1. Luiza disse:

      Gostaria de saber se alguém aqui conheceu um homem chamado Raimundo…eu nao sei o sobre nome,mas era casado e tinha 4 filhas mulheres e ele foi namorado de minha mae na época.