Almino Afonso na Academia de Letras e na História do Amazonas

Almino Monteiro Álvares Affonso, 82, tomou posse dia 29/3/2011 na cadeira Nº 15 da Academia Amazonense de Letras, da qual é patrono o imortal Graça Aranha (fundador do modernismo brasileiro e baluarte da Semana de Arte Moderna). Almino é um dos homens mais ilustres do Brasil, um humaitaense vitorioso.

Foi ministro do Trabalho e da Previdência Social de João Goulart, o Jango, tendo participado intensamente daquele momento nacional difícil. Amargou o exílio, onde ficou 12 anos (Iugoslávia, Uruguai, Chile, Peru e Argentina) e de lá retornou para se tornar secretário do Governo Franco Montoro, em SP (1976), e vice-governador paulista, na chapa de Orestes Quércia.

Um de seus filhos, Sérgio Brito, integra a banda Titãs, onde é autor de sucessos como “Go Back”, “Marvin”, “Enquanto Houver Sol”, “Diversão”, “Homem Primata”, “Flores”, “Porque Eu Sei que é Amor”, “Nem Cinco Minutos Guardados”, “A Melhor Banda de Todos os Tempos da Última Semana”, “Epitáfio”, “Comida”, ”Miséria” e “Desordem”. Os outros filhos são Rui, Gláucia e Fábio.

A história de Almino tem muitos momentos importantes, pouco lembrados e que merecem atenção especial dos amazonenses.

O da ação parlamentar que o tornou um dos “pais” da energia elétrica em Manaus é impagável.

Manaus se tornou a “Paris das Selvas”, no Período Áureo da Borracha”, porque foi a primeira cidade brasileira a ter iluminação pública. Depois, com o fim do fausto, até isso se acabou. Era impensável atrair a atenção do Governo Federal para colocar “no meio do nada”, como diria o Thomas da banda Restart, a montanha de dinheiro necessária para construir uma usina termelétrica e voltar a iluminar a cidade.

O nascimento da CEM

Almino, deputado federal, uniu-se ao colega da bancada amazonense Arthur Virgílio Filho (pai do senador Arthur Virgílio Neto) e traçou uma estratégia. Cada parlamentar tinha direito a 5 minutos na tribuna para defender cada emenda ao Orçamento Federal. E eles passaram dias e noites fazendo emendas, de todos os lados. Foram tantas que, no dia da sessão, os dois se revezaram na tribuna e praticamente monopolizaram a sessão.

O então presidente da Câmara Federal, Ranieri Mazzilli (que assumiu a presidência nas crises da renúncia de Jânio Quadros e do golpe de 1964), percebeu a manobra, viu que a sessão seria interminável e chamou os dois para conversar. Eles disseram que só parariam se fosse incluído no orçamento o dinheiro para a termelétrica de Manaus. Vamos chutar um valor? Cem milhões de cruzeiros. Ranieri disse que aquilo era impossível. Os dois fincaram pé. Entrou na história ministro da Fazenda e até Presidente da República. Ficou acertado, no final, que seriam liberados 50 milhões no primeiro ano e outros 50 no ano seguinte. E assim nasceu a Centrais Elétricas de Manaus (CEM), antecessora da Manaus Energia e da Amazonas Energia.

Almino e Arthur Filho (falecido) viveram muitas histórias em comum. Rivalizavam na oratória. Quando Almino voltou a Manaus, após concluir o curso de Direito na USP, encontrou dificuldade para reconquistar espaço político. Os dois, por insistência de Arthur, se candidataram a deputado federal e a amizade prevaleceu sobre a disputa dos votos: Virgílio, uma liderança política ascendente, o levou a todos os comícios e pediu voto para o amigo. Ambos se elegeram.

Almino Afonso é uma “paisagem desbotada na memória/ das nossas novas gerações”, como diria Chico Buarque de Holanda. Daqui, meu respeito e minha admiração por ele.

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3 comentários

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  1. ONILDO ELIAS DE CASTRO LIMA disse:

    Belíssimo homenagem ao amazonense Almino Affonso. Lembro dele nos anos 50/60 como grande orador e político. Parabéns Marcos Santos.

  2. ninita maria dos santos disse:

    ele merece muito mais pois é um dos políticos mais honestos que conheço. Espero que voces jornalistas nunca esqueçam dele

  3. SERGIO SUFI disse:

    A Ponte e a Fila – A História de um Filho da Puta Honesto

    DISPONIVEL NO SITE DA LIVRARIA E SARAIVA E CURITIBA

    Resumo
    O grau de honestidade, de certa forma, sempre foi tratado como um tabu. A esperança em encontrá-lo de forma satisfatória nas outras pessoas é o que fazem alguns não enterra-lo dentro de si próprio de uma vez por todas.Ninguém quer ser vitima dos desonestos, mas, às vezes, fazem vitimas para os iguais.
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    Autor

    Sufi, Sergio

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    Em nossa contemporaneidade, mas no passado distante, Laura Santos, uma órfã abandonada no portão de um convento, ainda bebê recém-nascido, foi encontrada pela irmã Sofia, uma freira, que com a ajuda de outras irmãs a criou e a educou dentro dos princípios cristãos. Aos seus dezessete anos, em uma investida de caridade, Laura conheceu Rebeca, uma drogada, interna em um hospício. Laura, em sua ingenuidade, achou ter encontrado uma amiga, porém, Rebeca a desvirtuou dos caminhos e das práticas cristã, levando-a à prostituição. Já pós-Balzaquiana, e conhecendo os dois lados da vida, resolve dar um sentido à sua existência, concebendo um filho e ensinando-o, na sua concepção, o lado mais compensador da vida, pela sua experiência. O certo é que o menino foi aprimorado e se tornou o filho de uma puta honesto! Mas, mesmo na fase adulta, seus empreendimentos eram escassos. Formado em história, vivia conspirando contra a própria história da humanidade; sempre reinventava interpretações, que embora lógicas, não tinha como prová-las. Nos fatos históricos, que podiam ser temperados com profecias, para cada acontecimento, como marco na humanidade, criava hipóteses em forma de teorias, que ele norteava como certa, ainda mais quando essas podiam ser recheadas de algo divino, nestes acontecimentos. Quando perde a mãe por uma doença terrível, desenvolve em si um estado de inércia que nada parecia ter a menor importância. Assim, algo extremamente cotidiano o desperta para vida. Então, resolve ser um político, como forma de ocupar-se e trazer um novo sentido para a sua existência. E daí? Um filho duma puta honesto ele conseguiu ser! E agora como político! Será que ele conseguirá ser um político honesto? Esta é a historia de A Ponte e a Fila!
    Informação Adicional
    Autor Sufi, Sergio
    ISBN 978-85-7923-251-0
    Páginas 243