O inferno astral dos portos em Manaus

Porto parece ser uma palavra cabalística em Manaus. Primeiro, oferecendo investimento privado de R$ 280 milhões, a Log-In e a Juma Participações iniciaram o processo de construção do Porto das Lajes. Pássaros, botos e toda a fauna aquática, aérea e terrestre se voltaram contra. Até o Encontro das Águas se mexe, de um lado para o outro, tentando impedir o empreendimento. Aí as forças telúricas se soltaram.

O Roadway foi interditado pela Capitania dos Portos, que descobriu ferrugem em algumas correntes que tiveram contato com a água (sic). Disseram que havia risco para os navios que atracassem no local, principalmente os transatlânticos de cruzeiro turístico. Atracou um, atracaram dois, por força de liminares, nada aconteceu, mas a interdição continua.

Depois, o Super Terminais, com o slogan de “O terminal privativo mais moderno do Brasil”, literalmente, fez água. Soldas da balsa de atracação se soltaram, as escotilhas de inspeção estavam abertas e o porto inundou, com um cargueiro da Aliança atracado. As amarras tiveram que ser cortadas. Engenheiros e soldadores da Bertolini, em ação de emergência, foram convocados, conseguiram superar o problema e o porto voltou a funcionar.

Veio em seguida o fatídico deslizamento de terras no porto Chibatão, que ameaça levar o Natal e repercutir até fevereiro ou março do ano que vem. Ouvi especialista dizendo que só o Super Terminais e a Bertolini não serão capazes de escoar a carga do Distrito Industrial – motos, TVs, bicicletas etc. etc. – para o Natal do Brasil inteiro e o resultado será que, com pátios lotados, as fábricas terão que parar no início do ano que vem. Seria um apagão logístico muitas vezes pior que o ocorrido no aeroporto Eduardo Gomes, entre março e abril deste ano.

O porto do Demétrio, que escoa cargas regionais, também está fechado.

O tomate subiu de R$ 2, o quilo, na Manaus Moderna, para R$ 5. É um sintoma, mas ou alguém com força política começa a pensar a questão logística no Amazonas, sistemática e tecnicamente, ou vamos caminhar para o desabastecimento. E se em Manaus pode ser assim, imagine o que será de nossos irmãos do interior, flagelados pela vazante.

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Comentários

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  1. dodo carvalho disse:

    Marcos,parabéns, seu comentario muito apropriado para momento que o Amazonas vem sofrendo uma grande dificuldade escoar e receber carga.

  2. Xico Branco disse:

    É Marcos, saídas temos e muitas: A BR 174 por exemplo, e por que não, junto a esta, uma ferrovia para escoamento de cargas? Um porto moderno e estruturado num local que não fira o meio ambiente. Ou seja, falta visão política e, pricipalmente, coragem de muitos para desatrelar de uns poucos essa nossa logística de baralho. Manaus cresceu e alguns setores não se atentaram disso, ou preferiram atentar contra. Concentrar toda logística de nossas fábricas dessa forma é um atentado contra nosso crescimento e contra nossa imagem mundo afora. Essa é minha opinião!

  3. l menezes disse:

    é brincadeira, a carga e descarga de quase a totalidade da produção industrial do PIM, ficar na mão de um tal de passarão, estamos realmente ainda numa provincia…

  4. Marco Antonio Marinho disse:

    Parabéns Marcos Santos.
    Realmente é inadimiscível quase a totalidade de nossa logística de cabotagem, está vinculada e dependente de um só porto que, inclusive, foi “legalizado” sem qualquer estudo técnico ou licença que qualificasse o seu funcionamento.
    Não podemos, nem devemos ficar a mercê dessa situação. Temos muitos quilômetros de orla marítima, onde, certamente, haverá um local que ofereça condições legais para construção de um novo porto de cargas para nossa cidade.

  5. Paolo Augusto P Filho disse:

    Caro Marco Santos,
    O quadro geral pode ainda ficar mais complicado, já imaginastes uma greve dos funcionários do Porto Chibatão ( temerosos por seus empregos)bloqueando o acesso aos dois terminais? – “o pior de todos os medos” seria um bom nome para esse filme de horror.

  6. jonatas disse:

    PARABENS MARCOS.
    ATÉ QUE ENFIM ALGUEM TEVE A CORAGEM DE FALAR SOBRE ESTE MONOPOLIO FALIDO – PORTO CHIBATÃO – GANÃNCIA CORRUPÇÃO E TUDO QUE ATRASA FOI DE AGUAS ABAIXO.
    OS MESMOS TECNICOS AMBIENTAIS QUE REPROVARAM A BR-319 E O PORTO DAS LAJES VISERAM VISTA GROSSA PRO CHIBATÃO E PASSARÃO QUE TUDO É A MESMA COISA – ATRASO.
    O POLO INDUSTRIAL NÃO PODE FICAR A MERCÊ DESSES CARAS PELO AMOR DE DEUS.
    O POVO DO LAGO DO ALEIXO VAI CONTINUAR AMARGANDO A POBREZA SERVINDO DE MARIONETES PARA O EMPRESÁRIO PASSARÃO FAZER SUAS MANIFESTAÇÕES CONTRA QUALQUER OUTRO GRUPO QUE QUEIRA MODERNIZAR OS PORTOS EM MANAUS.
    PORTO DAS LAGES OU PARANÁ DA EVA OU PURAQUEQUARA JÁ.

  7. Ulisses da Silva disse:

    Todo mundo sabe que a maracutaia graça em todos os aspectos de fiscalização do poder público. E Eu duvido que o porto do passarão foi mais um empreendimento com ajudinha de cegos funcionários fiscalizadores? Vamos de mal a pior em nossa capacidade logística. Mas Passarão passará.