Irmãs vicentinas levam parte da alma de Parintins

Custo a acreditar, mas o Colégio Nossa Senhora do Carmo, uma instituição basilar da educação no interior do Amazonas, está perdendo as irmãs vicentinas. Elas estão indo embora de Parintins, após 50 anos, em busca de outro local onde haja necessidade de sua dedicação vocacionada.Ouço, quase todos os dias, indagações sobre qual o segredo para tanta coisa que acontece em Parintins. O boi bumbá – por mais que alguns intelectualóides discordem – vai abrindo horizontes, expondo contradições, permitindo ousadias; as escolas da cidade conquistam posições cada vez mais destacadas nas avaliações do Enem. A Ilha Tupinambarana, enfim, exibe um brilho especial e enche de orgulho a todos nós, filhos da terra.
Pois bem, sabem onde surgiu o espírito competitivo da cidade? Na qualidade da educação, no envolvimento dos jovens e na religiosidade dos colégios Batista e Nossa Senhora do Carmo.
Você até podia fazer o Ensino Fundamental nos colégios da rede pública, mas quando chegava no Ensino Médio (ou 2º Grau), Batista ou NS do Carmo eram inevitáveis. E, com isso, a disputa entre times de futebol, vôlei, handebol e até de fanfarras, no 7 de Setembro.
Logo, os líderes das fanfarras dos dois colégios davam um jeito de convencer as irmãs e o pastor Eduardo França Lessa para levar os tambores para os campos de futebol e torcer por Amazonas x Sul América ou, em seguida, por Caprichoso e Garantido.
Quando o pastor Lessa morreu, até muitos católicos choraram. Ia embora uma parte da alma parintinense. Agora, com a partida das irmãs vicentinas, não sei como será. Tudo bem, o colégio permanecerá, mas como alguma coisa permanece sem o espírito?
Tomara que os esforços em andamento – os pedidos do bispo Dom Giuliani Frigeni e uma missão de professoras que tenta amolecer o coração endurecido da madre superiora vicentina – consigam reverter a situação. Ou que a estrutura moral e educacional por elas oferecida nos seja suficiente para, ao lado do legado do pastor Lessa, garantir o futuro de nossa terra.
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Comentários

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  1. Carlos Valente disse:

    Marcus e todos os Parintinenses.

    Outro dia eu estava conversando com alguns amigos, após uma partida de futebol SUB – 40 (Pós-Master) e um membro da rodada me instigou sobre uma palavra e seu significado.
    Imediatamente eu parti pra cima e disse a ele que no meu currículo, uma dos ítens mais importantes é ter estudado no melhor colégio do Amazonas (naqueles dias, a imprensa tinha divulgado a classificação do Colégio NS do Carmo como a melhor pontuação do Estado).
    Surpreso, porque o colega é oriundo de uma família tradicional de Manaus e nunca tinha me visto em nenhuma escola onde ele estudara, me perguntou se era no D. Bosco, Christus, ETFA etc.
    Eu, solenemente, lhe disse que estas escolas e outras citadas, eram boas, mas a melhor ou a “mais melhor”, como pavulamente alguns podem redundar, era e é o Colégio NS do Carmo que, juntamente com o Colégio Batista (do saudoso Professor Lessa – para quem o papai fornecia refeições quando ele chegou a Parintins), são o exemplo para a educação e a transmissão de conhecimentos para qualquer sistema de ensino que pretenda ser de qualidade e de bons resultados.
    Coloquei esta ilustração como forma de dizer às pessoas que tiveram a infeliz idéia, talvez a maior de suas vidas, que o Colégio NS do Carmo não se manterá em pé, em plenitude, sem as sucessoras da Irmã Sá (nossa eterna diretora e Madre Superiora), Irmã Cristiane, Irmã Regina (com quem aprendemos a conhecer Carlos Drumond, Guimarães Rosa, Manoel Bandeira etc.), Irmã Letícia, Irmã Margarida (com quem aprendemos a distinguir um cabo de uma península, orientação pelo sol, pela lua e pelas estrelas), Irmã Inês, Irmã Zoê (e suas aulas de canto), Irmão Bruno (hoje) e suas aulas de religião, Irmã Jane e tantas outras que em meus 50.0 – turbinado –, já estão armazenados em meu back up.
    É Marcos, parece que a história se repetirá como cantava o “grande” cancioneiro popular : MAS TUDO PASSA TUDO PAAAASSARÁ E NADA FICA NADA FIIIIICARÁ.

    SE EFETIVAMENTE ESSE DESASTRE ACONTECER, SÓ NOS CABERÁ LAMENTAR AGORA E PARA SEMPRE.

    Carlos Valente (Engenheiro, Administrador, Pós-Graduado(2), Parintinense, torcedor do Amazonas Esporte Clube e do Garantido e com todo orgulho e pavulagem …..aluno do Colégio N. Senhora do Carmo)

    P.S.
    Colégio N.S. do Carmo, és oásis do saber e do amor,
    Bendita a formação que recebemos…
    (estas são as primeiras estrófes do hino do Colégio que eu aprendi em 1970 e nunca mais esquecí)
    Que a decisão que há de vir não mate o OÁSIS DE SABER E DE AMOR dos Parintinenses.

  2. Luciano Viana disse:

    ”…SAUDEMOS O COLÉGIO TÃO QUERIDO, EXALTANDO O SEU IMORTAL…” isto nunca morrerá. Esperamos um final feliz nesta novela da vida real.

    sds

    Luciano

  3. Luiz de Sena Rocha Neto disse:

    Caro Marcos Santos:

    Hoje dia 30/04/2010 acordei saudoso do Nosso Colégio N.S do Carmo. Pesquisei o telefone “de lá”. Ache, liguei e perguntei pela irmã Clarissa e péla Irmã ÇLídia Vicentini.

    Fiquei sabendo que a Irmã Lídia ainda é viva e vou encontrá-la.

    Fiquei sabendo, também, dessa notícia do abandono ou da saída da irmandade da direção do tão Nobre Colégio.

    Estudei no N.S.do Carmo de 1975 a 1979. Lá fui sabatinado pela Irmã Clarrissa, excelente professora da língua portuguesa. Fui empregado da Fabriljuta. Saí da empresa para assumir no Banco da Amazônia. Graças às aulas da Irmã Clarissa, do professor “Palito” e muitos outros, fiz o concurso do BASA e passei em 4º lugar.

    O básico da Contabilidade eu aprendi naquele Nobre Colégio. Profissão que exerço até hoje, já como Contador.

    Hoje, sou aposentado. Sou muito grato àqueles dedicados professores.

    Não vai demorar muito, vou voltar lá para ver os amigos que deixei em Parintins.

    Eu lembro de você Marcos Santos. Um abraço.

  4. Jaime gatenha Ferreir Filho disse:

    É com grata satisfação que leio estas histórias de vidas contadas pelos meus conterrâneos parintinenses, pois tenho orgulho de ter estudado no Colégio Nossa Senhora do Carmo e posso dizer que nos dias de hoje nos deixam saudades daquele tempo em que a educação era levado a sério com a doação de pessoas que tinha em suas veias o dom do saber e procuravam transmitir aos alunos todo o seu conhecimento, formando homens que hoje trilham por caminhos nobres da sebedoria e diginidade.