Um thriller policial, com nuances políticas, corporativismo, apreensão de droga e morte. O policial rodoviário federal Ivo Seixas Rodrigues, 46, foi morto a tiros. Policiais da equipe do delegado Paulo Henrique Thomaz (Paulo Bahia) o mataram. Ivo era lotado na Polícia Rodoviária Federal do Amazonas (PRF-AM). Isso ocorreu na madrugada de sábado (07/04) para domingo. A partir daí se deu a repercussão que mobiliza as polícias Rodoviária, Federal e Civil em Roraima.
O Portal do Marcos Santos apurou as seguintes versões:
Versão da polícia
Paulo Bahia e equipe são de Mucajaí (RR), a 55km de Boa Vista, e estavam perseguindo um suspeito. Ele bateu o carro contra a viatura dos policiais, mas foi preso. Tratava-se de João Pedro Assunção Araújo, 23, que estava com 19kg de maconha tipo skunk. Confessou que recebeu a droga no aeroporto e entregaria no hotel para alguém com a descrição de Ivo Seixas.
Os policiais chegaram ao hotel e Ivo, ao ver a movimentação, teria saído ao corredor. Foi dada voz de prisão. Só depois de alvejado, ele teria se identificado como policial rodoviário federal. Chegou a ser levado ao Hospital de Roraima e não resistiu aos ferimentos.
Versão da família e PRF
A família de Ivo, cujo corpo chegou nesta terça (09/04) a Manaus, afirma que ele estava visitando uma amiga. E que jamais teve qualquer envolvimento com droga.
A mãe de João Pedro, o delator, é a jornalista Daniella Assunção. Ela é assessora do deputado estadual George Melo (PSDC) e do deputado federal Hiran Gonçalves (PP). Os dois fazem oposição à governadora Suely Campos e ela já foi intimada na polícia por postagens oposicionistas no FaceBook.
João Pedro é reincidente e cumpre pena por tráfico em Pacaraima (RR). O juiz Bruno Fernando Alves da Costa confirmou a prisão dele na audiência de custódia, domingo (08/04).
Equipe de Paulo Bahia filmou tudo
Um vídeo de toda a ação que resultou na morte do policial seria a grande arma de defesa do delegado Paulo Bahia e equipe. “Ele tem boa reputação entre os delegados de Roraima e todos estão tranquilos”, disse um policial.
A Polícia Rodoviária Federal de Roraima emitiu nota afirmando que acompanha tudo e a Polícia Federal está investigando. “A instituição acompanha o caso e está comprometida com a total elucidação dos fatos. Em conjunto com a Polícia Federal (PF) está trabalhando para o rápido esclarecimento da ocorrência”, diz a nota.
Eu estava hospedado no hotel Lua Nova, na Avenida Benjamin Constant, nas vésperas do ocorrido desta tragédia lá dentro. Eu fiz o checkout no sábado ao meio-dia. Na sexta-feira à noite, por volta das 22hs., eu estacionei o meu carro ao lado de um veículo cor cinza escuro, não lembro a marca, parecia seminovo, e dentro dele havia um casal se beijando; não fiquei encarando os dois, mas vi que era uma mulher de cabelo claro curto, acho que meio loiro, na casa de uns de 30-38 anos, mas não vi o rosto… vi de costas, e o beijo dos dois foi longo; um beijo bem apaixonado. Desci do carro e minutos depois o rapaz (este que foi assassinado) passou por nós na recepção e nos cumprimentou com um discreto sorriso, muito simpático disse boa noite para mim, o vigia, e mais uma outra pessoa que lá estava hospedada. Quando retornei na semana seguinte e me hospedei no Lua Nova Hotel, fiquei sabendo do ocorrido pelos funcionários e quando me mostraram o jornais com a matéria jornalística, fiquei estarrecido ao ver a foto do rapaz barbudo, o mesmo do beijo com a garota. Lamento que isso tenha ocorrido. Uma fatalidade infeliz. Uma tragédia, e que as investigações continuem para elucidar o caso. Eu sinceramente acho que o rapaz foi confundido com o possível traficante, e uma sequência de erros levou ao seu assassinato. Apesar de parecer bem mal encarado, o tal rapaz barbudo parecia simpático; estava em uma moto vintage (vi quando passou e mexe nela estacionada na porta do hotel), e pelo visto ele – o PRF – deve ter vindo para se encontrar com a tal garota. Parecia um beijo bem apaixonado. Nenhum traficante vai ficar de namorico em porta de hotel dentro de carro… pois a meta é traficar e não ter um romance. Aliás, como pode um condenado por tráfico, como este marginal filho da jornalista, mesmo condenado em Pacaraima ficar livre e solto e ainda traficando drogas? Isso está muito errado. São essas escapadas ou falhas da justiça (ou do sistema) que causam tragédias. Creio também que a equipe de policiais civis estava bem focada em prender a quadrilha, os traficantes, e essa obsessão pode ter levado a falhas e a um assassinato por erros de abordagem. Eu tirei fotos da porta do quarto 117 onde o tal Ivo foi morto. Há três buracos de balas. Foram tiros de fora para dentro do quarto. Tudo indica que quem abriu a porta (o Ivo), ao se deparar com os homens do lado de fora (descaracterizados, imagino), deve ter tentado fechar a porta e foi alvejado. As balas atravessaram a porta e acertaram a cama e parede… muito triste ver uma cena posterior de crime. O quarto 117 já estava devidamente limpo, sem manchas de sangue. Lamento muito pela família do policial e peço prudência aos policiais em suas abordagens. Fico pensando que poderia ter sido eu ou qualquer outra pessoa de bem, tal como o Ivo, morto por uma fatalidade infeliz.