Intervenção do Exército e recusa de vídeo na arbitragem do futebol brasileiro. O que uma tem a ver com outra?

Intervenção do Exército e recusa de vídeo na arbitragem

Intervenção do Exército e recusa de vídeo na arbitragem do futebol brasileiro só mostra o quanto a sociedade fracassa em valores éticos

O Exército Brasileiro está às portas dos morros do Rio de Janeiro. A intervenção é a prova cabal da falência das instituições cariocas. Em outra frente, 12 dos 20 clubes da Série A recusaram o árbitro de vídeo. O futebol brasileiro diz não ao fim da compra de arbitragem e das maracutaias que fazem campeões na tora. A relação entre uma coisa e outra tem a ver com terceiro viés: as eleições no Amazonas. Os mesmos princípios podem fazer com que o Estado caia de vez em inanição. Basta repetir os últimos e óbvios fracassos administrativos dos eleitos para dirigir os amazonenses.

Exército é soberania nacional. É a última defesa. Os comandados do general Braga Netto, agora chefe da segurança no Rio de Janeiro, não podem fracassar. E, se fracassarem, qual recurso restará à sociedade?

A situação é tão melindrosa que o Exército tem o desafio de encontrar a medida certa para a atuação no RJ. Se usar força demais pode provocar uma guerra civil, espalhada pelos demais Estados. O crime, afinal, está organizado em todo o País. Usando força de menos corre o risco de fracassar. Seria a derrocada da mais importante linha de defesa do povo brasileiro.

A pergunta que não quer calar é como foi possível as autoridades deixarem chegar nesse ponto? Comece lembrando da prisão do governador Sérgio Cabral. Rememore que a polícia encontrou, em um apartamento ao lado do restaurante Antiquárius, milhões e milhões em espécie. Era um apartamento-cofre. Era tanto dinheiro que a devolução dele ao Estado do Rio permitiu o pagamento de aposentados e pensionistas. Eles estavam há meses sem receber.

Esse tipo de criminoso continua circulando por aí. Há Sérgio Cabral por todo lado. Ele é inerente ao “jeitinho brasileiro”? Não. É permitido por ele.

Jeitinho que, de vez em quando, se faz explícito, canalha, covarde, cínico. Doze dos 20 clubes da Série A derrubaram o árbitro de vídeo no futebol brasileiro. Não quiseram perder R$ 1 milhão do faturamento anual para bancar os custos. E quanto custa pagar um árbitro para marcar um pênalti que não existiu e só ele viu? E o valor do sofrimento do torcedor?

Veja, para sua informação, como votaram os clubes brasileiros:

A favor: Flamengo, Botafogo, Bahia, Chapecoense, Palmeiras, Grêmio e Internacional.

Contra: Corinthians, Santos, América-MG, Cruzeiro, Atlético-MG, Atlético-PR, Paraná, Vasco, Fluminense, Sport, Vitória e Ceará.

Não votou: São Paulo (o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva tinha ido embora no momento dessa votação).

(Fonte: Globo Esporte).

O futebol brasileiro ainda não entendeu o quanto perde por manobras assim. Na Europa, o jogador cai-cai é vaiado pelo estádio inteiro. O que faz cera é punido imediatamente pelo juiz. E, mesmo com o time ganhando, todos os jogadores correm para repor a bola em jogo. Eles já entenderam que estão fazendo um espetáculo e o show não pode parar. Já imaginou Roberto Carlos parando no meio de “Detalhes”? Ou Fernando Montenegro parando a peça para descansar? Isso não existe. A malandragem está cada vez mais restrita ao futebol brasileiro e, no máximo, de alguns países latinos.

A malandragem, esperta, vai criando “fórmulas” para se dar bem.

O Amazonas está vendo a fórmula de fabricar governantes se repetindo. Não há, no meio político, nenhum movimento tentando premiar o gestor, o realizador, o comprometido com a coisa pública. A orquestra toca no sentido de não perder. Ou de abafar o novo, a alternativa.

O resultado é que, há anos, nenhuma obra nova se faz no Amazonas. A duplicação da rodovia AM-070 (Manaus-Manacapuru), onde já foi gasto um dinheirão, está paralisada bem na metade. Virou um símbolo da falta de compromisso administrativo, da má gestão. A estrada segue duplicada, decente, bem asfaltada e com drenagem funcionando e, de repente, cai numa buraqueira infernal.

Mais à frente, na rodovia Manacapuru-Novo Airão, uma placa fala das belezas do Município às portas do arquipélago das Anavilhanas. Não há dúvida quanto à beleza de Novo Airão. Muitos empresários estão enterrando fortunas para fazer turismo naquela cidade. Mas faltou acrescentar, naquela placa que recomenda a cidade: “Chegue lá se for capaz”. É que os buracos não deixam. Mais um pouco e a estrada não poderá mais ser recuperada. Terá que ser reconstruída.

Isso tudo é derivado daquele gesto original: o voto. Que novamente será exigido em 2018. Aí pense que o Exército precisou intervir no Rio de Janeiro porque os cariocas votaram errado. E que você vai continuar se esgoelando para esculachar o árbitro na frente da TV. Enquanto os ingleses já param tudo e veem o vídeo para esclarecer o lance.

Fique com bastante raiva. Deixe fluir a revolta. E então vote como cidadão indignado, revoltado e disposto a fazer um Amazonas melhor. Tem tudo para dar certo.

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