Jorge Tufic morre aos 88 anos. Personalidades do AM lamentam a perda do último membro do Clube da Madrugada

Tufic nasceu em Sena Madureira, no estado do Acre, no dia 13 de agosto de 1930. Foto: Divulgação

Morreu nesta quarta-feira (14), em São Paulo, Jorge Tufic Alaúzo, poeta, jornalista e autor da letra do Hino do Amazonas. Nascido no interior do Acre em 1930, Tufic foi membro da Academia Amazonense de Letras e publicou inúmeros livros.

Desde 1969, Tufic ocupava a cadeira de nº 18 da Academia Amazonense de Letras, que tem como patrono o poeta Jonas da Silva. Dentre os livros publicados por Jorge Tufic estão “Varanda de pássaros”, “Chão sem mácula”, “Retrato de Mãe” e “Quando as noites voavam”.

Repercussão

Amazonino Mendes – Governador do Amazonas

O governador do Estado, Amazonino Mendes, lamentou o falecimento do jornalista, escritor e membro da Academia Amazonense de Letras Jorge Tufic, por meio de nota. O governador ressaltou que o Amazonas perdeu um grande intelectual, que entre outras obras criou a letra do Hino do Amazonas, além de ter sido um dos fundadores do Clube da Madrugada, de onde surgiram os mais ilustres escritores amazonenses.

Amazonino destacou que, apesar de Jorge Tufic não ter nascido no Amazonas, desenvolveu toda a sua profícua carreira no Amazonas, legando à literatura amazonense obras como “Varanda de pássaros”, “Chão sem mácula”, “Retrato de Mãe” e “Quando as noites voavam”.

Arthur Virgílio Neto – Prefeito de Manaus

O prefeito Arthur Virgílio Neto, por meio de nota lamentou profundamente e se solidariza com a família e amigos do poeta e jornalista Jorge Tufic. Arthur  e a primeira-dama do município e presidente do Fundo Manaus Solidária, Elisabeth Valeiko Ribeiro, reiteram que Jorge Tufic imortalizou sua obra em Manaus e no Amazonas.

“Jorge Tufic era meu amigo e confrade na Academia Amazonense de Letras, além de ter sido um grande amigo de meu pai, Arthur Virgílio Filho. Todas as homenagens são necessárias para nos despedirmos de alguém tão grandioso quanto ele”, disse o prefeito.

Pelo falecimento, a Prefeitura de Manaus decreta, por meio da Casa Civil, luto oficial de três dias. “A sociedade amazonense e brasileira perdeu um dos melhores nomes da nossa literatura. Tufic era querido e respeitado por todos por sua trajetória. Minha solidariedade aos familiares e amigos”, destacou o secretário-chefe da Casa Civil Municipal, Arthur Virgílio Bisneto.

Zemaria Pinto – Escritor e membro da Academia Amazonense de Letras

O escritor, poeta e amigo Zemaria Pinto disse que não gosta de falar de perdas, mas sim de ganhos, pois ele ressalta que “nós ganhamos a obra do Tufic que é singular para compreensão da própria literatura amazonense. Ele sempre esteve a frente do Clube da Madrugada e é o último dos fundadores do clube que partiu”.

Zemaria contou ainda que Tufic sempre esteve ativo. “Sempre produzindo muito. Um fato interessante é que quando ele teve um problema no braço e já não conseguia escrever, tentou tanto que reaprendeu a escrever e nunca mais parou”.

Tufic na AAL. Foto: Reprodução

Dori Carvalho – Poeta

O poeta Dori Carvalho disse que perdemos um grande poeta e um ser humano singular. “Acreano de nascimento, cearense de aposentadoria e amazonense de coração e poesia”.

Dori ainda mandou um poema de Tufic.

TESTAMENTO
Jorge Tufic

Deixo-te as latas vazias
de um porre sem vinho;
deixo-te o abrigo
das pontes,
as sílabas do musgo,
a fúria de meus sapatos.

Deixo-te ainda
a minha radiografia:
o vão que fui
entre duas costelas.

http://jorge-tufic.blogspot.com.br

Ana Peixoto – Escritora amazonense

A autora de livros infantis Ana peixoto, estava fora de Manaus e quando soube lamentou profundamente a situação. ” Perdemos uma estrela da literatura brasileira. Nosso grande escritor, poeta e também letrista do hino oficial do Estado do Amazonas, Jorge Tufic era um ser humano incrível. Que Deus conforte a família”.

Sérgio Freire – professor da UFAM

Para Sérgio Freire, professor da UFAM do curso de Letras, a perda de Tufic deve ser lamentada por tudo o que ele significa para literatura e a poesia amazonense.  “Sua presença no Clube da Madrugada, movimento que marcou a cena literária de Manaus, precisa ser lembrada sempre. Toda vez que morre um poeta, o mundo fica mais triste”.

Biografia

Tufic nasceu em Sena Madureira, no estado do Acre, no dia 13 de agosto de 1930. Iniciou seus estudos na própria cidade acreana, transferindo-se posteriormente para Manaus. Na capital amazonense fez várias conferências literárias e foi membro fundador efetivo de entidades culturais como o Clube da Madrugada, a Academia Amazonense de Letras (desde 1969), União Brasileira de Escritores (Seção do Amazonas) e Conselho Estadual de Cultura. Autor de livros diversos, em 1976, foi agraciado com o diploma “O Poeta do Ano”, prêmio concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas, em reconhecimento a sua vasta e intensa atividade literária. Em sua trajetória, destaque para o trabalho como autor da letra do Hino do Amazonas.

Livros

Poesia: Varanda de pássaros, 1956; Pequena antologia madrugada, 1958; Chão sem mácula, 1966; Faturação do ócio, 1974; Cordelim de alfarrábios, 1979; Os mitos da criação e outros poemas, 1980; Sagapanema, 1981; Oficina de textos, 1982; Poesia reunida, 1987; Retrato da mãe, 1995; Boléka, a onça invisível do universo, 1995. Conto: O outro lado do rio das lágrimas, 1976. Ensaio: Existe uma literatura amazonense, 1982; Roteiro da literatura amazonense, 1983. Crônica: Tio José, 1976. Memória: A casa do tempo, 1987.

 

Bruna Chagas

Reportagem e edição

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