DRCO rastreia novos serviços do crime organizado para lavagem de dinheiro do tráfico e facções

Durante operações e nas investigações, DRCO identifica novos serviços e formas de lavagem do dinheiro do tráfico. Fotos: Divulgação

Com mais de 1.300 kg de drogas apreendidas só no início de 2018, superando os números do ano passado, o combate ao crime organizado vai focar cada vez mais em inteligência e em buscar secar as fontes financeiras que abastecem o tráfico e grupos criminosos.

Para o diretor do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) da Polícia Civil, delegado Guilherme Torres, rastrear os caminhos do dinheiro e as formas de lavagem de dinheiro são ações para minar o poder de traficantes, organizações e facções.

Rotas e volumes

“Além de atuarmos junto às operações integradas, este ano tivemos mais de 30, procuramos, com a investigação e a estrutura da inteligência, ir além das apreensões. É preciso combater a fonte que abastece as rotas do tráfico. Mesmo com a droga fora do mercado, o dinheiro continua abastecendo os grupos. Vamos atuar para rastrear esses volumes e buscar apreender”, fala Torres, em entrevista ao Portal Marcos Santos.

Uma das fontes descobertas durante a Operação Pacificador é um gênero de lavagem de dinheiro onde quem comanda o tráfico faz versões de empréstimo consignado. Na ação, a polícia apreendeu uma grande quantidade de cartões de banco e até do Bolsa Família: “É a forma de quem empresta garantir que receberá aquela dívida”.

Lavagem de dinheiro

Na lavagem de dinheiro do tráfico os negócios ilegais avançam para o mercado imobiliário. Com a prisão de um gerente do tráfico da zona Sul, que estava com R$ 170 mil em espécie, o delegado Guilherme Torres identificou uma operação diversificada.

“Com o gerente estavam vários molhos de chaves, todas coloridas, diferenciando os bairros. Traficantes tem lavado dinheiro comprando quitinetes em vários pontos da cidade para alugar depois. Como muitos desses locais não tem documentação regular, eles acabam tendo a posse, e a não a propriedade, o que deixa o negócio informal e dificulta até um sequestro de bens. Mas estamos monitorando diversas fontes e atividades”, explica o diretor.

Presos

No primeiro mês do ano, o DRCO já prendeu 37 pessoas ligadas a organizações criminosas, como membros da Família do Norte (FDN), a terceira maior do Brasil.

Torres confirma a guerra interna no grupo, que acaba enfraquecendo o poder de atuação de líderes e chefes. “Se fala em ‘FDN Pura’, por exemplo, ou Bonde do JB (João Branco, o narcotraficante João Pinto Carioca). Esse racha divide a facção, e ainda existe a rivalidade com outros grupos”.

As operações integradas com outros departamentos e delegacias especializadas foram ampliados. O DRCO atua muito em conjunto com a Homicídios e Sequestros (DEHS), Ordem Social (Deops), Furto e Defraudações (Derfd), Narcóticos (Denarc) e Inteligência (Seai).

Inteligência

Hoje, o sistema penitenciário acaba sendo o berço das grandes quadrilhas, uma espécie de home office de criminosos.

Na década de 70 também foi instituída a taxa de 10%, que todos os membros do crime organizado devem pagar ao grupo para financiar do tráfico a fugas de presos.

Hoje, o Amazonas tem bem definidas e monitoradas três principais rotas de tráfico de drogas que usam os rios da região como estradas.

As rotas

Uma das mais antigas é a de Tabatinga, que passa pelas cidades de Maraã e Tefé, até chegar a capital. A outra rota é a do Japurá, que incluí os Municípios de Coari, Anamã e Itacoatiara; e tem a rota do rio Negro, descendo por Novo Airão. “As rotas podem aumentar conforme o período de vazante dos rios. E fenômenos nacionais e internacionais contribuíram para o crescimento”.

“Na região do Japurá tem a Vila Bitencourt, com acesso ao rio Caquetá e à cidade colombiana de Cauca. Por esse trecho se chega às áreas dos históricos cartéis de Cali e de Medellin, e a região e o clima são propícios para as criações de maconha do tipo skunk”. As maiores apreensões de skunk do ano foram na rota do Japurá.

O delegado lembra que os Estados Unidos ainda reforçaram a fronteira no setor, evitando que a droga colombiana entre pelo México. A alternativa dos traficantes é descer pelo Japurá, até Manaus, de onde é distribuída para a Europa e o resto do Brasil.

Perfil

Destacando a equipe excelente que tem e o trabalho de inteligência, o delegado Guilherme Torres ingressou na Polícia Civil do Amazonas em 2014, por meio de concurso público. Bacharel em Direito pela Universidade Nilton Lins, Guilherme Torres é pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade Cândido Mendes, ele foi professor universitário no curso de Direito.

Autor do livro “Prisões cautelares: um estudo esquematizado”, ele está escrevendo um segundo título a partir do trabalho e pesquisa com interceptações telefônicas, ainda sem data para lançamento.

O diretor já trabalhou como delegado em Novo Airão e Urucará, e integrou o quadro de servidores da Estratégia Estadual de Segurança Pública na Fronteira (Esfron), em Tabatinga.

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1 comentário

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  1. ELTON PORTO disse:

    Policia na rua e atuando…e bandido preso na certa…..