Médico cassado acusado de mutilar mulheres será interrogado pela Justiça

Com mais de 15 processos na Justiça, médico cassado Carlos Cury Mansilla será ouvido em ação pelos crimes de estelionato e homicídio culposo. Foto: Arquivo

Com mais de 15 processos na Justiça acusado de mutilar mulheres em cirurgias plásticas em mais de 30 casos em Manaus e Rondônia, o ex-médico Carlos Cury Mansilla tem interrogatório marcado para esta quinta-feira (1).

A audiência de instrução e julgamento pelos crimes de estelionato e homicídio culposo (onde não há intenção de matar), com o interrogatório do réu, estava prevista para ter início às 8h30 na 11ª Vara Criminal, no Henoch Reis. A juíza Eulinete Tribuzi irá conduzir a sessão.

Os casos começaram a ser denunciados em 2013. O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE), baseado no inquérito conduzido pela Polícia Civil do Estado do Amazonas, denunciou Mansilla que, novembro de 2010, fazendo-se passar por especialista em cirurgia plástica, cobrou R$ 25 mil de uma paciente para realizar uma cirurgia bariátrica (redução de estômago).

Falecida

A mesma faleceu logo após o procedimento. Segundo o inquérito policial, à época dos fatos, Carlos Cury mantinha uma clínica de cirurgia e estética, obesidade e emagrecimento, localizada na avenida Eduardo Ribeiro, edifício Cidade de Manaus, sala 302, no Centro.

Ano passado, ele teve a prisão preventiva pedido pelo MP diante do não comparecimento dele à audiência de instrução e julgamento que deveria ter ocorrido em maio. A juíza titular da 11ª Vara Criminal da Comarca de Manaus decretou a prisão na ação penal nº 0255945-12.2014.8.04.0001.

A decretação atendeu pedido do MP, representado pela promotora de justiça Lucíola Honório de Valois Coelho, pelo não comparecimento de Mansilla à audiência agendada para o último dia 22 de maio, quando o acusado alegou, por meio de seu advogado, que tinha viajado para a Bolívia.

Sem especialidade

Embora tivesse o respectivo registro de médico perante o Conselho Regional de Medicina (CRM-AM), sob o nº 1811-A, Mansilla nunca obteve o título de especialista em cirurgia plástica como fazia parecer a suas pacientes, conforme os autos.

Na ação penal nº 0255945-12.2014.8.04.0001, o MP pede a condenação de Carlos Cury baseado nos art. 171 (obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento); e art. 121, §4º (homicídio culposo), combinado com o art. 69 (quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos), todos do Código Penal Brasileiro (CPB).

O MP também pede o pagamento de R$ 25 mil como reparação de danos à família da vítima. Em 2016, alvo de uma série de denúncias e processos movidos por ex-pacientes, o médico teve o registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM).

A medida foi confirmada em janeiro deste ano pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que cassou em definitivo o referido registro e não pode mais atuar no Brasil como médico.

Outras ações

Além desta ação penal, Mansilla é réu em outras 26 ações em primeira instância no Tribunal de Justiça do Amazonas. Do total, 10 ações tramitam em Varas Cíveis, nas quais as denunciantes requerem indenização por danos morais; 17 ações tramitam nas Varas Criminais comuns, onde o médico cassado é acusado pelo crime de lesão corporal, lesão corporal grave e lesão corporal seguido de morte.

Em fevereiro de 2017, o ex-médico teve o registro médico cassado, em caráter irrevogável, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

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