Exclusivo: Christiane Torloni dá vida à ‘La Divina’ no palco do Teatro Amazonas

Christiane Torloni dá vida à Maria Callas no Teatro Amazonas. Foto: Marcos Mesquita/Divulgação

Tão intensa quanto as óperas que encenava, a apoteótica Maria Callas é considerada a maior soprano do século XX e ganhou vida novamente em um dos espetáculos mais aclamados e premiados da Broadway – o “Master Class”, que está rodando o Brasil e chega a Manaus para uma curta temporada, nos dias 1,2 e 4 de fevereiro, no palco do Teatro Amazonas. A “La Divina”, como era conhecida será interpretada pela premiada atriz Christiane Torloni, no mesmo papel que fora da gloriosa Marília Pêra, em 1996.

O espetáculo tem a direção geral de José Possi Neto e direção musical do maestro Fábio G. Oliveira. Os ingressos para as apresentações de “Master Class” em Manaus têm preços de inteira de R$ 100 (plateia), R$ 90 (frisas), R$ 80 (1º pavimento) e R$ 60 (2º e 3º pavs.). Pessoas com deficiência e acompanhante, estudantes, professores, idosos e doadores de sangue pagam meia-entrada. Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Amazonas ou pelo site ingressando.com

O Portal do Marcos Santos entrevistou a atriz que falou um pouco sobre a sua relação com Callas e toda a preparação para esse grande e desafiador papel no teatro.

PMS – Quando você foi convidada a fazer a “La Divina”, qual sua reação?

CT: Normalmente eu produzo os meus espetáculos. Mas, no caso de ‘Master Class’, não sou produtora da montagem. Eu fui convidada. O processo de interpretação da Callas é o desdobramento de um grande processo de pesquisa que o José Possi e eu estamos fazendo há mais de 30 anos. Teve um momento, há mais ou menos 15 anos atrás que nós nos debruçamos na Callas. É muito incrível porque quando você se aproxima da Callas, a história dessa mulher é uma história de superação, desde o nascimento dela, pois ela foi recusada pela mãe nos primeiros dias. Então, esse é um espetáculo para você se apoiar em alguém que, mais do que tudo, não desistiu do seu belo.

PMS – Callas dizia que a voz não era um fim em si, mas um veículo para a expressão do drama. Você não canta no espetáculo,apesar de ser uma atriz completa que canta, dança e atua, mas isso foi você quem escolheu?

CT: Eu fiz aula de canto. Mesmo que você nunca cante em um musical, é importante para formação. Inclusive para entender o universo das orientações que ela traz aos cantores. Com meu professor no Rio de Janeiro comecei a estudar pela ária de Amina – personagem de Callas na ópera “La Sonnambula” – para poder entender em mim mesma o que ela faz, o quão difícil é o que ela faz. Você se apropria. Você vai fazer um pianista, você tem que entender o universo, mesmo que não vá tocar. Entender mentalmente, entender emocionalmente, porque isso muda a atitude física completamente.

PMS -Marília Pêra já esteve nesse mesmo papel na década de 1990. Você chegou a vê-la no palco? Caso haja, qual a diferença da Callas que ela interpretou para a sua atual?
A personagem foi feita magnificamente bem por Marília Pêra. E o texto que eu uso é o da Marília. Quando começamos a ensaiar o espetáculo, em 2015, a Marília ainda não tinha feito a passagem. Ela foi de uma generosidade imensa. É uma readaptação da gente e da própria Marília. Vimos com uma benção. A Marília dirigiu o primeiro espetáculo que eu fiz no teatro, que também foi a estreia dela na direção. Eu sinto uma passagem de bastão aí, que nem às vezes sinto na televisão. Você começa a herdar papéis, e isso é muito bonito.

PMS – Soube que você já tinha uma relação com a obra de “La Divina”. O que você tem de parecido com a Maria Callas? E como você a definiria?
CT: Somos mulheres, românticas. E tem uma questão, talvez seja o que mais me inspire, é que ela não tinha uma relação com alguém que a desafiasse. Era Callas que desafiava Callas. Isso é uma outra maneira de ver tudo. A maioria das pessoas tem o desafio de fora para dentro. Ela não, vinha de dentro dela. A maneira como ela entendeu as personagens dela, o olhar era como o de um pintor, que te faz olhar o mundo de outra maneira. Principalmente no que diz respeito às heroínas, ela é um guru, uma mestra, uma inspiração.

PMS – Mudando de assunto, soube que você será a vilã da próxima novela das 19h. Pode nos adiantar um pouquinho sobre essa personagem?
CT: Vou viver a Mercedes, uma adorável vilã que é dona de uma gravadora e está totalmente conectada com o mundo da música. A novela tem uma pesquisa muito boa sobre todos esses fatos que aconteceram entre os anos 1980 e 90, um momento de ouro no Rio de Janeiro, e tem como protagonistas Claudia Raia e Dira Paes. Vou fazer par romântico com Alexandre Borges. Vai ser uma novela solar, com muita referência musical. Estou adorando voltar a trabalhar com o diretor Jorginho Fernando.

 

Edição e reportagem: Bruna Chagas

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