Indústria de óleos, essências e extrato em Novo Airão atrai Monsanto, Bayer, Natura, Avon e Boticário

Indústria de óleos, essências e extrato em Novo Airão

Indústria de óleos, essências e extrato em Novo Airão, Anavilhanas Cosméticos, tem previsão de começar a funcionar em larga escala a partir de fevereiro. Foto: Sepror

POR: TEREZA TEÓFILO – especial para o pms.am

Novo Airão (distante 180 quilômetros de Manaus) será sede de indústria de produção de óleos, essências e extratos vegetais. O projeto da Anavilhanas Cosméticos está enchendo de otimismo o Município. A matéria-prima será extraída de plantas nativas da Região Amazônica.

A fábrica, a 500 metros da entrada da cidade, terá como desafio fornecer matéria-prima para as grandes empresas de cosméticos. Natura, Avon e Boticário são clientes dados como certos. Multinacionais, como Monsanto e Bayer, também estão de olho. A iniciativa promete aquecer a cadeia produtiva de copaíba, andiroba, buriti, murumuru, pau rosa, castanha e açaí, entre outros.

A expectativa é que o empreendimento possa gerar até 45 mil empregos diretos e indiretos. Trinta colaboradores fixos foram recrutados no próprio Município. Eles já estão atuando nas dependências da indústria. Outros 30 ainda deverão ingressar nas próximas semanas.

 

Inaugura em fevereiro

A inauguração deve ocorrer na primeira semana de fevereiro. A Anavilhanas Cosméticos ocupa inicialmente área de 2,8 mil metros quadrados. A área total do complexo tem quase 12 mil metros. Lá também será sediado projeto de reflorestamento para o pau rosa. Trata-se de fonte natural de linalol, usada como fixador de perfumes. Foi a base do famoso Chanel Nº 5, alavanca da indústria internacional de cosméticos.

Indústria de óleos, essências e extrato em Novo Airão

Foto: Sepror

“Tenho um mapeamento de toda a região e sei exatamente quem produz o quê e onde produz. Com isso teremos todas as condições de movimentar essa imensa cadeia produtiva que o Amazonas possui. Posso afirmar que seremos a única indústria no Estado que atuará nas três fases, da extração, passando pela produção e distribuição”. A frase é do empresário paulista e idealizador do projeto, Benedito Chaves de Alcântara.

 

Teste de mercado

Benedito, que mora em Jundiaí, conhece bem o potencial externo do mercado de óleos vegetais. Com a marca Purangy, em 2011 ele colocou pequenas amostras no mercado nacional e internacional. O retorno acendeu a luz verde que ele esperava para promover o negócio em larga escala.

“Tivemos uma excelente aceitação quando lançamos as primeiras produções da marca Purangy. Daí esperei que os incentivos fiscais da Zona Franca chegassem ao município de Novo Airão. Desisti de ficar aguardando. Como já tenho assegurado benefícios fiscais do Estado, é hora de começar a produzir pra valer”, afirmou o empresário.

Benedito explica que o pontapé inicial da indústria será com o óleo de andiroba. “Tudo depende da safra e daí fazemos uma programação”, explicou. sem revelar muitos detalhes.

No primeiro ano de implantação, a Anavilhanas Cosméticos tem como meta produzir 65 mil quilos de óleo. Já no segundo ano, com a operação dos cinco novos conjuntos de máquinas, a meta é 650 mil quilos.

“Tão logo saiam as primeiras produções, o destino é França, Inglaterra, Alemanha e Japão. Nosso contato comercial e de marketing com as multinacionais do ramo de óleos desses países está bem encaminhado”, revelou.

Outro foco da Anavilhanas será na produção do extrato de açaí, para refrigerantes e guaraná. O mercado de concentrados tem faturamento anual superior a US$ 170 milhões. A indústria de concentrados representa um setor-chave para a Zona Franca de Manaus, com impacto socioeconômico significativo no interior.

 

Entrave

A Anavilhanas Indústria e Cosméticos apresentou projeto para a produção de óleos essenciais em 2011. O projeto foi aprovado pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam). A Secretaria de Estado de Planejamento, Ciência e Tecnologia (Semplancti) informa que houve perda do incentivo. O tempo hábil previsto no projeto, para implantação, era de dois anos e mais um de prorrogação. Benedito informou que já iniciou as tratativas para retomar a concessão dos benefícios.

O empresário também aguarda uma sinalização por parte da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam). Quer linha de crédito de até R$ 3 milhões para que a fábrica passe a operar 100% no Estado. O empresário afirma que, entre terreno e maquinário, já aportou R$ 7 milhões com recursos próprios. O investimento total já consumiu R$ 15 milhões, contemplando projetos, assessorias e marketing, entre outros investimentos.

 

Prefeito comemora ganhos para o Município

O prefeito de Novo Airão, Wilton Santos, é dos mais otimistas com a indústria e tem comemorado o projeto. A cidade conseguiu incrementar o setor de serviços, com investimento privado na hotelaria de selva, concentrando oferta de 600 leitos. Agora se prepara para ver aquecer o setor primário, com incremento da cadeia produtiva de óleos e essências vegetais. A ideia é que tudo seja extraído de forma sustentável, a partir da floresta.

“Estivemos com o governador Amazonino Mendes. Após cinco anos de espera ouvimos a garantia de que a Afeam abrirá linha de crédito específica para esse projeto. O Benedito gosta muito dessa região. Em 1.983 ele comprou um pedaço de terra aqui na nossa cidade e, sempre que pode, ajuda o município. Para nós é muito gratificante poder contar com esse investimento. Mesmo no início, já está trazendo frutos positivos, como a geração de emprego”, explicou o prefeito.

Indústria de óleos, essências e extrato em Novo Airão

Técnicos do Governo do Amazonas conheceram as instalações da fábrica em outubro de 2017. Foto: Sepror

Monsanto e Bayer de olho na produção de óleos

Duas multinacionais dos setores agrícola e químico demonstraram interesse na compra de toda a produção de essências da empresa amazonense. São as gigantes a norte-americana Monsanto e a alemã Bayer. A informação é de Robson Almeida, assessor técnico da Secretaria Estadual de Produção (Sepror).

“Hoje 90% do óleo que é usado na produção industrial de biocosméticos é químico e o nosso aqui vai ser todo natural. Essas empresas querem comprar a produção inteira e isso é um grande avanço para o nosso Estado”, afirma.

Segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o PPB de Cosméticos foi aprovado em 2007. No Polo Industrial de Manaus três empresas, com projetos aprovados ativos, utilizam a portaria.

 

Manaquiri

Desde 2009, a Agroindústria de Óleos Essenciais Manaquiri vem atuando no mesmo segmento. Tem parceria com o Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e apoio do Sebrae Amazonas. A fábrica recebeu investimento do grupo mexicano Nattura Laboratórios S.A. A holding, sediada em Guadalajara, tem forte atuação em 67 países. É dona e distribuidora de famosas marcas de perfumaria, cosméticos e produtos capilares. Estão no portifólio dela marcas como Tec Italy, NBC, Fashion Style, IPO, Pravana, Paul Mitchell, Modern Search e Hidra.

A parceria nasceu há cinco anos, por meio da empresa de fitoterápicos e cosméticos “Gotas e cheiros da Amazônia”. A empresa foi comprada por executivos da Nattura Labs.

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