Contaminação do açaí eleva para 10 o número de casos confirmados de Doença de Chagas no AM

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A Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), órgãos da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), comprovaram, por meio de análises laboratoriais, a presença do parasita Trypanossoma cruzi, na amostra de açaí consumida pela família que contraiu Doença de Chagas, no município de Lábrea. Essa é a primeira vez que é comprovada cientificamente a presença do parasita no alimento, no Amazonas. Antes, a comprovação era feita por associação.

A comprovação só foi possível devido ao fato de que a Vigilância Epidemiológica da FVS-AM conseguiu recuperar as amostras de açaí que ainda estavam disponíveis junto ao fornecedor, segundo explica o infectologista pesquisador Jorge Guerra. “O período de incubação do parasita é de 10 a 22 dias. Se uma pessoa consome hoje algo contaminado, ela tem até 22 dias para manifestar os sintomas da doença. Quando isso acontece, geralmente, o material que poderia nos servir de amostra já foi consumido, descartado ou teve algum fim que não o laboratório”, explicou.

Desde 2010, foram registrados 58 casos da Doença de Chagas por transmissão oral, quando o contágio acontece por meio de alimento contaminado. No entanto, de acordo com o diretor presidente da FVS-AM, Bernardino Albuquerque, a confirmação de que a transmissão acontecia por vinho de açaí não existia. “Nós tínhamos os relatos das pessoas que haviam consumido o mesmo produto. Geralmente, era um número de pessoas próximas que tinham se alimentado,inclusive no mesmo período. Esse fator e os sintomas da doença se manifestando, mais os exames nas pessoas, nos levavam a concluir o diagnóstico”, complementou.

Com a recuperação da amostra, uma alíquota do produto foi encaminhada para o Laboratório de Referência Nacional do Instituto Evandro Chagas. Outra amostra foi avaliada pelos pesquisadores da FMT-HVD, que aplicaram uma técnica de baixa complexidade que identificou a presença do parasita.

Em Lábrea, a pessoa responsável pela produção do vinho de açaí foi identificada. Trata-se de um produtor de pequena escala. A Vigilância Sanitária do município apreendeu os equipamentos e as amostras de açaí ainda disponíveis.

A FVS-AM está reforçando as campanhas de conscientização em relação às boas práticas na produção de alimentos com matéria-prima da floresta. A cartilha “Preparando o açaí produto da floresta e seus derivados com boas práticas de higiene”, produzida pelo órgão, foi redistribuída aos produtores.

Contaminação – Nesta sexta-feira (12/01), três novos casos de Doença de Chagas foram confirmados. As pessoas que consumiram o mesmo lote de açaí de Lábrea estavam em Manaus, assintomáticas, e foram identificadas por meio do monitoramento feito pela FVS. Com isso, chega a 10 o número de pessoas que contraíram a doença.

Quatro pacientes estão fazendo tratamento ambulatorial com profissionais da FMT-HVD e seis estão em Lábrea. Apenas um dos pacientes, uma criança, chegou a ser internada, mas já recebeu alta. Em Manaus, todos os pacientes passaram por consultas e avaliações no Hospital Universitário Francisca Mendes (HUFM) e na FMT-HVD. Os demais pacientes são acompanhados pelo Hospital Regional de Lábrea.

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1 comentário

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  1. Antenor disse:

    Terríveis os efeitos do consumo de açaí em sua forma Natural ou mesmo não industrializado ou não pasteurizado..!
    Caldo d cana também tem os mesmos problemas..