Com Melo preso, Edilene destruiu provas e intimidou testemunhas. Veja decisão na íntegra

José Melo e Edilene Oliveira estão na carceragem da PF e deverão seguir para unidades prisionais do Estado ainda hoje. Foto: Arquivo Secom

O ex-governador José Melo e a ex-primeira-dama Edilene Oliveira devem ser transferidos ainda nesta quinta-feira (4) para o sistema prisional, deixando a carceragem da Superintendência da Polícia Federal, onde estão detidos.

A Justiça Federal acatou pedido do Ministério Público Federal (MPF) e decretou a prisão preventiva do casal. Melo já estava na carceragem desde o dia 31.

A decisão foi tomada pela juíza federal Jaíza Maria Pinto Fraxe. A prisão temporária de José Melo venceria hoje à meia-noite, mas como foi convertida em preventiva, ele segue preso.

Pedido

No pedido de conversão de prisão, o MPF aponta o risco de destruição de provas, além de ameaça e intimidação a testemunhas especialmente por Edilene Oliveira.

Durante os cumprimentos de mandados de busca e apreensão realizados durante a Operação Custo Político, onde foram detidos os ex-secretários de Estado, a PF encontrou planilhas que confirmaram que o ex-governador e sua esposa não só conheciam o médico e empresário Mouhamad Moustafa, mas como tinham ligações financeiras com o mesmo.

Mouhamad é acusado de ser o líder da organização criminosa que desviou mais de R$ 120 milhões da saúde do Amazonas, incluindo pagamento de propinas a políticos, secretários e empresários.

O levantamento mostra que dos R$ 950 milhões do Fundo da Saúde, R$ 250 milhões foram repassados às empresas do empresário do Instituto Novos Caminhos e que desse montante, R$ 120 milhões teriam sido desviados.

Moustafa também é apontado como a “marionete de luxo” de Melo e Edilene pelo fato dele garantir as mordomias exigidas pelo casal.

Ameaça e intimidação

No pedido de justificativa para a prisão preventiva, a juíza Jaíza Fraxe relata, com base nas informações prestadas pelo MPF e PF, que Edilene e seus familiares intimidavam e faziam ameaças aos funcionários e prestadores de serviço convocados para depor.

Fotografias e relatos apresentados pelo Ministério Público mostram que um veículo S10 de cor branca era utilizado pelos seguranças do casal para intimidar as testemunhas chamadas para depor.

O veículo ficava estacionado nas proximidades da sede do MPF-AM e também na Superintendência da Polícia Federal nos dias e horários em que os convocados compareciam para prestar informações.

Provas destruídas

O documento revela ainda que Edilene e seus familiares tentaram destruir provas. A ex-primeira dama teria arrombado boxes onde havia farta documentação e objetos que, segundo a Justiça, seriam provas das práticas ilícitas do casal. As chaves dos boxes estavam em poder da Polícia Federal quando Edilene arrombou os espaços.

Reforma milionária

Pelo menos oito construtores trabalharam na reforma da residência do casal adquirida em 2015. No depoimento prestado pelos empresários, que não tiveram seus nomes revelados, um deles chegou a receber R$ 500 mil em espécie para custear os caprichos da ex-primeira dama, conforme relatos dos empreiteiros.

Após a vitória de Melo para o Governo, em outubro de 2014, ele e a ex-primeira dama passaram a morar em um condomínio de casas de luxo no Parque das Laranjeiras.

Dois líderes

Ao final da sentença, a juíza afirma que diante de todas as provas é possível afirmar que o ex-governador e a ex-primeira-dama eram os líderes das infrações penais que saquearam os cofres da saúde do Estado do Amazonas.

Veja a decisão na íntegra abaixo:

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2 comentários

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  1. Jacques disse:

    Verifica-se que os facínoras além de ladrões do dinheiro público são perigosos, todos sabem que a mulher solta iria intimidar as testemunhas e outros.

    Não adianta a casa caiu facínoras.

  2. Gabriel Santos disse:

    Agora ele fez jus ao apelido de “ZÉ MERENDA”, enquanto isso os pacientes da fundação Cecon estão sofrendo com a falta de medicamentos, por isso que sou a favor de crime de corrupção passe a ser crime hediondo, tendo em vista que, ao saquear os cofres públicos está sendo retirado dinheiro que poderiam contribuir com um educação de qualidade, saúde de excelente atendimento e a segurança sem precisar os mesmos se corromperem.