Assembleia demite diretoria da Unimed e Conselho Fiscal renuncia para assumir a administração. Entenda o que houve

Assembleia demite diretoria da Unimed sob pesadas acusações

Assembleia demite diretoria da Unimed e conselho de administração da Unimed e cooperativa tenta novamente sair da UTI

A Assembleia Geral da Unimed destituiu, na noite desta quinta (14/12), a diretoria da cooperativa e o Conselho Administrativo (Conad). A reunião ocorreu no auditório da sede da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), na Djalma Batista. A presidente, Corina Viana, e o presidente do Conad, Fernando Matos, foram afastados. A expressiva maioria de 178 dos presentes votou por essa decisão. Apenas 40 ficaram contra e outros cinco se abstiveram.

Quando se efetivou a destituição, a assembleia precisava nomear uma diretoria provisória e ninguém se apresentou. O nome do médico oncologista Jesus Pinheiro chegou a ser cogitado, mas ele não aceitou. Está fora de Manaus, tratando uma irmã, que teve AVC, e reagiu quando indagado se assumiria: “Desminta isso. Por favor”.

Acéfala a Unimed, o Conselho Fiscal decidiu renunciar e assumir o comando da instituição. A presidente do conselho, Ramza Badr de Lima, assumiu a presidência interina. Ela e os demais membros obtiveram 98% dos presentes à assembleia e têm 30 dias para convocar novas eleições.

 

Entenda o que houve

A Unimed vinha contestando, judicialmente, o pagamento de alguns tributos federais. A contenda chegou à última instância e a cooperativa foi derrotada. De uma hora para outra surgiu uma dívida tributária enorme. Técnicos da Agência Nacional de Saúde (ANS) e da própria Unimed concluíram que a dívida total chega a R$ 534 milhões.

O Portal do Marcos apurou que Corina Viana negociou o parcelamento da dívida tributária, dentro de um Refis. Ficaram estabelecidas parcelas mensais suportáveis. A diretoria, ainda assim, foi questionada pelos números que restaram. Dívida vincenda, mais patrimônio – hospitais e equipamentos – descontados do total deixam R$ 283 milhões de patrimônio líquido negativo. O valor se refere a débitos com fornecedores, prestadores de serviço, médicos, locações de imóveis, entre outros passivos.

Esses números são a raiz dos questionamentos que levaram à demissão de Corina Viana e Fernando Matos. “Não temos elementos para saber se os números são exatos. A diretoria provisória deve fazer os levantamentos e tirar suas conclusões”, disse um dos assessores jurídicos do Conselho Fiscal.

 

Inabilidade, acusações e assembleia demite diretoria da Unimed

A assembleia teve momentos muito tensos. A defesa de Corina Viana foi inábil. Acusou os médicos de serem os culpados pelo aumento das dívidas, ao aumentarem a prescrição de exames. Soou uma estrondosa vaia quando o argumento foi apresentado. Os médicos, cooperados, que constituem a Assembleia Geral, instantes depois iriam decidir no voto quem tinha razão. Depois da vaia, o resultado parecia inevitável.

O médico Fernando Matos, presidente do Consad, chegou a ser acusado de iniciar todo o processo, apresentando gravações ao Conselho Fiscal. Ele negou, exigiu a apresentação das gravações e elas não foram apresentadas. Acabou entrando no torvelinho da massa predominante na Assembleia e demitido como “aliado” de Corina. O médico, sócio da empresa de águas Santa Cláudia, é tido como um dos mais zelosos e íntegros associados da Unimed.

 

Prazos

A eleição para escolha da nova diretoria da Unimed terá que ser feita em 30 dias. O prazo corre em meio às festas de fim de ano.

A presidente interina, Ramza Badr, tem esse prazo para se livrar da pecha de ter criado artifícios para chegar ao cargo. E fundamentar, com provas, as denúncias contra os destituídos.

Desde o dia 8 de dezembro, a Unimed Manaus está proibida pela Agência Nacional de Saúde de comercializar novos planos de saúde. A determinação se deu em virtude de reclamações por negativa de procedimentos médicos e demora na marcação de consultas, exames e cirurgias. Atualmente, a empresa possui mais de 150 mil clientes conveniados ao plano.

 

Diagnóstico: cooperativa na UTI

Nos últimos meses, a insatisfação de médicos e usuários com a Unimed tem sido motivo de queixas públicas. Elas se espalham nos consultórios e clínicas, de Manaus e no interior. Médicos especializados estão com repasses mensais atrasados há mais de 45 dias. Prestadores de serviço das áreas laboratoriais e análises clínicas acumulam dívidas, sem qualquer iniciativa de negociação por parte da Cooperativa.

Na Oncologia, por exemplo, pacientes que dependem de medicamentos de primeira linha estão com sessões de quimioterapia atrasadas. Todos os dias, pacientes voltam para casa sem previsão para chegada dos medicamentos. Eles são necessários para o controle e tratamento dos mais variados tipos de Câncer. Nem mesmo as liminares judiciais estão sendo cumpridas pela Cooperativa.

É esse quadro que se apresenta para a diretoria provisória e a que vier a ser eleita, em 30 dias, para dirigir a Unimed Manaus.

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