EXCLUSIVO: Ex-esposa de Zé Roberto rebate acusação de comandar massacre no Compaj. Veja entrevista, documentos e foto

Ex-esposa de Zé Roberto afirma: “Sou inocente e quero viver em paz, cuidando de minha filha”

Ex-esposa de Zé Roberto da Compensa, nascido José Roberto Fernandes Barbosa, considerado líder da organização criminosa Família do Norte (FDN) rompe silêncio. Luciane Albuquerque de Lima, 29, afirma que está separada dele e não o vê desde 15 de novembro de 2015. Apresenta como prova uma medida cautelar, da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal do Amazonas. E nega ter sido o estopim do massacre do Réveillon, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). “Estava com minha filha, em Fortaleza, na data daquele absurdo”, afirma.

Luciane repete que a morte de entre 60 e 70 detentos – ninguém mais sabe ao certo – foi “aquele absurdo”. E reclama: “O MP está prejudicando a mim e à minha família. A Seap (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária) e as câmeras do Compaj mostram que eu não fui naquele dia“, enfatiza. “A casa dos meus pais, na Cidade Nova, foi alvejada. Desde então tenho que morar na casa do meu irmão. Minha filha não dorme direito, em pânico”, acrescenta.

Veja a íntegra da entrevista exclusiva ao Portal do Marcos Santos:

Portal do Marcos Santos – O Ministério Público afirma que você teria levado a ordem do seu esposo, Zé Roberto, para deflagrar o massacre do Compaj. O que houve, afinal?

Luciane Albuquerque de Lima – Obrigada pelo espaço que me concede no seu portal, Marcos Santos. Não tenho contato com o Roberto desde o dia 15 de novembro de 2015, em obediência à medida cautelar determinada pelo juízo da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal no Amazonas. Tenho a medida cautelar comigo e ela também está nos autos do processo, que está sob segredo de justiça.

 

pms.am – É uma medida protetiva te afastando dele? Vocês estão legalmente separados? Você é agora ex-esposa de Zé Roberto?

Luciane – Aí está o primeiro erro do Ministério Público. Afirma que eu fui ao presídio levar a tal carta no dia do fato. A SEAP e as câmeras de segurança do Compaj estão a meu favor. Não tem nada que comprove minha entrada ou presença no presídio no dia do acontecimento! Sabe porque não tem, Marcos? Porque eu estava, com minha filha, na cidade de Fortaleza, no Ceará! Estava trabalhando e visitando parte de meus parentes que vivem lá.

 

pms.am – Você pode provar isso?

Luciane – Tenho as passagens aéreas e fotos que sustentam minha permanência na cidade cearense, na semana e no dia em que aconteceu aquele absurdo em Manaus.

 

pms.am – Como é a sua vida? O que a senhora faz, sendo ex-esposa do líder de uma organização que comercializa drogas e ordena assassinatos?

Luciane – O Ministério Público está prejudicando a mim e a toda a minha família. A partir do momento que o promotor Edinaldo divulgou isso, erroneamente – processo segue sob segredo de justiça -, ando temerosa. Minha filha, de 9 anos, não consegue dormir. Ela vive em pânico. Logo após o promotor divulgar meu nome na mídia, a casa de meus pais, na Cidade Nova, foi alvejada, recebeu tiros! Desde, então, sigo morando em Manaus, todavia, na casa de meu irmão.

 

pms.am – Se sua vida virou um inferno, o que tem feito para sair disso?

Luciane – Peço ajuda da imprensa e de nossas autoridades. Ainda sigo cumprindo a medida cautelar que proíbe meu contato com Roberto. Como posso ter levado uma ordem dele de um presídio federal para um presídio estadual, se há mais de dois anos não mantenho contato pessoal com ele e jamais pisei em Campo Grande, onde ele está custodiado sob rigidez?! Reforço: se você precisar dos documentos que já citei ou qualquer outro documento e esclarecimento, lhe darei. Pois não tenho culpa alguma! Tenho provas a meu favor! O próprio MP é favorável a mim, quando me denuncia, equivocadamente, sem provas.

 

pms.am – Qual é a relação que restou entre você e Zé Roberto? Como era antes da medida cautelar de 2015?

Luciane – Repito: estou sem contato com Roberto, por ordem judicial, há mais de dois anos! Minha única relação com ele é a minha filha, de 9 anos. Estou em processo de separação há algum tempo. Porém, as circunstâncias acabaram atrapalhando (minha advogada pode esclarecer mais sobre isso).

 

pms.am – Mas o fato de ser esposa de traficante poderoso, rico, não lhe trouxe benefícios materiais?

Luciane – Trabalho desde os meus 15 anos e nunca precisei viver ilicitamente pra sustentar minha filha e a casa de meus pais. Quero apenas voltar a trabalhar e viver em paz com minha filha e meus familiares.

 

pms.am – Você pretende se apresentar, diante da ordem de prisão emitida contra você? Quais são as condições para que você se apresente?

Luciane – Ainda moro em Manaus. Nunca deixei minha cidade! Quando viajei para outro Estado, como Ceará, foi por atividades profissionais, visitas a parentes ou para tratar minha filha. Ela sofre de asma e alergias respiratórias agudas, requerendo cuidados redobrados e diários. Precisa do acompanhamento médico, de dois em dois meses. Ela precisa muito de mim!! Sou pai e mãe dela em tempo integral.

 

pms.am – Mas você vai se apresentar à polícia?

Luciane – Não existem “condições” para eu me apresentar. Até porque não sou foragida! Minha advogada está cuidando disso! Enfatizo: o processo segue em segredo de justiça. Ainda não houve a necessidade real para eu me apresentar! Contudo, se houver, farei naturalmente. Me apresentarei com toda a boa vontade, pois sou inocente e não devo nada. Minha vontade, também, é que tudo se resolva da melhor forma e que os verdadeiros culpados sejam punidos! Estarei sempre à disposição da justiça do meu Estado. Assim como prestei esclarecimento aos delegados Rodrigo Luiz Santoro e Tarson Yuri Silva. Eles me intimaram para depor, dia 24 de agosto, de 2017, no 20º DIP, como consta nos autos do processo da Força Tarefa. Acredito que a Justiça encontrará a verdadeira resposta para os fatos. E chegará à conclusão que não tenho nada com esta confusão que assola a mim e a minha família, diariamente. O que desejo é paz.

 

pms.am – Você se arrepende de ter casado com Zé Roberto? Por que a relação de vocês terminou?

Luciane – Eu era jovem, muito jovem, quando tudo começou. Porém, nada disso existia! Ele não era o “Zé Roberto da Compensa” que todo mundo conhece, e que a mídia expõe, atualmente. Ele sempre foi uma pessoa presente, carinhosa e cuidadosa comigo e com a minha filha. Não sabia desta dimensão porque não existia esse homem taxado por todos. Só existia o meu esposo, o Roberto. Contudo, as coisas mudaram proporcionalmente. E não poderia mais negar o pai da minha filha. Pois, se assim o fizesse, também estaria negando essa menina carente e dodói, que é a minha filha, meu tudo.

 

pms.am – Não tem mais nada que você queira revelar?

Luciane – Tem muita coisa íntima que vou manter pra mim, pois o Roberto, assim como eu e minha filha, também precisa de ajuda. Mesmo que isso me faça sofrer mais e que seja interpretado com outros olhos pelas pessoas. Faço qualquer coisa pela integridade da minha família, e o Roberto sabe disso. Atualmente, estou separada dele, desde novembro de 2015. Rogo a Deus, diariamente, pela vida dele. Que ele saia desta situação e que tenha uma nova oportunidade de viver com plenitude nesta vida e em sociedade. Assim como luto para viver em paz, com a minha filha, mantendo integridade de minha família, que sofre com cada exposição. Acredito fielmente em Deus, na mídia e nas autoridades do meu Estado. A justiça será feita. Eu sou inocente, e isso será provado.

 

pms.am – Você se acha perseguida?

Luciane – Marcos, antes, muito obrigada pelo espaço, seguindo os preceitos básicos do bom e correto jornalismo, o de ouvir as partes e informar com integridade e responsabilidade. É isso que seu portal está fazendo, e que sempre fez! Assim como você faz, eu peço o apoio de toda a imprensa da minha cidade e do meu Estado. Para que busque e repasse somente a verdade. Eu sou inocente. Não devo e nunca devi nada. Estou à disposição da mídia e das autoridades constituídas do Amazonas. Tenho provas palpáveis, visíveis e legais que vão na contramão do quê diz o Ministério Público. Clamo ao MP que considere isso, também. Conclamo o apoio e a sensatez do Ministério Público para que reveja a denúncia, considerando as provas favoráveis a mim. Elas estão nos autos do processo. Foi isso que até hoje resguardou meu direito de ir e vir, minha liberdade e de minha filha, que precisa de mim.

Veja a decisão que afastou Zé Roberto da esposa e da filha, assim como documento do presídio de Campo Grande afirmando que a correspondência dele é monitorada:

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