Vigilância Sanitária recomenda atenção à raiva humana, após duas mortes e um caso de internação

Após dois óbitos confirmados de raiva humana e uma internação em estado grave, FVS intensiva ações de controle para doença de alta letalidade. Foto: Divulgação

Após dois óbitos confirmados e um caso grave de internação por raiva humana transmitida por morcegos, a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) e a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) estão intensificando as ações de controle de vigilância contra a doença em todo o Estado.

Entre as ações, as unidades de saúde municipais devem permanecer em alerta para casos suspeitos de raiva humana e animal.

Como parte das medidas de controle em feridos por animais, a fundação emitiu nota técnica para que seja realizada busca ativa ou resgate de toda pessoa agredida por animal potencialmente transmissor da raiva, especialmente por morcegos, como o caso das duas mortes e de uma internação, para tratamento profilático antirrábico humano.

Segundo a FVS, os pacientes devem ser acompanhados durante o tempo necessário e todos os casos de feridos por animais devem ser notificados, além de realizar educação em saúde à população sobre medidas de controle e prevenção da raiva.

A nota técnica ainda prevê que se disponibilize vacina e soro antirrábico à população, e manter pessoal treinado para atendimento aos pacientes agredidos por animais.

Quando paciente apresentar quadro clínico sugestivo de encefalite, com antecedentes de exposição à infecção pelo vírus rábico, a notificação deve ser imediata, em até 24 horas. Na sequência, deve ser iniciado o protocolo de investigação epidemiológica e a busca de casos novos.

Casos suspeitos

Todo paciente com suspeita clínico-epidemiológica de raiva humana deve ser encaminhado à Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).

A FVS-AM esclarece que a prevenção contra raiva humana, através do uso do soro e vacina está indicado aos pacientes com risco de desenvolver a infecção seja por mordedura de animais suspeitos ou no caso pela agressão de morcegos. 

O tratamento é feito em quatro doses. De acordo com as informações da Secretaria Municipal de Saúde de Barcelos, a equipe do órgão encontra-se na região do rio Unini, para realizar a sorovacinação profilática nas pessoas agredidas por morcegos nos últimos 12 meses.

Trabalho

Uma equipe do Ministério da Saúde (MS) está no Amazonas desde sexta-feira (1º), para acompanhar o trabalho que vem sendo feito pelas autoridades de saúde local. Também vão acompanhar os trabalhos preventivos, de profilaxia  e de investigação que estão sendo comandados pela FVS-AM na área da Resex do rio Unini, onde as vítimas fatais de raiva humana moravam.

A suspeita de raiva humana foi levantada desde o início, por conta do histórico dos pacientes para mordida de morcego. Familiares relataram que os irmãos haviam sido atacados pelo animal na comunidade Tapira, no rio Unini, zona rural de Barcelos, onde residiam.

Interrupção de surto

De acordo com o diretor de Doenças Transmitidas da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), órgão do MS, Márcio Garcia, a equipe de saúde do Amazonas interviu de forma oportuna e precisa na interrupção do surto de raiva humana no município amazonense.

“A equipe de técnicos da SVS segue o acompanhamento dos casos com a equipe local, pois é de interesse do Ministério da Saúde a atualização de protocolos preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). É rotina da instituição, apoiar os Estados no enfrentamento de situações emergenciais”, afirmou.

De acordo com a FMT-HVD, apesar de todos os esforços no atendimento à paciente, incluindo a adoção do Protocolo de Milwaukee, indicado pelo Ministério da Saúde, com uso dos medicamentos Biopterina e Amantadina, as chances de sobrevivência eram mínimas desde o início. O tratamento é responsável pelos três únicos casos de cura de raiva humana registrados no mundo.

Doença rara

“É uma doença rara no País, assim como não é comum a transmissão por morcegos, o que deve ser investigado. O Ministério da Saúde tem feito esse trabalho de acompanhamento sempre que detectado algum caso com o intuito de evitar novas transmissões”, declarou o diretor-presidente da FVS-AM, Bernardino Albuquerque.

Ele ressaltou que  os casos mais significativos aconteceram em cidades da fronteira entre o Pará e o Maranhão, entre 2004 e 2005, com 44 pessoas infectadas que foram a óbito. No Amazonas, dois casos foram detectados em 2002, também com óbito.

Veja a nota técnica na íntegra: NOTA TECNICA RAIVA Nº 30

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1 comentário

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  1. Marco disse:

    As Reservas ambientais (RESEX e outras) preservam à natureza o que é importantíssimo. Mas é os humanos que lá habitam estão protegidos também? Nestas comunidades não existe: energia elétrica, água potável e saneamento básico. Tecnologias baratas para atender estas e outras necessidades dos ribeirinhos já existem.