Professores do Liceu de Parintins vão à polícia acusar gestora de assédio e discriminação racial

Músico prestou queixa denunciando crime de racismo contra diretora do Liceu, que é acusada de perseguir outros funcionários. Uma pedagoga fez boletim de ocorrência e entrou na justiça. Foto: Divulgação

Músico profissional, professor e regente, Cícero Antônio da Silva prestou queixa na 3ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP), na cidade de Parintins (distante 325 quilômetros de Manaus), pelo crime de racismo dentro do Liceu de Artes e Ofícios Cláudio Santoro, que funciona nas dependências do Bumbódromo.

O Boletim de Ocorrência foi feito no dia 27 de novembro, por assédio moral e racismo institucional provocados pela diretora do Liceu, Andressa de Oliveira.

Demitido

Segundo contou o denunciante ao Portal Marcos Santos, ele foi demitido no dia 27, sem justa causa, após estar cinco anos trabalhando na unidade cultural, tendo atuado no Projeto Jovem Cidadão, mediante processo seletivo, em 2013; e realizado as funções de instrutor de musicalização, de flauta doce e instrutor regente da banda musical sinfônica.

Nos últimos dois anos, o músico alega vir sofrendo perseguição sistemática da direção do Liceu, de maneira “equivocada e ditatorial”, que acabou distorcendo seu exercício profissional. Entre os relatos feitos por Cícero estão episódios pós-apresentações que foram julgadas “infelizes” pela diretora, que também chegou a falar que o trabalho executado era “uma merda”.

Conforme denúncia, outros professores e servidores administrativos também passaram pela mesma situação de assédio e humilhações públicas, que os levaram ao pedido de demissão como alternativa para se livrar do dano psicológico.

Relato feito pelo professor em sua rede social

Expostos

“Além do assédio e do racismo, alunos foram expostos ao ridículo, porque não eram críticas dentro de padrões educativos e culturais. A diretora passou a não pautar a banda para programações e eventos, num claro bloqueio à nossa produção, desqualificando o trabalho de formação artística”, contou o músico.

Cícero relata ainda que qualquer atraso seu era amplificado, fora falsas ocorrências, depreciando o seu comportamento como profissional. “Os pais eram orientados a registrar ocorrência por qualquer motivação em caso de atraso. Há até falsos registros, sem contar a redução de salário, sem amparo legal e o desgaste psicológico”.

Segundo o músico, outros pedagogos do Liceu também passaram por perseguição e foram alijados de processos educacionais. “Num dos relatórios dos professores, a diretora usou a expressão ‘este preto não faz nada certo’, referindo-se ao meu trabalho”, contou o professor.

Humilhações

A pedagoga parintinense Heti Paes, concursada há 25 anos na cidade, também prestou queixa à polícia, entrou com processo na Justiça do Trabalho e pediu demissão em 2016, após trabalhar no Liceu por três anos.

“Eu não suportei mais ser maltratada e humilhada. Até hoje me sinto mal em falar sobre o assédio e as perseguições sofridas”, fala Heti.

No tratamento nada convencional que recebia, durante as reuniões a pedagoga lembra que alguns professores, inclusive ela, eram humilhados, tratados aos gritos e ameaçados. “A diretora se limitava a dizer que a gente não sabia fazer nada”.

Procurada pela reportagem do Portal, a diretora Andressa de Oliveira não se pronunciou até a publicação desta matéria. A Secretaria de Estado de Cultura (SEC) também foi procurada para enviar nota ou posicionamento quanto ao caso de conhecimento público e que ganhou as redes sociais, e ficou de dar retorno após verificar o caso.

Professor prestou queixa na delegacia de Parintins por assédio e racismo

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