MP vai denunciar 213 pela chacina do Compaj, João Branco, Carnaúba e Zé Roberto entre eles

Quadra do cemitério onde estão enterrados os detentos mortos na rebelião do Compaj. Segundo MP-AM, ordem para a matança, uma das maiores do Brasil, partiu de líderes da FDN que estão em presídio federal. Foto: Arquivo

Entre os 213 nomes que serão denunciados por envolvimento no massacre do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), ocorrido no dia 1º de janeiro deste ano e que terminou com 56 presos assassinados, alguns trucidados, estão os líderes da terceira maior facção criminosa do País, a Família do Norte (FDN).

Gerson “Carnaúba”, “Zé Roberto da Compensa” e João Pinto Carioca, o “João Branco” estão na lista de denunciados pela chacina, uma das maiores já ocorridas no Brasil.

Meio cruel

Nesta sexta-feira (24), o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) apresenta à Justiça o conjunto de denúncias pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas) dos 56 detentos mortos no massacre, 6 vítimas de homicídio tentado qualificado por motivo torpe, 26 vítimas de tortura e vilipêndio de cadáver (46 vezes).

Segundo o procurador-Geral de Justiça, Carlos Fábio Braga Monteiro, a Polícia Civil trabalhou intensamente na investigação do massacre, conseguiu identificar os participantes, tanto dos homicídios quanto das tentativas de homicídios.

“Com certeza será um dos maiores julgamentos do Brasil porque nós teremos mais de 200 réus envolvidos, cujas penas podem ultrapassar centenas de anos”, destacou Monteiro.

Ordem

Conforme a denúncia, em dado momento, o comando da FDN, em represália, ou para se afirmar como facção dominante no presídio, entendeu que devia exterminar a concorrência dentro do Compaj.

De acordo com o documento, a esposa de “Zé Roberto”, Luciane, foi a emissária da ordem, transmitida por escrito e lida no presídio diante das lideranças internas.

A denúncia do MP-AM também aponta que o momento do massacre era a oportunidade para que alguns dos associados pudessem resolver pendências pessoais, ou para que a FDN se livrasse de lideranças criminosas antigas, ou presos que tinham privilégios por antiguidade e que ofereciam resistência ou incomodavam a facção.

Todos os denunciados também responderão por crime próprio de integrarem organização criminosa. O documento contém 110 páginas.

Barbaridade

“A denúncia revela fatos de barbaridade extrema, com cenas de horror e perversidade que não podem ficar impunes, em nome da lei e da própria natureza humana que foi desvirtuada pelos denunciados, e sob risco de perdermos o controle sobre as organizações criminosas”, declarou o autor da denúncia, o promotor Edinaldo Medeiros, da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus.

Conforme o documento e a investigação da Polícia Civil, com mais de 3,5 mil páginas, realizada em torno da chacina, a ordem partiu dos líderes da FDN para matar, de forma cruel, os rivais do Primeiro Comando da Capital (PCC), cuja origem é de São Paulo, dentro do Compaj.

“Limpeza”

“Dentro do complexo há uma área onde houve várias mortes, chamada de inclusão, onde ficavam presos por “artigos errados”, como estupro, por exemplo, ou por problema com membros da FDN, pessoas que precisavam ficar separadas e eram colocadas nessa inclusão”, explicou o procurador-geral.

Na denúncia, é citado que a facção criminosa queria “limpar” aquela área, também chamada de “seguro”, para ser um novo local de lazer, inclusive para encontros íntimos.

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