Governo fecha acordo com 17 cooperativas médicas, isola ITO-AM e médicos alfinetam gestão David Almeida

Acordo evita paralisação do sistema de saúde

Médicos e enfermeiros aceitaram parcelamento dos salários, que estão atrasados entre um e cinco meses

O Governo do Amazonas, em reunião realizada na tarde desta sexta (24/11), firmou acordo salarial com 17 cooperativas médicas. Vai pagar outubro, “o mês da atual gestão”, entre 11 e 15 de dezembro. Metade de um mês, “referente ao passivo”, será paga entre 18 e 22/12. Na primeira semana da segunda quinzena de janeiro sai novembro, da atual gestão, e outra metade de mês do “passivo”. O acordo evita a iminente paralisação do sistema de saúde amazonense, por conta dos atrasos salariais.

O restante do “passivo” de outras gestões será parcelado entre fevereiro e outubro. Os atrasos salariais dos médicos variam entre um a cinco meses.

Os meses em atraso referem-se, quase todos, ao período de gestão interina do atual presidente da Assembleia Legislativa, David Almeida.

A única empresa que não assinou o acordo foi o Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Amazonas (ITO-AM). “Não aceitamos migalhas e estamos dispostos a lutar”, disse o presidente do ITO-AM, Rafael Benoliel.

 

Quem assinou o acordo

Estavam presentes e firmaram o acordo, segundo a Agecom:

Coopaneo

Coopanest

Coopenure

Iete

Coopati

Cooped

Coap

Imed

Igoam

Icea

Univasc

Cooperclin

Saap

Queiroz

Cardiobaby

Cooperfint e

S J Atividade Médica Hospitalar.

 

Acordo na visão do Icea

O acordo do parcelamento foi feito individualmente, com cada uma das empresas. A garantia firmada, porém, é de que todos receberão os atrasados até outubro de 2018. O secretário estadual de Saúde em exercício, o sub da pasta Orestes de Melo Filho, representou o Governo. O titular, Francisco Deodato, está viajando a trabalho.

“Pela primeira vez estamos negociando com um governo sério, que realmente se propôs a assinar conosco um documento. Responsabilizou-se por uma dívida que não era dele, que era anterior a essa administração. Fez um calendário para pagar todos os atrasados. É algo histórico e inédito”, disse o cirurgião José Francisco. Ele é diretor do Instituto de Cirurgias do Amazonas (Icea), uma das 17 empresas a assinarem o acordo.

As empresas afirmam que, nas gestões passadas, como não havia acordo, as datas não eram cumpridas. “Tem empresas como a minha, o Icea, com três meses de passivos. Vejo, agora, que vou conseguir solucionar esse problema. Então foi uma proposta que agradou a todos nós”, comemorou José Francisco.

 

Passivo de R$ 311 milhões

O valor dos passivos era de R$ 311 milhões, em outubro, quando o atual governo assumiu. Com o pagamento já feito pela atual administração, em novembro, caiu para R$ 267 milhões.

Orestes de Melo Filho ressaltou que o acordo é fruto da determinação do governador Amazonino Mendes. Ele autorizou a disponibilização de recursos pela Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). “A disposição da Susam e do Governo, desde o primeiro momento, foi pela negociação. O atual Governo sempre reconheceu a dívida, mesmo não sendo feita agora. Temos que negociar dentro das condições orçamentárias e do que é permitido do ponto de vista legal”, destacou.

Segundo ele, o acordo trará reflexos positivos no atendimento nas unidades. “Esperamos que se reflita na normalidade dos serviços, dando aos profissionais terceirizados mais tranquilidade. E que possamos trabalhar no avanço dessa assistência que hoje precisa melhorar”, afirmou.

 

Acordo costurado desde outubro

A Susam afirma que vem negociando com as empresas desde os primeiros momentos da gestão, que iniciou em 5 de outubro. Tanto que já pagou, em novembro, mais de R$ 44 milhões. O valor foi pactuado em uma reunião anterior, para dar fôlego às empresas. Enquanto isso, os técnicos faziam diagnóstico da situação e planejamento para propor regularização dos pagamentos.

 

Acordo na visão de Cooped, Igoam e Iete

A diretora da Sociedade de Pediatria do Estado do Amazonas (Cooped), Claudia Lemos, vê a parceria com bons olhos. “Esse canal aberto pelo atual secretário nos dá um certo conforto”, afirmou.

Diretor do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam), Cesar Dourado lembrou que isso não houve, em gestões anteriores. Isso o leva a crer no empenho do Governo em solucionar os problemas que a saúde atravessa.

Para a diretora do Instituto de Enfermeiros de Terapia Intensiva (IETE), Suzany Teixeira, a maior beneficiada é a população. “É uma proposta inédita. Esse governo nos chamou. Conseguimos conversar com o secretário, o que não acontecia há mais ou menos um ano”, relatou.

 

Opiniões

“Sabemos que estamos vivenciando um problema do Brasil inteiro, na crise. Aqui no Amazonas, passamos por três governos e muitos secretários. Esse canal aberto, agora, pelo atual secretário, nos dá um certo conforto. Porque nos dá um horizonte para a gente poder, pelo menos agora, se situar dentro do que estão nos devendo. Para que possamos programar a vida dos nossos sócios.  A gente vê essa parceria com bons olhos”.

Claudia Lemos, diretora da Sociedade de Pediatria do Estado do Amazonas (Cooped).

“Essa é a primeira vez que possuímos um calendário, com a promessa de cumprir. Eu acredito que a grande novidade é a pactuação que acabamos de fazer, documentando isso que foi acordado. Algo que nunca houve, algo que nos dá credibilidade. A ideia de que o governo está empenhado em solucionar todos esses problemas da saúde”.

Cesar Dourado, diretor do Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam).

“Esse processo foi muito importante, tanto em nível de governo quanto para terceirizados da saúde. Mas, o maior beneficiado, acredito que será a população. Foi fechado um acordo de cavalheiros e nós vamos receber o que nos devem desde junho, de governos anteriores. Uma proposta inédita, de três governadores que passamos. Esse governo, agora, nos chamou, conseguimos conversar com o secretário, o que não acontecia há mais ou menos um ano”.

Suzany Teixeira, diretora do Intituto de Enfermeiros de Terapia Intensiva (IETE).

“Pela primeira vez estamos negociando com um governo sério. Que realmente se propôs a assinar conosco um documento responsabilizando-se por uma dívida que não era dele.
Dívida que era anterior a essa administração, fazendo um calendário para pagar todos os atrasados”.

José Francisco, diretor do Instituto de Cirurgias do Amazonas (Icea).

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