Quadrilha presa na Operação Jaleco Preto extorquia famílias de pacientes em UTIs de hospitais do AM a SP

Investigações tiveram início há 2 meses e quadrilha movimentou cerca de R$ 2 milhões com o golpe, tendo acesso a dados sigilosos de pacientes e ordens dos chefes de dentro de presídio em Mato Grosso. Fotos: Divulgação

Com o golpe do “falso médico”, a quadrilha interestadual desarticulada pela Operação Jaleco Preto, nesta quinta-feira (23), movimentou cerca de R$ 2 milhões com as extorsões e estelionatos em vários Estados, a partir da base em Mato Grosso, além de atuar no tráfico de drogas, no recrutamento de pessoas para grandes assaltos e clonagem de veículos.

Por mês, o grupo criminoso faturava até R$ 200 mil, segundo levantamento da Polícia Civil do Amazonas, envolvendo ordens de dentro da Penitenciária Major PM Eldo Sá Correa, conhecida como “Mata Grande”, em Rondonópolis.

Dois meses

As investigações sobre o estelionato começaram há dois meses, por meio da equipe de investigação do 23º Distrito Integrado de Polícia (DIP), sob a coordenação do delegado titular Cícero Túlio.

A Jaleto Preto foi deflagrada desde às 6h, na cidade de Rondonópolis, no Mato Grosso. A polícia identificou que a organização criminosa atuava nos Estados do Amazonas, Pará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás.

Em Manaus, o golpe do “falso médico” foi aplicado em cerca de 10 hospitais particulares e públicos, entre as unidades estão Prontocord, Unimed, Samel, Check-Up, Adventista, Hapvida, Adriano Jorge, Beneficente Portuguesa e Santa Júlia.

Durante revista na penitenciária Mata Grande, polícia localizou anotações sobre o golpe aplicado

Dinheiro por exame

Conforme Cícero Túlio, os integrantes da quadrilha se passavam por médicos e mantinham contato com familiares de pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Eles solicitavam quantias em dinheiro dos familiares sob a alegação de realizar exames de urgência nas mesmas. As vítimas eram escolhidas entre pessoas com condições financeiras de arcar com as despesas médicas.

Dentro do presídio

Durante os trabalhos foi identificado que o núcleo operacional da quadrilha comandava o restante dos integrantes do grupo de dentro da penitenciária “Mata Grande”. O restante operava a parte financeira e ficava responsável por disponibilizar contas bancárias utilizadas para o recebimento de valores oriundos dos golpes.

“E no núcleo operacional ainda havia a coleta de dados sigilosos de prontuários dos pacientes, que eram repassados para iniciar o golpe. Estamos cumprindo 8 mandados de prisão preventiva, além dos três que já estão detidos em Mata Grande”, explicou Cícero Tulio.

Os envolvidos na organização criminosa que praticava estelionato contra famílias de pacientes em UTIs de vários Estados

Mandados

Até o momento foram cumpridos os três mandados de condução coercitivas em nome dos detentos Jhon Anderson Lima Silva, 27; José Divino Ribeiro Feitosa, 38, e Diego Gabriel Mariano Garcia, 24. José Divino e Diego são formados no curso de Direito.

Dos oitos mandados de prisão temporária, foram cumpridos cinco em nome de Victor Porto de Freitas, 20; Vilma Alves Dias, 41; Letícia Paranha da Silva, 21; Thaynara Tauane Pereira das Chagas, 19, e Andressa Nogueira de Souza Martins, 24.

Vítimas

Em Manaus há informações de pelo menos 10 vítimas. Em São Paulo, um preparador físico de um grande time de futebol também foi alvo, assim como empresários de Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Durante o golpe, na capital amazonense, dois parentes de vítimas faleceram após o dinheiro ser depositado nas contas do grupo.

A Jaleco conta com apoio de mais de 50 policiais da Coordenadoria de Inteligência, Polícia Civil do Mato Grosso, Derfd de Rondonópolis, grupo de operações especiais e setor de Inteligência Penitenciária, tendo sido realizada uma revista no presídio.

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