A história do resgate da marquise da loja Marisa, tradição arquitetônica quase perdida de Manaus

O ferro fundido, importado da Europa, estava prestes a desmoronar. A Prefeitura, através do Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano (Implurb), autorizou a demolição. Robério Braga, historiador e ex-secretário estadual de Cultura, e Humberto Barata, arquiteto da pasta, se mobilizaram para resgatar a estrutura. Nesta quinta (16/11), a fachada reaparece quase totalmente recuperada e pintada.

“Foi uma guerra para salvar, mas deu certo”, afirma Robério. O prédio, na esquina da avenida Eduardo Ribeiro com 7 de Setembro, é uma joia da Belle Époque. “O ferro fundido foi trazido da França. Havia muitas dessas na cidade, mas agora restam pouquíssimas”, lembra.

Humberto Barata fez uma proposta cromática, inspirada na arquitetura do Período Áureo da Borracha. Feito o teste, tudo ficou tão bonito que ele resolveu ir em frente. “Conversamos com o dono da sapataria ao lado e ele também vai pintar a fachada nas mesmas cores. Isso dará uma ideia de uniformidade muito legal”, afirma Barata.

Demitido

Um importante detalhe é que Humberto Barata, por conta das mudanças na Secretaria Estadual de Cultura (SEC), foi demitido. Ele faz agora um trabalho voluntário, baseado na confiança dos proprietários do Centro e pelo conhecimento da Belle Époque.

As tesouras de sustentação já foram fincadas na fachada. Os vidros azuis da cobertura foram reproduzidos. Só restaram três originais. A ferragem da curva, que as fotos mostram estar faltando, chega nesta quinta (16/11) da tornearia. A restauração deve estar pronta no sábado. Vale a pena ver essa joia de pé.