EXCLUSIVO: David Almeida abre o jogo e manda recado para Amazonino: ‘Não é possível perseguir meus amigos’

David Almeida é o atual presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas

David Almeida, nesta entrevista exclusiva, fala sobre o mandato de Amazonino, Melo, Arthur, Eduardo Braga, Rebecca e Zé Ricardo

O ex-governador e atual presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, David Almeida, abriu o jogo. Nesta entrevista ao Portal do Marcos Santos, ele manda um recado direto para o governador Amazonino Mendes: “Não é possível perseguir meus amigos que estão no Governo. Teria que demitir todos os professores e todos os policiais”, afirma.

David também comenta os fatos mais recentes da política estadual e a possibilidade de se candidatar a governador no ano que vem. Veja a íntegra da entrevista:

Portal do Marcos Santos – Qual sua opinião sobre o primeiro mês da gestão Amazonino Mendes?

David Almeida – Não posso emitir uma opinião tão abrangente e definitiva. Prefiro esperar mais um pouco. O que se viu – e é concreto – é que a arrecadação estadual caiu e o Governo tentou maquiar números. Compararam a arrecadação de outubro com o mesmo mês do ano passado e ignoraram que, em relação a setembro, houve queda. Tomara que o sinal de alerta tenha ligado e o rumo da nossa gestão, revertendo a queda de arrecadação, possa ser retomado.

 

pms.am – Não é muito cedo para avaliar o caminho tomado por seu substituto?

David – Fiquei cinco meses no Governo e há um monte de insinuações quanto aos atos da minha gestão. No primeiro mês tomamos atitudes. Amazonino foi à Justiça dizendo que eu era “interino” e tinha que cruzar os braços. Cinco meses! Mas, se pudesse dar um conselho a alguém que é governador pela quarta vez, diria: trabalhe cada dia como se fosse o último da sua gestão porque o Amazonas não tem tempo a perder.

 

pms.am – O senhor se encontrou institucionalmente com o governador, na homenagem pelo aniversário da Assembleia de Deus no Amazonas. Como foi?

David – Normal. Cumprimentos protocolares, cordiais. O presidente da Assembleia Legislativa, presidente do Poder Legislativo, precisa se relacionar com o chefe do Executivo. E vice-versa. A cordialidade é parte do meu caráter. Vou encontrar mil vezes com o Amazonino, em solenidades, e procurar tratá-lo cordialmente sempre.

 

pms.am – Qual sua opinião sobre a possível troca de ocupantes de cargos, que já começou, na gestão de Amazonino?

David – Normal. Ocupantes de cargos de confiança sabem que podem ser demitidos ad nutum, isto é, pela vontade do governante. A qualquer momento. O que tenho visto com preocupação é uma certa perseguição a quem acham ser meu amigo, remanescente dentro da administração. Devo advertir o governador que não é possível demitir todos os meus amigos. Só se ele pudesse colocar na rua todos os professores, todos os policiais, o funcionalismo em geral. São meus amigos, falam bem de mim e acho até que votam em mim porque eu os tratei com dignidade. Perco todos esses votos, aliás, com muito prazer, se o governador resolver brigar comigo de forma positiva, fazendo mais por eles. Se o funcionalismo estiver bem, o Amazonas fica melhor e isso é bom para todos.

 

pms.am – Como o senhor compararia o governo que entregou para Amazonino, em relação ao governo que recebeu do governador José Melo?

David – O professor Melo, de quem fui líder na Assembleia Legislativa, não teve paz para governar. Teve que lutar contra o processo de cassação do mandato dele desde o dia da posse. Cometeu muitos equívocos, alguns dos quais só pude ver quando cheguei ao comando do Governo. Então é claro que um governo fustigado, agoniado, agonizante, não pode construir um cenário ideal na administração. Senti isso na pele, nos últimos dias da minha gestão. Houve aquela corrida aos tribunais para que eu não pagasse os professores e os fornecedores. Pensavam que eu era morredor e que seria fácil imobilizar o Amazonas sob meu comando. Mostrei que isso não é possível porque cada dia é fundamental na recuperação do Estado. É por isso que vou apontar, sempre que perceber, falhas na gestão de Amazonino. A intenção é corrigi-las e evitar que desviem o rumo do desenvolvimento.

 

pms.am – Em resumo, o senhor recebeu um governo esfacelado de José Melo porque ele estava às voltas com a cassação. E o seu legado para Amazonino?

David – Foram cinco meses. Entreguei a AM-070, até a ponte do rio Ariaú, na altura do quilômetro 40. Três governadores trabalharam antes de mim nessa obra e eu concluí metade dela. Começamos a organizar a saúde. Obtive doações de dois tomógrafos, para o interior, que ainda estão chegando. Médico moderno não opera acidentados sem uma boa tomografia e no interior só São Gabriel da Cachoeira tinha tomógrafo. Esse equipamento, veja só!, resultou de uma emenda parlamentar do deputado Pedro Teixeira (PT-SP) por causa da morte do filho dele. O rapaz estava nadando numa área de cachoeira e se afogou no rio Negro. O deputado descobriu que o menino bateu a cabeça e dificilmente sobreviveria por falta de um tomógrafo. Mesmo se tivesse sido resgatado com vida. Tem a arrecadação, que reverteu a queda e surpreendeu a todos ao subir. Tem o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que paguei. Corrigi rumos. Construí uma trilha para o próximo governo.

 

pms.am – O senhor está conversando com a ex-superintendente da Suframa Rebecca Garcia e com o deputado estadual José Ricardo? É sobre 2018? Como ficaria uma chapa formada por vocês?

David – Estou conversando amplamente. Também tenho buscado a área empresarial. Alguns me procuram e outros eu procuro. Não recuso diálogo. O Amazonas não será construído com governante batendo no peito e dizendo: “Eu sou experiente. Eu sei tudo”. Com Rebecca e José Ricardo a gente tem conversado em parte para nos defender e em parte para projetar rumos.

 

pms.am – Um sai para o governo e os outros dois para o Senado?

David – Pode ser e pode não ser (risos). Essa aí é a definição que deixamos para depois. Por enquanto, as conversas vão no sentido de caminharmos juntos.

 

pms.am – O senhor falou há pouco sobre a corrida aos tribunais, no fim da sua gestão, para paralisá-lo. Um dos que participaram disso foi o prefeito Arthur Virgílio. Qual é sua posição em relação a ele?

David – O Arthur? Você lembra com quem ele estava ano passado? Eduardo Braga. E quem foi que ele ajudou a rifar este ano? Eduardo Braga. Arthur é o chamado “animal político”, aquele cara que se move por caminhos de difícil compreensão. Vamos esperar 2018.

 

pms.am – Como está hoje a correlação de forças, entre o senhor e o governador, na Assembleia Legislativa? Quantos deputados estão no seu grupo e quantos no grupo de Amazonino?

David – Tenho me pautado, como presidente da Assembleia Legislativa, pela busca da moralização do poder. Busco soluções para o Estado. Espero sempre contar com a maioria do parlamento quando o bem-estar da população estiver em jogo. Esse é o meu lado. Espero que seja o lado de todos aqui. Números? Eu tenho, claro. Mas na hora certa todos vão saber quais são.

 

pms.am – Corre, entre jornalistas, a história de que o senhor levantou a mão quando o pastor Jônatas Câmara anunciou homenagem ao governador. Teria sido naquela homenagem à igreja Assembleia de Deus. Isso ocorreu?

David – (risos) Lá de cima, da mesa, eu aceno o tempo inteiro para jornalistas, colegas ou funcionários da casa. Alguém, com muita maldade, pode imaginar que tenha sido um ato falho, um ato reflexo em relação à chamada do governador. Querem dizer que eu saí do Governo, mas o Governo não saiu de mim. Jamais isso ocorreria. Minha primeira profissão foi motorista. Aprendi muito. O último cargo que ocupei, antes de voltar à presidência da Aleam, foi de governador. Sabe qual a principal lição que aprendi? Humildade. Se eu fosse arrogante, hoje não conseguiria sequer sentar no banco da minha igreja. Ou ajoelhar diante de Deus, como faço todos os dias.

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4 comentários

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  1. Paulo Cabral Barboza Jr disse:

    Só para esclarecer a AM070 tem 84 km de extensão e já estava concluída até aproximadamente o km 20. Não sei como ele chegou a conta de que entregou a metade. Nada muda….

    RESPOSTA
    Acho que o que ele quis dizer é que entregou a metade do que foi feito até agora.

  2. Ardinael disse:

    Davi falando de perseguição é uma piada. Eu sou testemunha de que ele perseguiu funcionários que não iriam votar na Rebecca. Am 070 já estava em reforma. O Fundeb foi conquista do Rossiely. O escalonamento dos policias civis e o enquadramento dos PMs estava ja estava em curso no governo de Melo. O que Davi fez foi empenhar muito dinheiro nos município para tentar eleger sua candidata. E ameaçou funcionários que não seguiam sua cartilha. Eu acompanhei uma ameaça dessa. Davi é uma fraude!

  3. Valmir Auzier Vinhote disse:

    É bom ter bom senso,manter sempre um dialogo, ser humilde. Se a palavra de Deus diz bem aventurado os mansos porque herdarao a terra.

  4. Paulo Ramos Rolim disse:

    O Governo, ate agora, ameacas a servidores. E desrespeito a regimentos internos de orgaos.
    Age como Dono, nao pede opiniao.
    Esta equivocado.
    Nao valoriza, nao respeita a prata da casa.
    So suspence.