Anúncio de rombo e ameaça de CPI na saúde são ventos do confronto David x Amazonino, Omar e Arthur

Filas nos hospitais e constatações da Operação Maus Caminhos vão aflorar no confronto David x Amazonino

Deodato promete apresentar documentos que comprovam o tamanho do rombo na saúde

O governador Amazonino Mendes, experiente até a medula na política, sabe que, mais que de cargos, político vive de perspectiva de poder. Os acólitos, sempre ao redor dos cofres públicos, seguem tanto quem tem a chave atual quanto aqueles com possibilidade de obtê-la. O presidente da Assembleia Legislativa, David Almeida, ganhou adeptos na passagem pelo Governo do Estado e está inserido no contexto. Amazonino sabe que, no mandato pouco maior que um ano, com limitações eleitorais, seu campo de ação será curto se não lutar pela reeleição, em 2018. É por isso que o governador está com o bloco na rua. E David também. Começou a guerra David x Amazonino, Omar e Arthur.

Por quê surgiram, tão rapidamente, as denúncias de rombo na saúde? Segundo o titular da Susam, Francisco Deodato, são R$ 400 milhões. O próprio governador, em vídeo, disse que a situação era ainda pior e que o buraco seria de R$ 1,2 bilhão.

Deodato promete ir aos órgãos da Rede de Controle no Amazonas, que tem, entre outros, os ministérios públicos Estadual e Federal, Polícia Federal e Tribunal de Contas do Estado (TCE), levando os documentos que comprovam o tamanho das dívidas deixadas por “antecessores”.

É claro que a bomba é destinada ao colo do ex-governador David Almeida. E ele reagiu, nesta segunda (10/10), pelos deputados estaduais Sabá Reis (PR) e até Zé Ricardo (PT), ameaçando com uma CPI para estender as investigações às gestões José Melo e Omar Aziz, este último um dos principais aliados de Amazonino. O próprio David disse que é “uma irresponsabilidade” tentar atribuir a ele o rombo na saúde, prometendo esgrimir números que o eximem.

Lógico que uma briga política nesse nível, envolvendo o presidente da Assembleia e o governador do Estado, ambos interessados em abrir a caixa preta da saúde no Amazonas, interessa a todos. Tomara que ao final não saia aquele veredito clássico, em que o juiz, após ouvir os desaforos de acusação e defesa, bateu o martelo e disse: “Os dois têm razão. Ambos estão condenados”.

O teatro de operações dessa guerra é a política, tendo a saúde como cenário. O pano de fundo é a dura realidade dos hospitais amazonenses.

A melhor unidade do interior é um avião ou a ambulância, nas cidades ligadas por estradas à capital. Para quem mora em Manaus e tem dinheiro, o plano de saúde precisa envolver os hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, em São Paulo, onde se faz saúde com dignidade.

É inevitável o confronto David x Amazonino. Ainda mais que os parâmetros dos dois, diante da opinião pública, são bem diferentes.

David foi comparado com José Melo, cassado, apagado, o pior governador da história do Amazonas. Amazonino enfrenta a imagem do próprio David, que soube fazer, em cinco meses, base sólida com categorias como as dos professores e policiais.

 

Omar e Arthur

Onde o senador Omar Aziz e o prefeito de Manaus Arthur Virgílio entram nisso? Omar de forma direta, porque David já mostrou que provocará um mergulho na gestão dele, Omar, caso seja ameaçado de inviabilização política. Arthur porque não assiste a uma briga da arquibancada e logo encontrará um meio de confrontar o presidente da Aleam.

Incrível é que a ideia fixa de inviabilizar David Almeida para 2018 pode se transformar no principal fator de durabilidade da aliança Amazonino-Arthur-Omar. Os três querem o Governo do Estado, em 2018, mas primeiro vão lutar para eliminar o concorrente, o cristão novo, antes de se engalfinhar entre si.

Ah, sim: se o prefeito de São Paulo, João Dória, continuar no confronto de peito aberto com Arthur Virgílio, nessa história da candidatura do prefeito de Manaus a presidente, ele acaba mesmo disputando o Palácio do Planalto.

 

Cadê os condenados?

O rombo na saúde existe. É visível. Está nas filas, nas macas que ficam nos corredores, nos atrasos de pagamentos dos fornecedores e dos funcionários, nas inúmeras paralisações. Mais que isso: está nas constatações da Operação Maus Caminhos. A demora no desfecho dela, aliás, com prisão dos responsáveis, miúdos ou graúdos, é que dá aos operadores do dinheiro da saúde a sensação de que podem continuar, impunemente, a matar amazonenses para encher os bolsos.

O rombo, agora denunciado, é o buraco na fechadura. Chegou a hora de, mais que olhar por ele, girar a chave e entrar nesse cofre.

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3 comentários

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  1. Daniel disse:

    Se o tal rombo for realmente comprovado, Davi almeida deve ser investigado por omissão. porque ele como honesto que se diz ser, corroborou e empurrou com a barriga tamanho escândalo.

  2. Adalberto Carlos dos santos Oliveira disse:

    Parece que político no escapamento de bandido vagabundo mal cara pegou poder já tá roubando Isso é falta lei Neste País

  3. Irene disse:

    Tem que ter rodízio de direção. O máximo seria de dois anos em cada hospital.pra não dá tempo de fazer o pulo do gato!