As brigas de Braga com Marcelo e de Amazonino com Arthur e Omar. O vale-tudo da reta final da campanha

Eduardo Braga, Marcelo Ramos, Arthur Virgílio, Omar Aziz e Amazonino são os protagonistas da eleição suplementar

Há alguns princípios imutáveis em política. Um deles é o da “mosca azul”, que dá a todo candidato a certeza da vitória, por mais que isso seja inverossímil. Centenas deles continuam otimistas, mesmo quando as urnas contabilizam o minguado “potencial” de voto. O outro é a obrigatoriedade da baixaria. Havia um candidato que “vendia o passe” para atacar adversários de quem pagasse, até o dia em que o discurso dele se tornou tão irrelevante a ponto de fazê-lo desistir. Agora o chute na canela se transferiu para as redes sociais, com o whatsapp na frente. E surgem boatos sobre brigas nas duas composições que disputam o 2º Turno da eleição suplementar do Amazonas.

Amazonino, Omar e Arthur teriam brigado por causa da divisão de cargos no futuro governo. A “propriedade” de secretarias teria provocado o imbróglio. Não há como sustentar isso. Os três são calejados demais para brigar por miudezas. E sabem muito bem como conter os que estão abaixo deles.

Tanto Amazonino Mendes, retirado da aposentadoria por Omar Aziz, que vendeu a ideia para Arthur Virgílio, quanto seus dois maiores apoiadores, sempre frisaram que a aliança deles é para agora, 2017, eleição tampão. Querem, na verdade, afastar a possibilidade que Eduardo Braga domine a política no Estado pelos próximos cinco ou até nove anos.

Já em 2018, o cenário será outro.

Pode ser que Amazonino, governador, e Arthur, prefeito, se deem tão bem que mantenham a aliança. Amazonino pode voltar à aposentadoria, vencido pela idade ou pela absoluta falta de apetite para governar, como já aconteceu em 2012, quando desistiu de disputar a própria reeleição na Prefeitura. Aí seria possível uma chapa com Omar governador e Arthur senador ou vice-versa.

Na outra ponta da disputa, Eduardo Braga teria brigado com Marcelo Ramos. O relato que circula no whatsapp está tão recheado de palavrões e fatos rasteiros que revela o ódio da origem. O vice teria cobrado parcela do prometido pelo apoio à chapa. O “dono” do Partido da República (PR) no Amazonas, deputado federal Alfredo Nascimento, teria dado um ultimato para que Marcelo deixe a sigla, após a eleição, tal a virulência da briga.

Não dá para acreditar. A briga teria ocorrido na casa de Braga, no Jardim das Américas, mas ele mora no Jardim Europa. E, depois, a ingenuidade de Marcelo Ramos não pode chegar ao ponto de fazer acerto financeiro tão relevante para receber depois.

Só tem uma ponta de verdade nessa segunda briga. Marcelo, quando terminar a eleição, não tem como permanecer no PR. “Alfredo tem sido muito decente comigo”, repete, sempre que indagado sobre o líder da sigla. Mas a realidade mostra um corte na carreira dele, nesta eleição, quando tinha o melhor recall, após a disputa de 2016, patrimônio destruído após a aliança com Braga.

Verdade é que Marcelo perdeu o bonde da história quando recusou a oferta de Marina Silva para dirigir a Rede Sustentabilidade no Amazonas. Antes. alegou que a sigla não estava legalizada. Depois, que não podia abandonar o compromisso com Alfredo, já filiado ao PR. A realidade mostra que o parceiro, por mais “decente” que seja, precisa cuidar da própria sobrevivência e não hesita em trombar com os interesses do outro. Tem trabalhado na linha do “faltou dinheiro, não vamos fazer”.

O fato é que esses boatos, facilmente espalhados por reprodutores contumazes das correntes, que espalham meias verdade ou mentiras absolutas nas redes sociais, tiram o foco do principal, que é a discussão de saídas profundas para os problemas graves do Amazonas.

E assim corremos o risco de viver mais um governo passando longe da busca de alternativas à Zona Franca de Manaus. Turismo, biotecnologia, pesca esportiva, gastronomia regional, produção rural… Trazer cebola da Holanda!!! O domínio de melancia e banana vindas de Roraima e do tambaqui e matrinxã de Rondônia já são uma ofensa, imagine isso. Nenhum dos candidatos dedicou uma linha à discussão de como incentivar esses segmentos, tão óbvios como fundamentais à sobrevivência do Estado.

A eleição parece decidida. Mas tem sempre aquele dia em que a galinha cacareja, cacareja e nada do ovo prometido. Até domingo tem pouca água para rolar sob a ponte, mas as águas vão rolar.

A qual lado prejudicarão os brancos e nulos? E a prometida abstenção gigantesca? Periga um resultado com 1º lugar, brancos, nulos e abstenção, 2º lugar, o governador eleito. Aí estaremos dando carta branca ao acaso e um “faça o que quiser” com os de R$ 13 bilhões a R$ 18 bilhões de orçamento anual do Governo do Amazonas. Se acontecer, quando alguém reclamar do subdesenvolvimento do Estado e olhar números como esses da eleição poderá dizer, como Amazonino: “Então tá explicado!”.

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