Pinduca, a força de um Rei

Augusto Bernardo Cecílio*

Sábado de calor, de calor humano, de Lua Cheia iluminando Manaus, mas quem brilhou mesmo foi Pinduca, o Rei do Carimbó, que com seu talento e simpatia conquistou a todos que lotaram o Arraial Chefs de Ponta, gol de placa do Shopping Ponta Negra.

Por mais de duas horas de show essa lenda viva da música popular brasileira – que ficou famoso muito antes das novas tecnologias – desfilou talento  e imenso repertório. Mal entrou no palco já foi exaltando o Pará, do qual é o maior embaixador, e ganhou o público.

Foi generoso, ao se referir sempre às atrações musicais do Arraial, elogiando os colegas cantores, sem estrelismo e com muita simplicidade. Foi respeitoso com o público, deixando ser fotografado sem pressa. Com brincadeiras puras e sadias, distribuiu felicidade para um povo sofrido por tantas incertezas, pela falta de ética e moral,  e pela injustiça.

Foi extremamente profissional e disciplinado, não perdendo nenhum tempo entre as músicas. Queria cantar e agradar. E conseguiu. Era muita gente dançando e participando do show, centenas de fotos e filmagens. Pessoas demonstrando imenso contentamento.

Foi professor, ao nos ensinar com os seus atos e as letras de suas músicas o quanto é importante a pessoa valorizar e amar a sua terra. Verdadeira lição. E isso ele faz naturalmente. Invariavelmente, suas canções retratam as coisas simples, a cultura de sua terra, o interior do Pará, sua capital Belém, os usos e costumes dos nossos irmãos vizinhos, sempre se lembrando de cantar o amor, o tucupi, o tacacá, o açaí.

Como foi bom ver tantas crianças participando e conhecendo de perto o cara que ficou famoso pela perseverança em levar ao Brasil a sua arte e os seus ritmos. Que mesmo sem Internet e redes sociais investiu o seu talento e o sua energia em propagar a sua música. Um artista que não é produto da mídia, e que ocupa totalmente o palco com um show tão demorado e gostoso, dançando e cantando sempre com um sorriso no rosto, como um garoto de férias.

Fui pra assistir Pinduca. Fiquei vendo cada parte  da sua apresentação e fiquei encantado. Poucos artistas no mundo têm esse carisma. Ele é natural, simples, humilde, verdadeiro, exemplo.

Repito, poucos cantam tanto a sua terra, e isso pra mim não tem preço. Sua imagem com aquele chapelão enfeitado, camisa brilhosa ou florida, da calça e sapatos elegantemente brancos, é a marca registrada de um artista que ganhou o mundo e conquistou gerações.

Pinduca é um patrimônio de todos. Nascido em Igarapé Miri, ele transcende o Pará e o Brasil. Pertence à humanidade, e o Amazonas também requer esse espaço no coração do Rei. No show, exaltou o Amazonas e Manaus, sem esquecer-se de Parintins (brincando com os torcedores dos bois, dos times, sempre lembrando o Remo e o Paysandu), além de Maués, onde recebeu Título de Cidadão.

Pergunto-me por que passei tanto tempo sem assistir Pinduca. Se verei de novo? Com certeza! Vida longa e feliz ao Rei. Carimbó, Sirimbó, Siriá e a Lambada devem muito a ele, porque Carimbó, Sirimbó é gostoso/É  gostoso em Belém do Pará.

 

*Auditor fiscal da Sefaz.

 

 

Augusto Bernardo Cecílio

Augusto Bernardo Cecílio

* Auditor fiscal da Sefaz, coordena o Programa de Educação Fiscal no Amazonas.

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