Festival de Parintins foi melhor que em 2016, mas precisa mudar para voltar ao auge da festa

Caprichoso venceu o Festival de Parintins mexendo radicalmente nos itens. É hora de outras mexidas na festa inteira. Foto: Tereza Cidade

Os bumbás de Parintins mostram, ano após ano, a incrível capacidade de superar adversidades. Passaram, ambos, por momentos em que os problemas eram tão graves que pareciam forçá-los a abandonar a disputa, mas se fizeram presentes e competitivos. O Festival ainda sofre com a estupidez do ex-governador José Melo, que retirou o apoio financeiro do Governo do Estado ano passado. Mostrou, ao contrário, sinais claros de recuperação do otimismo. A síntese, porém, ainda revela distância do apogeu. É preciso tomar algumas medidas.

Os atuais presidentes dos bumbás, Babá Tupinambá e Adelson Albuquerque, mostram sensibilidade e disposição de fazer o necessário para facilitar a organização e o acesso do público. O prefeito Bi Garcia também vive a festa muito de perto. É dele, aliás, grande parte da responsabilidade por esse início de retomada do pique do Festival.

Está na hora de mexer no tempo de apresentação. Com duas horas e meia para cada, o Festival fica caro e enfadonho para o público, difícil de transmitir e um massacre dos artistas. Ok, faça-se uma redução gradativa, primeiro para hora e meia sexta e domingo e duas horas no sábado. Mexa-se no intervalo, que pode diminuir para 25 minutos, com apenas 5 minutos daquela encheção de linguiça do “animador de galera”. Eles são verdadeiros heróis por segurar a ansiedade gritante dos torcedores, após duas horas e meia de apresentação do contrário e mais 30 minutos dos apresentadores da festa, fora a espera na famosa fila. Os 15 minutos que ocupam, fácil reconhecer, são absolutamente desnecessários.

É racional também acabar com a exclusividade na transmissão. A TV A Crítica está na frente, adquiriu know how invejável e encontrou a melhor fórmula para transmitir o espetáculo até aqui. Aí está o diferencial dela. Que venham as demais TVs de Manaus, inclusive nos meses que antecedem a festa, sem a preocupação de “colocar azeitona na empada dos outros”. Estão fazendo uma falta danada aqueles eventos da TV Amazonas no Studio 5.

Outra coisa são os preços da festa. É preciso arranjo econômico, baseado em estudo técnico e muito diálogo com os empresários, inclusive micros, para encontrar solução viável. Uma delas é fazer um calendário de eventos ao longo do ano, em torno dos bumbás, evitando a pressão concentrada nos três dias do Festival.

Companhias aéreas, barcos, hotéis, pousadas, casas com quartos no sistema cama-e-café-da-manhã, bares, restaurantes e todos os outros segmentos envolvidos precisam entender que cobrar os absurdos preços de hoje é matar a galinha dos ovos de ouro.

A Prefeitura e o Governo do Estado deveriam chamar atenção das operadoras de telefonia. O serviço oferecido a quem foi ao Festival foi um lixo. Horrível. Sofrível. Indigno da tecnologia disponível. Isso precisa ter punição ou se repetirá, com prejuízo incalculável para todos.

O Bumbódromo já deveria oferecer, faz tempo!, o serviço de wifi grátis. Isso multiplicaria aos milhares o compartilhamento do Festival nas mídias sociais. Organicamente. É o sonho do marketing moderno.

A hora é boa para mudanças. O momento é de pensar com frieza e sensatez. Quem gere o Festival de Parintins precisa estar à altura dos nossos primeiros, donos da dedicação e desprendimento que fizeram a festa chegar até aqui, para manter tudo de pé e em crescimento.

Tomara que o espírito aberto, responsável pela volta do otimismo, ocorrida este ano, presida as ações para 2018. Que vença o Festival.

 

PS: Parabéns ao Caprichoso pela vitória. Nenhum julgamento pode empolgar a ponto de obscurecer os méritos do adversário. Nem impedir a busca do aperfeiçoamento. A ousadia do presidente Babá, em trocar tantos itens e executar tantas alternativas inovadoras, mostra que é possível mudar e aprimorar cada vez mais. Obrigado pela tocante homenagem, sexta-feira, a meu pai Zé Caiá, que representa, no humilde papel de auxiliar do irmão, Luiz Gonzaga, todos os anônimos que trabalharam pelo crescimento da nossa festa. “Lá vai Santarém, Porrotó/ Luiz Gonzaga, Pamim/ Zé Caiá/ Heróis do rio, do igapó/ História do meu bumbá.”

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9 comentários

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  1. Dodó Carvalho disse:

    2 noites sexta e sábado de 2 hrs para cada Boi começando as 20 hrs e no domingo o resultado

  2. Perfeito, Marcos!
    Amanhã estou pedindo na Defesa do Consumidor, indenização contra as operadoras Vivo e Tim, pelos dias que fiquei em Parintins. Não foi possível usar os serviços de telefonia e internet durante o período. Vergonha ver o povo que comprava os ingresso com cartão de crédito na Amazon Best, indo pro meio da rua com a maquineta de cartão na mão levantada, parecia fazer oração aos céus, literalmente, a fim de conseguir sinal de rede.
    Ingressos caríssimos e o tempo longo de apresentação, um saco!
    Mas vou voltar em 2018.

  3. Manoel Sousa da Costa disse:

    Gastamos 600 milhões pra fazer a arena da Amazônia. Com metade desse valor daria pra ampliar o bumbodromo e não só fazer aquele puxadinho feio que só visou atender os ricos com camarotes. O festival existe por causa do povo não é por causa dos ricos.

  4. Jorge disse:

    O Governo já gasta muito com apoio e serviços indiretos. E o dinheiro não fez falta – os bois, assim como o Governo, gastam mal.

    Sem exclusividade, não haverá verba da TV! É fundamental reduzir a duração do espetáculo, mantendo os 3 dias.

    Para popularizar a toada, só com a Globo.

    Os preços vão continuar a subir; “é o mercado estupido”. Não há como aumentar a capacidade do bumbodromo, nem é viável construir hotéis que funcionam durante um mês!

    É possível sim reintroduzir eventos dos Bois em Manaus, mas isso tem de ser feito através é empresas especializadas, como as que produzem eventos tipo Vila Mix. Há uma enorme disparidade entre a gestão do Caprichoso e do Garantido, de modo que é preciso um profissional independente para equalizar isso é trabalhar em prol de ambos.

  5. Raine de Jesus disse:

    Você foi brilhante ao lembrar de nomes anônimos que contribuíram para o brilho atual do festival de Parintins. O seu Caia foi uma grande força junto com seu Luiz Gonzaga e o Nascimento lá do beco. Bateu a saudade daqueles tempos em que éramos meninos e assistimos os ensaios do caprichoso na casa do seu Luiz lá na Rio Branco. Abraços, e parabéns mais uma vez pela matéria.

  6. Jefferson disse:

    Concordo em muitos pontos, principalmente os relativos a valores. Ir a Parintins é uma viagem absurdamente cara para quem mora em Manaus. Imagine quem vem de outro estado. Fui esse ano com minha esposa e nossa despesa foi de R$ 5 mil. Isso porque fomos apenas uma noite pagando ao bumbodromo. Despesa esta que daria para irmos até o sul, passarmos 1 semana num ótimo hotel e ainda sim não gostaríamos tudo isso. Porém, não concordo na diminuição do tempo para 1:30 hr. Acredito que 2:00 hrs por noite estaria ótimo. Tb não concordo com a retirada do animador da galera. Os 15 minutos dele não iriam influenciar em nada e acredite, ele é muito importante pros torcedores.

  7. Rita Gama disse:

    Foi muito corajoso o Presidente do Caprichoso. Inovou e fez acontecer! Parabéns Babá! Sobre os preços acho um absurdo e são abusivos. Em relação ao tempo acho sim que deveria diminuir,e cansativo é humilhante horas de fila.
    Total falta de respeito das operadoras de telefonia,minha Internet não pegou nem dia que estive em Parintins.
    Voltarei ano que vem e espero que tudo posso se ajustar como deve ser,creio em dias melhores. O festival e Magnífico!

  8. Deborah Costa disse:

    a festa é linda, mas o disparate de preços abusivos das companhias areas e outros setores são de mais, as pessoas que vão em embarcações sofrem com a má estrutura é uma viagem que não te da praticamente suporte algum, faziam 5 anos que não visitava Parintins, não mudou quase nada, concordo com seu comentário Marcos, ano que vem não volto,contando com 2017 já são 17 anos indo a festa, espero que a organização do festival se volte mais para o povão e não para elite(nada contra) , parabéns ao caprichoso pelo campeonato.

  9. Eduardo Jorge disse:

    As passagens de avião e barcos foram uma nódoa no Festival. Pagau-se R$ 1.400,00 por uma ida e volta de avião, qdo normalmente se cobra menos de R$ 400,00.
    Uma passagem de Lancha Expresso que custa R$ 100,00 cada trecho antes da festa subiu para R$ 250,00.
    É a fiscalização zero.