Amazônia Viva, Verde e Biodiversa

Prof. Dr. Pe. Manuel do Carmo da Silva Campos

Há de se perguntar, o que restou para os nativos, ribeirinhos, quilombolas e demais populações da Amazônia e de sua floresta verde dos projetos operacionalizados pelo sistema capitalista? Do Látex, a estrutura arquitetônica da Paris dos Trópicos ou Manaus da Belle Époque, cidade de 70 mil pessoas feita na época para os seringalistas ricos e estrangeiros, menos para os pobres e povos da floresta. Hoje uma cidade com aproximadamente 1,5 milhão de habitantes que é obrigada a se contentar com as migalhas deixadas pelo distrito industrial e que leva a mais-valia da riqueza explorada para o capital estrangeiro.

Dá pena ver as condições dos rios podres que cortam a cidade, suas ruas emburradas e a criminalidade em grande escalada – ladrões que roubam e matam sem piedade, a polícia truculenta que bate nesses marginalizados e a população que lincha. Atualmente em Manaus tem-se entre 8 a 17 pessoas assassinadas entre um final de semana e outro, os linchamentos são não menos de 04 por mês nestes dois últimos de 2017.

Mesmo assim ainda é um dos melhores lugares do Brasil para se trabalhar; Do Manganês do Amapá, restou uma humilde cidade fantasma com um trem carregando produtos dos agricultores que lutam pela sua sobrevivência; Do ouro da Serra Pelada no Pará, valas imensas, erosões provocadas pelo garimpo manual, hoje mecanizado por uma companhia estrangeiras da qual a Associação dos Antigos Garimpeiros não tem direito a participar quanto mais tirar ouro; Do Latifúndio Amazônico, devastação da fauna e flora, contaminação dos rios, morte e violência dos índios, quilombolas, seringueiros, ribeirinhos, trabalhadores rurais e demais povos da floresta; Das outras explorações minerais pelas grandes mineradoras como a Taboca, Paranapanema, os 6 mil índios Waimiri-Atroary existentes na abertura da Rodovia 174, dos que ficaram vivos, está se aproximando atualmente dos 2.000 nativos, eles estão bem fortes e organizados – de cada caçamba de minério que sai de suas reservas eles tem uma porcentagem em dólar; Do Projeto Mineral do Grande Carajás no Pará sua ferrovia leva o mineral cortando o estado paraense e maranhense, os habitantes de Paraopeba e das cidades do maranhão só recebem a fumaça do trem e as migalhas das compras de certas mercadorias que determinados funcionários deixam no comércio, basta ver o estado calamitoso da cidade paraense citada e sua população.

Engraçado que o capital continua só retirando. O antigo projeto dos militares que queriam integrar para não entregar, não se sabia para quem? Proporcionou conflitos e mortes entre garimpeiros X índios X ribeirinhos X seringueiros X trabalhadores rurais X quilombolas X pobres X ricos. Na verdade eles queriam limpar a área para adentrar o capital mecânico minerador e do agronegócio. Isso levou uma reação contrária, muitos desses povos acordaram, se uniram e atacaram a estrutura do dragão capitalista devorador. Aí surgiram as organizações indígenas, quilombolas, ribeirinhas, das mulheres, dos trabalhadores rurais, garimpeiros, pescadores, seringueiros, Igrejas, entidades de sustentabilidade, movimentos sócias, bons partidos políticos, demais povos da floresta e povo trabalhador das cidades mudando parte desse cenário macabro deixado por esse dragão devorador capitalista.

É claro que a situação dos Povos da Amazônia é triste e de grandes desafios, mas sua luta continua e não se deixará que esse rio de sangue que ainda goteja seja continuado. Dependerá muito de nossa e sua luta meu irmão, minha irmã companheira. Viva a Amazônia Verde e Biodiversa!

Prof. Dr. Pe. Manuel do Carmo da Silva Campos

Prof. Dr. Pe. Manuel do Carmo da Silva Campos

Manuel do Carmo da Silva Campos, 57 anos, é natural de Parintins (AM), teólogo e filósofo, doutor...

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