Plantas medicinais serão distribuídas em Unidades Básicas de Saúde

Semsa cria a “Farmácia Viva” com produção de fitoterápicos para distribuição em Unidades Básicas de Saúde. Fotos: Assessoria.

Semsa cria a “Farmácia Viva” com produção de fitoterápicos para distribuição em Unidades Básicas de Saúde. Foto: Divulgação

A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) teve aprovado, por meio de edital do Ministério da Saúde (MS), projeto para a implantação da ‘Farmácia Viva’. Com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), as primeiras espécies de plantas consideradas medicinais já poderão ser dispensadas em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBSs) após 14 meses do início do projeto. O órgão aguarda agora publicação no Diário Oficial e repasse da verba, estimada em 314 mil reais.

O secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão Neto, comemorou a aprovação do projeto destacando que o uso de produtos naturais selecionados a partir de critérios de qualidade vai aumentar as alternativas de tratamento para problemas de saúde identificados na Atenção Primária, além de oferecer ao usuário o acesso fácil e seguro a esses produtos, que não terão aditivos como corantes, e baixíssimo risco de efeitos colaterais. “Este é mais um avanço, dentre outros que visam aumentar a eficiência, reduzir custos e garantir segurança à saúde da população atendida pela rede municipal”.

A gerente da Assistência Farmacêutica, Mie Muroya, explica que o processo de cultivo, coleta e secagem das plantas da Farmácia Viva será feita pela Embrapa. Inicialmente serão cinco espécies, escolhidas a partir de critérios como curto tempo para produção – de seis a 12 meses – e adaptação ao clima da região: açafrão-da-terra (Cúrcuma longa), com propriedade anti-inflamatória; picão preto (Bidens pilosa), um hipoglicemiante (usado no tratamento de pacientes com diabetes); marupazinho (Eleutherine plicata), recomendado para diarreia e desinteria; melhoral, anador (Justicia pectoralis), prescrito para dores e mal-estar geral de gripes e resfriados; e assa peixe (Vernonia ruficoma ou Vernonia polyanthes), para sintomas gastrointestinais e respiratórios.

A Faculdade de Farmácia da Ufam irá receber a matéria-prima (plantas in natura) para transformá-las em dois produtos: extrato seco padronizado (pó) e plantas moídas. O primeiro posteriormente será dispensado em forma de cápsulas e o segundo, em sachês para chás medicinais. A produção anual estimada será de 140 kg de extrato e 150 kg de planta seca moída. Para possibilitar a ampla utilização, os compostos vegetais passarão pela caracterização qualitativa e quantitativa dos princípios ativos, fornecendo os requisitos de qualidade, efetividade e segurança exigidos em uma preparação farmacêutica.

Na ‘Farmácia Viva’ da Semsa será realizada a produção de fitoterápicos por meio do processo de encapsulação do extrato seco padronizado e a preparação dos sachês de chás medicinais, com pesagem e lacre automatizados. No primeiro ano do projeto está prevista a estruturação física de um prédio da Prefeitura de Manaus, localizado na avenida Darcy Vargas. A meta é produzir anualmente 30 mil sachês e 300 mil cápsulas de fitoterápicos. Essa quantidade foi baseada no quantitativo de comprimidos e cápsulas de fitoterápicos industrializados distribuídos nas farmácias da Semsa em 2014 e 2015, de aproximadamente 1 milhão unidades e mais de 300 mil frascos de xarope de Guaco (Mikania glomerata), o que representou  923 mil reais como custo total de aquisição.

Além da economia aos cofres públicos, Muroya destaca outros benefícios que a Farmácia Viva pode trazer. “Implementar o uso de plantas medicinais e fitoterápicos é também uma forma de resguardar a biodiversidade amazônica e, quem sabe futuramente, seja uma alternativa econômica sustentável. O que vemos na nossa região é a extração, mas ainda não existe o manejo adequado e algumas plantas correm risco de extinção”, avaliou a farmacêutica.

O projeto Farmácia Viva prevê, ainda, a capacitação de 600 profissionais, que irão atuar desde a produção até a prescrição dos medicamentos. O objetivo é formar equipes para atuar na área e promover o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos aos usuários, inicialmente aqueles atendidos em cinco unidades de saúde da Semsa. Foram escolhidas uma unidade em cada zona da cidade, incluindo a rural: UBS Doutor José Figliuolo (Norte), Farmácia do bairro Aparecida (Sul), UBS Enfermeira Ivone Lima (Leste), UBS Mansour Bulbol (Oeste) e UBS São Pedro (Rural).

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