A escuridão na ponte Rio Negro e a incompetência para manter o sistema de iluminação do cartão postal (veja fotos)

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Foto das 20h30 desta segunda (12/09). Atrás da ilha iluminada do Jardim das Américas aparece (num bom monitor) o vão central da ponte às escuras. Veja abaixo fotos denunciando o vandalismo que está chegando ao concreto. Foto: Marcos Santos

A ponte Rio Negro liga Manaus, no bairro da Compensa, à vila ou distrito do Cacau-Pirêra, no Município de Iranduba, sobre o rio Negro. Não é uma ponte longe demais, porém, devido à incapacidade do aparelho estadual para evitar o roubo dos fios de energia elétrica, está na escuridão.

Trata-se de um cartão postal, mas, por conta dessa escuridão, que dura meses e meses, Manaus recebeu os estrangeiros que vieram acompanhar os jogos do torneio de futebol da Olimpíada Rio/2016 e para Brasil 2 a 1 Colômbia, eliminatórias da Copa do Mundo 2018, sem oferecer o convidativo visual da ponte iluminada.

Parece pouco? Não há como alguém imaginar a Golden Gate, em San Francisco, ou a ponte do Brooklin, em New York, sem a famosa iluminação da parte estaiada. É um subproduto importante do turismo nesses locais, fator econômico fundamental em ambos.

Se ainda estivesse difícil de entender – e só a falta de entendimento da importância da iluminação pode explicar a escuridão – bastaria dizer que os aviões fazem a aproximação noturna do aeroporto de Manaus de maneira a permitir o visual da ponte. Ou, ainda mais importante, muitos moradores do Cacau-Pirêra trabalham do lado de cá e atravessam de bicicleta ou mesmo a pé para o lado de lá pela ponte. E lá se havia tornado convidativo local de corrida e caminhada, especialmente no fim da tarde, com o sol ameno e o visual esfuziante do rio e da cidade, na perspectiva da Ponta Negra e do Roadway.

O principal argumento para exigir a volta da iluminação, no entanto, é o custo. O Governo do Amazonas jogou para construir a ponte R$ 1 bilhão. E outros R$ 70 milhões só para iluminar e construir as balsas, à guisa de defensas, instaladas após a obra.

Nada de dinheiro a fundo perdido. Os recursos ou saíram dos cofres estaduais – leia-se impostos pagos pelos amazonenses – ou foram emprestados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Empréstimo regular, com juros, correção monetária e cronograma de pagamento pelo Governo do Amazonas – os amazonenses, leia-se.

Seria terrível para o Governo do Amazonas admitir que perdeu a batalha para os vândalos. O que dizer das instituições estaduais se tal acontecesse? Seria a falência da capacidade estadual de garantir o patrimônio público.

Não se trata de perseguição a governante, mas, para garantir um direito adquirido com o suor dos amazonenses, é preciso intervenção do Ministério Público Estadual (MPE) e do Ministério Público Federal (MPF). A ponte Rio Negro às escuras é prevaricação, improbidade administrativa e seja lá o que mais for.

Para que servem, indaga o cidadão, os policiais que ficam 24 horas de um lado e outro da ponte? Apenas para olhar os documentos dos motoristas que passam por lá e atrasar a volta no fim de semana, provocando engarrafamentos gigantescos?

Para arrancar fios da ponte, que são especiais, bem mais grossos que esses comuns, usados nas residências, é necessária uma especialização rara. Se alguém sem conhecimento tentar, corre o risco de morrer eletrocutado. E o transporte? O material é pesado. A retirada, como é óbvio, corta a iluminação, que pode ser vista muito longe e o desligamento seria um alerta mais que suficiente para que a polícia fechasse as saídas e cercasse os ladrões.

Roubaram os fios, os conectores e até as câmeras de segurança, que deveriam justamente fazer a vigilância eletrônica da ponte. Pior é que agora já estão quebrando concreto para retirar outros materiais, o que pode colocar em risco todo o complexo.

O Amazonas e os amazonenses não podem abrir mão de patrimônio público conquistado com tanta dificuldade. O governador José Melo está inerte? O Governo do Estado mostra-se incompetente para resolver questões graves? Nada disso é desculpa para que os setores encarregados da fiscalização do poder público cruzem os braços. Nem o cidadão, que não pode assistir impassível o descalabro contínuo.

A ponte Rio Negro é exemplo de inoperância, incompetência e pouco caso com o patrimônio público. Mas é também emblemática da necessidade de uma sacudida em José Melo e sua administração. Ele passa. O Estado fica.

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Você verá a seguir cenas que denunciam o vandalismo na ponte Rio Negro. São fotos do fim de semana passado. Esta mostra que a câmera de um dos estais foi roubada


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Outra câmera de vigilância teve os fios cortados


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Os ladrões abrem, com instrumentos especiais, compartimentos que deveriam permanecer fechados e seguros, par retirar fios e outros equipamentos


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Aqui fica evidente como os vândalos quebraram o concreto para roubar, numa demonstração de como a falta de segurança na ponte pode se tornar um perigo

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1 comentário

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  1. L MENEZES disse:

    Marcos Santos, a incompetência é somente uma parte em tudo que o Governo e prefeitura fazem com o Estado e com Manaus, tb junta-se a negligencia e o descaso com o dinheiro do povo, basta ver que do lado de Iranduba, os postes de iluminação ficam acessos 24 horas, isso a mais de 1 ano e ninguem faz nada, praças construidas e depois abandonadas, vide o exemplo do monumental ao nada, erguido no inicio da via que dá acesso a ponte, só pra atender a sanha megalomaníaca do Cadeirudo, que custou 5 milhoes e hoje é abrigo de indigentes e vagabundos, isso a 100 metros do Palácio do Governo, e ninguem faz nada; a Ponte é hoje da promessa do cartão postal, a nossa verdadeira vergonha nacional.
    Alias alguém pode me dizer pra que serve essa tal de secretaria de região metropolitana ? Os caras de lá devem tá com os sacos saindo sangue de tanto coçar. KKKKKKKK