Bolsa cobra, Eletrobrás aborda crise de energia no AM e paga parte de dívida. Usinas de Mauá e Aparecida podem voltar hoje

usina aparecida

Usina de Aparecida, paralisada desde sábado, quando acendeu o alerta vermelho da crise no sistema de fornecimento de energia do Amazonas

A crise estadual de energia, considerada “muito grave” pelo presidente da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), advogado Lino Chíxaro, pode dar uma pausa ainda hoje (05/07). Ontem, a Eletrobrás anunciou o pagamento de R$ 433 milhões da dívida com a Petrobrás, que havia cortado o fornecimento de gás para a Amazonas Energia (AE).

“As usinas de Mauá e Aparecida, que estavam paradas, devem voltar a operar ainda hoje”, disse o diretor da AE, Antônio Carlos Farias de Paiva. São 110 megaWatts (mW) de Mauá 3, que parou dia 6 de junho, e 160mW de Aparecida, paralisada sábado (02/07).

Há uma guerra declarada entre Eletrobrás e Petrobrás, apesar de ambas serem empresas estatais, isto é, subordinadas ao Governo Federal. As duas, no entanto, devem satisfação ao mercado, por terem ações vendidas em bolsa de valores.

Quando saiu a informação de que a Petrobrás havia suspendido o fornecimento de gás, via Cigás, para a AE, no jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que fiscaliza a bolsa, exigiu explicações da Eletrobrás. Ontem, em comunicado ao mercado (clique aqui para ler a íntegra), a empresa noticiou o pagamento dos R$ 433 milhões e disse que a dívida da AE com a Cigás está lastreada pela Conta de Consumo de Combustível (CCC) e Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

O Governo Federal teria confiscado, para o Tesouro Nacional, R$ 8 bilhões dessas duas contas (CCC/CDE), que resolveriam a dívida entre as duas estatais, mas continuam retidos.

A AE devia à Petrobrás, até dezembro de 2014, R$ 4,4 bilhões, que estão renegociados, mas pendentes da aprovação dos conselhos diretores das empresas envolvidas. O valor se refere a dívidas de fornecimento de óleo e gás. Outros valores pendentes, de novembro 2014 a abril 2016, estão sendo amortizados pelo pagamento efetuado ontem e já haveria um “Contrato de confissão de dívida” sendo feito pela holding (Eletrobrás) com a Petrobras.

 

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A Amazonas Energia compra, mensalmente, cerca de R$ 200 milhões de gás da Petrobrás, fornecidos por intermédio da Cigás, que recebe um porcentual pela intermediação. “Ficamos com algo em torno de R$ 2,8% a 3%”, informou Lino Chíxaro. “Devemos apenas R$ 11 milhões para a Cigás pagos ontem”, atesta o diretor da Amazonas Energia, Antônio Paiva.

Do valor total recebido pelo fornecimento de gás, que chega à capital pelo gasoduto Coari-Manaus e vai às usinas por dutos da Cigás, a Petrobrás fica com apenas 75%. O resto é consumido por impostos, segundo informou Chíxaro.

“A Cigás investiu R$ 200 milhões em dutos espalhados pela cidade e que chegam às usinas e a Petrobrás investiu bilhões na construção do gasoduto. O gás tem que ser transformado em riqueza”, disse Chíxaro. O presidente se esquivou de falar sobre a responsabilidade do senador Eduardo Braga (PMDB-AM), ex-ministro das Minas e Energia, pelas medidas que engessaram a Amazonas Energia e levaram à atual crise no setor.

Manaus, enquanto isso, vem sofrendo apagões quase diários, sem explicações por parte da empresa fornecedora.

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