Começa o Festival Folclórico da Embratur, dos presidentes de FHC para cá e de todos os governadores… exceto José Melo

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Dona Marisa e Lula, Braga e Sandra, no festival de 2003. FHC e a cunhã do Garantido (detalhe). Presidentes e governadores prestigiaram o Festival Folclórico de Parintins

O Festival Folclórico de Parintins, apesar de todos os problemas enfrentados em sua 51ª edição, mexe com a vida do Amazonas. Basta ver como fica o trânsito em Manaus, às vésperas do evento. Um antigo decreto governamental, inspirado em Josué Filho, então secretário estadual de Educação, estabelece que as férias na rede pública de ensino devem coincidir com o período. A festa atraiu todos os governadores do Amazonas, desde 1987, início do primeiro mandato de Amazonino Mendes, quando este constatou a grandiosidade do evento e decidiu construir o Bumbódromo, inaugurado em 1988.

Todos os presidentes da República, desde FHC, cujo mandato começou em 1994, foram a Parintins e deixaram marcas na festa. Não é pouco o que o governador José Melo, sob a esdrúxula alegação de que era “ou a saúde ou o Festival”, tentou jogar no lixo da História.

FHC, levado pelo então deputado federal e líder do Governo na Câmara dos Deputados, Arthur Virgílio Neto, marcou a passagem por Parintins com um olhar, pra lá de indiscreto, para o traseiro da cunhã-poranga do Garantido na época, Alessandra Brasileiro. Foi flagrado pelos fotógrafos e a fotografia foi estampada nas revistas de circulação nacional.

Lula chegou à cidade em mais um ano de crise na energia, em junho 2003. Prometeu, ao lado do então governador e depois ministro das Minas e Energia da presidente Dilma, Eduardo Braga, que no ano seguinte o problema estaria resolvido. “É a última vez que Parintins terá problema de energia. Ano que vem, o Linhão de Tucuruí vai resolver isso definitivamente”, garantiu. O Linhão chegou a Manaus e não chegou a Parintins. Braga deixou o ministério antes de concretizar os planos de construir usinas para rebaixar a energia e permitir o uso na Ilha Tupinambarana. A espera continua, 13 anos depois.

Dilma foi a Parintins em campanha. Como os tucanos Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves, que perderam as últimas eleições para os petistas.

Entre os governadores, Amazonino construiu o Bumbódromo, com capacidade para apenas 12 mil espectadores, e já no ano seguinte promoveu a primeira ampliação. Análise das fundações mostrou um amontoado de ferros retorcidos e quanto o local passou perto de uma tragédia, no ano da inauguração.

Eduardo Braga levou para a festa a viúva de Roberto Marinho, dona Lili Marinho, e descobriu que o Bumbódromo tirava nota zero em acessibilidade. Ela teve que assistir tudo de camarote da arena e quase não viu nada das apresentações porque não havia elevador para ascendê-la ao privilegiado camarote do governador, no andar mais elevado. Braga o construiu já no ano seguinte.

Omar Aziz, que sempre foi um entusiasta da festa como torcedor do Garantido, ampliou o Bumbódromo, eliminando graves problemas estruturais que o haviam transformado num monstrengo, tocado por improvisos. Este ano, com o abrupto fim do apoio do Governo do Amazonas à festa, Omar conseguiu decisivo patrocínio do Ministério da Cultura para viabilizar o evento.

Foi assim que, graças ao conjunto da obra desses governadores e à sensibilidade que a pujança dos bumbás provocou em tantos presidentes da República, o Festival Folclórico de Parintins passou a ser um dos eventos a integrar o Calendário Nacional da Embratur (Empresa Brasileira de Turismo). E o que isso significa? Que o Governo Brasileiro recomenda a festa ao turista estrangeiro que queira visitar o Brasil. É um aval a beleza, organização, cultura, alegria, estrutura e segurança, entre outros itens.

José Melo olhou uma planilha, apresentada pelo secretário estadual de Cultura, Robério Braga, afirmando que o Governo do Amazonas gastou R$ 18 milhões, em 2015, e resolveu que esse valor é fundamental para manter as finanças estaduais equilibradas. “Nós tivemos que optar entre dar dinheiro pro Festival de Parintins ou garantir a saúde no Estado”, disse, em entrevista coletiva, a menos de dois meses do evento.

O governador José Melo entra para a História como quem abriu mão da promoção do Festival de Caprichoso e Garantido, pela qual seus antecessores, aos quais (todos, desde Amazonino!) serviu como assessor, tanto lutaram.

Negou os R$ 18 milhões e a saúde estadual continua caótica. No lugar de eliminar despesas supérfluas, a começar pelo nababesco camarote do governador, onde jorrava leite e mel, sob a forma de champanhe francesa, preferiu o corte raso. No lugar de matar a doença, tentou matar o doente.

O som do Bumbódromo, que custava R$ 1,5 milhão, este ano custará R$ 300 mil, parte por boa vontade da empresa fornecedora, parte por eliminação das “gordurinhas” anteriores, que todos esperam nunca mais voltem.

Melo tem a obrigação de, agora, com o dinheiro economizado do Festival, resolver o imbróglio que criou na saúde. Nada mais de paralisações por falta de pagamento de salários, corte de serviços por atraso nos repasses aos fornecedores, nem insuficiências de médicos, enfermeiros ou remédios.

Dirigentes e torcedores de Caprichoso e Garantido mostraram, mais uma vez, que, parafraseando Mário Quintana (1906-1994), eles passarão/ o festival passarinho.

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4 comentários

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  1. Erick disse:

    Marcos Santos, corrija a parte do patrocínio conseguido pelo Sen Omar, pq não veio!

  2. Ary Cavalcante disse:

    Muito bem Marcos, disse tudo.

  3. Carlos disse:

    A assessoria do ministério da cultura desmentiu essa história que Omar teria conseguido esse dinheiro, a assessoria disse que esse valor veio da Lei Rouanet de empresas como Ambev, Hapvida e outras, o ministro da cultura se sensibilizou e viu que tinha esse valor de empresas que queriam abater esse valor no imposto de renda. nada a ver com a história do Omar.

  4. Jhon disse:

    Ms, concordei. E a lambança que ocorreu na saúde ? Confesso que não entendi a estratégia do governo. Abç