Melo fala como arauto da crise e assessores dizem que cortar R$ 500 milhões do orçamento vai ‘modernizar’ Estado

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Governador fala como arauto da crise, mas não apresenta medidas para melhorar a arrecadação estadual

Meia hora. Foi o tempo que o governador José Melo usou para justificar a crise. “O distrito perdeu 30% do emprego; a arrecadação cai R$ 400 milhões até maio; temos que fazer alguma coisa ou vai faltar dinheiro para pagar os salários; não podemos deixar o Estado quebrar”. A coletiva do governador anunciando “novas medidas de contenção contra a crise” foi uma festa, com o secretariado pomposamente convocado para compor o cenário, cuja trilha sonora foi choro. Melo esqueceu completamente o papel de líder e incentivador da economia, que cabe ao ocupante da cadeira dele.

A confusão no Governo do Estado pode muito bem ser ilustrada pela apresentação das medidas. Se o governador aparecesse, sem falar em crise, dizendo que ia “modernizar a saúde”, como tentaram seus assessores, funcionaria bem melhor. O Governo do Estado, afinal, pela projeção do que perdeu de receita global até aqui (R$ 400 milhões em cinco meses, de janeiro a maio), os meses mais difíceis para a arrecadação, chegará ao fim do ano com R$ 1 bilhão de perda.

Projetava arrecadar R$ 16 bilhões e vai arrecadar R$ 15 bilhões, perto da quantia arrecada em 2015. Perde apenas o que vier de inflação. É expressivo? Sim. Mas não há nenhuma razão para essa histeria toda.

Em análise fria: Melo espera que Arthur se convença de que vai ajudá-lo, ao fazer um downgrade, um rebaixamento, dos Serviços de Pronto-Atendimento (SPA’s), Policlínicas e Unidades de Pronto-Atendimento (UPA’s), alguns dos quais estavam se transformando em pequenos hospitais. Serão agora Unidades Básicas de Saúde (UBS’s). No lugar do ginecologista, oftalmologista, ortopedista etc. trabalharão lá apenas os chamados Médicos da Família, os generalistas, cuja função é diagnosticar as doenças e encaminhar os pacientes para os especialistas, ou seja, para o atendimento do que estava concebido até aqui como SPA’s, UPA’s e Policlínicas.

Os Centros de Atendimento Integral à Melhor Idade (Caimi’s) e à Criança (Caic’s), que até a véspera estavam na lista de unidades a serem extintas, vão “ampliar o atendimento”. Qual a filosofia dessas unidades, criadas ainda na década de 1990? O idoso com doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes, passaria a ter nos médicos dos Caimi’s referência de atendimento. No lugar de correr para o pronto-socorro, mais distante, a ida ao Caimi da comunidade. O mesmo para os pais de primeira viagem ou os de famílias mais necessitadas e numerosas, em relação aos Caic’s.

A reforma, em resumo, funciona como um cobertor curto: melhora o atendimento à chamada “Saúde da Família”, o atendimento primário, cuja função Melo fez questão de dizer que cabe ao Município, à Prefeitura, mas compromete os atendimentos secundário, correndo o risco de entupir os prontos-socorros, e terciário, o de alta complexidade. O hospital Francisca Mendes, que deveria ser “referência estadual em medicina do coração”, vai ser mais um hospital generalista.

Os Caimi’s e os Caic’s, que não recebem recursos do SUS, por serem atribuições municipais, deixam de existir do jeito que eram. Podem até não trocarem as placas nas portas. Mas as mamães e os bebês, o idoso e a idosa, não vão encontrar o mesmo ambiente quando as medidas forem implementadas.

Fecham, terão “as atividades suspensas”, os Caic’s Paulo Xerês (Zona Norte), Afrânio Soares (Zona Sul), Alexandre Montoril (Zona Sul), Édson Melo (Zona Leste) e José Carlos Mestrinho (Zona Oeste).

Vão transformar Caimi’s em policlínicas e policlínicas, SPA’s e UPA’s em UBS’s, “as casinhas da família”.

O prefeito Arthur Virgílio Neto vai romper com José Melo, por conta das medidas anunciadas? Tudo indica que não. Mas sabe que o pandemônio pode se voltar contra sua candidatura à reeleição, na medida em que o aliado mete os pés pelas mãos, e não hesitará em saltar do barco se compromissos, como o pagamento do subsídio da passagem de ônibus, continuarem recebendo a ignorância solene do Governo do Estado.

Conforme este portal anunciou, fizeram um pandemônio na saúde e a repercussão política é desastrosa.

Pergunta que não quer calar: onde estão as medidas para aumentar a arrecadação? Nessa festa não tem um sambinha? É só choro mesmo?

 

PS: E o Festival Folclórico de Parintins, que ficou sem dinheiro, quando o governador puxou a escada e deixou o pintor pendurado no pincel, no caso os bumbás, não vou comentar? Vou. Vai já sair a coluna Panavueiro.

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4 comentários

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  1. Iago Costa disse:

    Histeria? Em que mundo você vive, repórter? Não entendeu ainda o que estamos passando? Sua opinião é completamente sem fundamento, sem base. Você afirma sem ver os números. Tudo isso porque o Festival foi ceifado? Faça-me o favor… Você não entende nada gestão!

    RESPOSTA
    Obrigado por participar. Diferente de uma simples opinião, o que se vê são protestos em todos os cantos da cidade, nas unidades fechadas ou “modernizadas”, nessa mexida na saúde. Isso é fato. Há falta de alternativas para melhorar a arrecadação, também é evidente. Ideias?: turismo, comércio, pesca esportiva, observação de pássaros, mineração, extrativismo em geral, ecoturismo. Boa sorte aos nossos gestores!

  2. Keli disse:

    Já q critica a não existencia de uma solução pra crise…pq não apresenta uma? Com um pais na situação políca e financeira como se encontra…seria o governador do Amazonas…o milagreiro é? Será q estes cortes e medidas de diminuição de gastos não são medidadas para vencer a crise? São o q então?

  3. Raquel alves disse:

    Jose melo quer tirar a cultura do nosso amazonas não podemos nos calar diante disto , vamos pra cima nação amazonense

  4. elisandro almeida disse:

    Claro que do podia fica ruim!!! Iria chega uma hora que os empresários não iriam mais suporta paga a conta o maior ICMS do pais com uma entrada que era de 12% passou para 22% e depois eles vamos aumenta mais 2% e passa para 24% então como fica o empresário a cada 10 mil reais comprado fora do estado 2400 o governo embolsa não aguentamos mais paga tanto tributos tanta corrupção antes não pagavamos certificado digital hj para acessarmos o sait da sefaz pagamos 200 reais por um ano,.e o governo diz mete no rabo dos empresários multando,fechando,lacrando quem são os verdadeiros geradores de renda,trabalho e emprego deste pais,nos empresários estamos fudido nesses pais, somos explorados de todos os lados, mais Deus e bom e justo esta ai o resultado de tanta injustiça com o povo,o governo quebrando,fechando escolas,hospitais, locais básicos para atendimento ao povo, um governo corrupto e injusto traz miséria ao seu povo traz fome, traz escarssez de tudo se o governo não muda vamos sim fica igual o pior que a Venezuela,pois somos um doa maiores países mundo… Abram o olho