A bravura do sindicalismo contra a ditadura e a ditadura dos sindicalistas nos sindicatos

Os sindicatos, acossados pela ditadura como reduto de esquerdistas, se tornaram fundamentais na luta pela redemocratização do Brasil. Os metalúrgicos do ABC paulista, Santo André, São Bernardo e São Caetano, enfrentando as poderosas multinacionais montadoras de automóveis, mostraram à Nação que a rebelião era possível e foram decisivos para criar o clima que levou à transição do regime. Os 21 anos de escuridão, afinal, foram muito além da tolerância nacional. Agora, vencida a luta, o sindicalismo impõe, aos trabalhadores e à sociedade, mandatos que se eternizam e abafam a necessária renovação, o próprio oxigênio da Democracia.

Os exemplos estão em todas as esquinas. Alguém que ocupa a presidência de um sindicato por 10, 20, 30 anos, com reeleições intermináveis, circula demais com políticos e dificilmente comandará a categoria em manifestações legítimas contra atos que pratiquem.

O Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), por exemplo, berço de lutas que paralisaram o Polo Industrial de Manaus (PIM) e levaram os trabalhadores a grandes conquistas, se tornou um feudo de Valdemir Santana. Da presidência da entidade, que acumula com a coordenação da Central Única dos Trabalhadores no Amazonas (CUT-AM), ele nomeia secretários estaduais e municipais de Manaus e influi diretamente na política.

A fórmula se repete no Sindicato dos Bancários, com a imutável presidência de Nindberg Santos; no Sindicato dos Rodoviários, com a família Oliveira (Josildo, Jaildo e Givancir), e segue pelas representações empresariais.

Como reclamar da falta de renovação na política amazonense, se o berçário das lideranças está sempre ocupado pelos mesmos?

O argumento de que ninguém quer arriscar o emprego assumindo confrontos com patrões é surrado demais. Não se coaduna com o momento atual. Nem faz jus à bravura histórica do enfrentamento à ditadura.

As denúncias de concessões ao peleguismo, os dirigentes que se curvam às vontades dos patrões, se acumulam. É igualmente reprovável a chamada “indústria das liminares”, que empossa nas diretorias as juntas governativas, todas as vezes que o Imposto Sindical é depositado nas contas dos sindicatos. As juntas chegam, vão direto aos bancos, sacam o dinheiro e em seguida as diretorias voltam.

Dizem que esses ditadores de sindicatos são poderosos. Alguns até violentos. Este editorial, no entanto, não é movido por nenhum tipo de revanche ou chantagem. Tampouco pelo medo.

Este portal entende que há, entre esses que se perpetuam nos sindicatos, uma certa cegueira, provocada pela obsessão de poder e falta de visão quanto à importância do papel social que podem desempenhar. O que o move, portanto, é apenas o desejo de que abram os olhos. Enxerguem Iranduba. Vejam os ventos da mudança que varrem o Brasil.

Ainda há tempo para mudar.

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1 comentário

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  1. denilson ferreira disse:

    lembro me bem da força do sindicato dos metalúrgicos que parou a Philips por 41 dias hoje não fica 3