Relatório da investigação dos 35 assassinatos indaga por que o Ciops não avisou ninguém na noite de sexta para sábado

O telefone 190, do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), não parou de tocar na noite de sexta-feira (17/07) para sábado. Foi quando ocorreram 23 das 35 mortes registradas no fim de semana fatídico, que só terminou na segunda-feira, com o balanço de 35 mortes, responsáveis por atrair a atenção da mídia nacional e internacional para Manaus. A mesma central tem acesso às câmeras de segurança da cidade e à comunicação por rádio das viaturas policiais. O relatório da investigação das mortes, que está sendo concluído, vai indagar por que o Ciops não fez a comunicação ao comandante da PM, coronel Gilberto Gouvêa, ou ao secretário estadual de Segurança, Sérgio Fontes. Fontes, aliás, só soube dos fatos na manhã de sábado, quando a imprensa começou a noticiar as mortes.

 

Comando

O Ciops é comandado pelo experiente coronel Dan Câmara, que já foi comandante da PM e conhece perfeitamente os procedimentos. O sistema tem um supervisor de plantão, 24 horas, justamente para comunicar anormalidades aos superiores.

 

Quatro grupos

A investigação das mortes conclui que foram formados quatro grupos de matadores, em carros com placas falsas, vidros com películas escuras e agindo em pontos diferentes da cidade. Ninguém foi identificado.

 

Começo

A atuação do grupo responsabilizado pelo assassinato em massa começou no dia 02/09/2014, com a morte do sargento PM José Cláudio Marques da Silva, o Caju, segurança do ex-deputado estadual Marco Antônio Chico Preto. Dois dos quatro envolvidos foram mortos. Depois, na morte do também sargento PM Fredson José Cunha de Oliveira, no conjunto Viver Melhor IV, durante assalto, dia 26/01 deste ano, as mortes aumentaram para sete.

 

Contagem

Das 35 mortes contabilizadas no fim de semana fatídico, a investigação conclui que duas ocorreram em briga de faca, dentro de bares, duas dentro de residências e mais três em situações consideradas “normais”. Sobraram 28 para a contabilidade macabra do grupo de extermínio ou confronto entre grupos criminosos rivais. Detalhe é que nenhuma dessas resultou em queixa na polícia e todos os mortos tinham algum envolvimento com tráfico de drogas ou assaltos. A 35ª vítima, Henrique dos Santos Nascimento, 24, morreu sexta-feira (24/07), no hospital João Lúcio. Outros nove feridos a bala ainda permanecem hospitalizados.

 

Armas

As cápsulas encontradas junto aos corpos, calibre pt40, não são prova do envolvimento de policiais. “Qualquer bandido hoje usa arma desse calibre”, disse uma fonte policial ao portal.

 

Fantástico

Um profundo suspiro de alívio tomou conta dos setores da segurança pública do Amazonas, após a reportagem veiculada no Fantástico. No fundo, o material apenas relatou o que já havia sido fartamente noticiado na imprensa local e até internacional, como é o caso do jornal The New York Times.

 

Suframa

Está confirmado: dia 3 ocorre a nomeação do novo superintendente da Suframa. Da nova, no caso, porque o cargo deve mesmo ser ocupado pela ex-deputada federal Rebecca Garcia. Ela está viajando, de férias, e deve voltar a Manaus somente dia 31/07.

 

Joalheria

A “menina de 15 anos” que foi apreendida por participar do assalto à joalheria do Manauara Shopping, tem foto no FaceBook enrolando cigarro de maconha e exibindo tatuagem de bailarina – que significaria “matadora de policial”.

 

Inpa

Luiz Renato de França, o misterioso diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), será o principal alvo dos protestos desta segunda-feira (27/07), em frente ao órgão. Recolhido ao próprio gabinete e sem qualquer contato com a sociedade amazonense, o diretor deve ganhar em protestos até do corte de R$ 33 milhões para R$ 26 milhões no orçamento anual do órgão.

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1 comentário

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  1. Kleper disse:

    Caro Marcos Santos,
    Admiro muito seu trabalho como jornalista, mas creio que cometeu uma injustiça ao afirmar que a “série de execuções” começou com a morte de dois envolvidos no latrocínio que vitimou o sargento Caju.
    Aquela ação da polícia foi justa, legal e último recurso que os policiais tiveram para conter aqueles marginais armados que tentaram contra suas vidas….tudo ocorreu conforme manda a lei, devidamente fundamentado. Não foi uma ação de criminosos, que costumam agir de forma furtiva….foi uma ação de agentes de Segurança do Estado, em defesa da sociedade!
    É extremamente prejudicial à sociedade (não só à Instituição Policial ) equiparar as intervenções das Forças de Segurança, que agem dentro da lei, com as ações dos elementos que mataram esses “supostos” criminosos no final de semana passado.
    Tenho convicção que você, como um grande cidadão que é, irá refletir sobre o assunto.
    Bom dia!