Mama masculina (ginecomastia): o que causa e como tratar

A ginecomastia é a condição caracterizada por mamas masculinas demasiadamente desenvolvidas ou grandes. Existem várias razões para o aparecimento da condição. Algumas delas são congênitas e algumas são frutos do estilo de vida.

“Uma das causas mais comuns para o surgimento da ginecomastia está relacionada com o sistema endócrino e com o excesso de hormônios femininos. A ginecomastia também pode ocorrer simultaneamente com tumores testiculares e com a síndrome de Klinefelter (quando uma pessoa do sexo masculino apresenta um cromossomo X a mais)”, afirma o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada (CRM-SP 62.735).

O uso de esteroides também pode contribuir para o surgimento da ginecomastia, pois essas drogas criam um afluxo de testosterona e o corpo reage produzindo estrogênio, que, consequentemente, resulta em mamas mais femininas. A relação com o consumo de esteroides explica porque a ginecomastia é mais prevalente em fisiculturistas. “Segundo um estudo, publicado no Plastic and Reconstructive Surgery®, jornal da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS), a cirurgia de ginecomastia em fisiculturistas exige uma abordagem diferente. Em contraste com outros grupos de pacientes de ginecomastia, que tendem a estar acima do peso ou obesos, fisiculturistas geralmente não precisam de remoção do excesso de gordura ou pele. No entanto, eles precisam de atenção especial para evitar sangramento e cicatrizes. O risco de sangramento é maior por causa do aumento do fluxo sanguíneo nos músculos do peito altamente desenvolvidos. Esteroides e suplementos não regulamentados, incluindo shakes de proteína, vitaminas e óleos de peixe, podem também aumentar o risco de sangramento”, explica Penteado.

Há também vários medicamentos que estão fortemente correlacionados com a incidência de ginecomastia, como o Propecia (indicado para alopecia) e o Lanoxin (indicado para insuficiência cardíaca).

“Homens com elevado nível de testosterona também são suscetíveis a desenvolver a ginecomastia, mas nem todos com desequilíbrio hormonal desenvolvem o distúrbio. Em alguns casos, quando a ginecomastia está presente, existe a necessidade de uma avaliação endocrinológica para descartar quaisquer outras desordens hormonais”, observa o médico, que é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Há três etapas da vida em que a ginecomastia é mais prevalente. A primeira fase é durante a infância, o que poderia ser devido, em parte, ao aumento da prolactina, sendo a doença mais pronunciada em lactentes. “A segunda fase é a adolescência, que é quando 30-60% de todos os casos de ginecomastia se desenvolvem. Daqueles que desenvolvem o distúrbio na adolescência, 80% têm a regressão da doença antes da idade de 18 anos. Os casos em que a doença não regride normalmente são aqueles que são mais graves. A adolescência é também quando a ginecomastia geralmente tem os efeitos mais profundos sobre o desenvolvimento sócio-emocional e sobre o bem-estar psicológico. A natureza castradora da condição pode deixar alguns jovens com dúvidas sobre sua masculinidade e com baixa autoestima”, diz o cirurgião plástico. A terceira fase da vida em que a ginecomastia é mais prevalente é durante a velhice, quando os homens experimentam a diminuição dos níveis de testosterona e a perda de elasticidade da pele.

Cirurgia plástica 

Algumas farmacêuticas também produzem medicamentos para combater a ginecomastia, como o Gynexin. “Os pacientes que optam por essa alternativa terapêutica acabam descobrindo que os resultados desta medicação são inconsistentes e ineficazes”, diz o médico.

Aqueles que consideram a correção cirúrgica da ginecomastia devem estar cientes de que existem dois tipos dominantes do distúrbio: a verdadeira ginecomastia e a pseudoginecomastia. “A maioria dos casos é uma mistura de ambos os tipos. A verdadeira ginecomastia é geralmente caracterizada pelo tecido glandular alargado, enquanto a pseudoginecomastia é tipicamente descrita como um excesso de tecido adiposo. A ginecomastia verdadeira é tratada com excisão da glândula, enquanto a pseudoginecomastia requer a lipoaspiração”, explica Ruben Penteado.

A excisão é o tratamento mais confiável e proporciona resultados mais consistentes. De acordo com a literatura médica, há cerca de 10-35% de recidiva, quando se utiliza apenas a lipoaspiração. Com a excisão única, há cerca de 10% de recorrência. Como a maioria dos casos de ginecomastia é uma mistura de ambos os tipos, a maioria dos cirurgiões plásticos emprega ambas as técnicas. “O local mais comum para a excisão é o pólo inferior da aréola e as excisões geralmente não são maiores do que 1 “e 1 ¾” no máximo. Os cirurgiões plásticos necessitam  avaliar quanto de tecido e de gordura podem remover, caso a caso, pois muito pouco pode resultar em uma recorrência, e muito remoção glandular ou demasiado adelgaçamento da aréola poderia resultar numa depressão na pele”, destaca o diretor do Centro de Medicina Integrada.

Na avaliação de Ruben Penteado, “felizmente, devido à maior consciência da ginecomastia tanto entre a comunidade de cirurgiões plásticos quanto entre o público leigo, mais homens têm procurado tratamento. Devido à natureza castradora desta condição, muitos homens acham difícil discutir o assunto, mas por causa da informação disponível e da consciência crescente sobre essa condição, o assunto está se tornando menos tabu. É importante que os pacientes saibam que o tratamento cirúrgico da ginecomastia pode melhorar a estética e a qualidade de vida dos pacientes. Os cirurgiões plásticos estão constantemente estudando e aperfeiçoando as técnicas cirúrgicas para criar o procedimento mais eficaz e seguro possível”, diz o médico.

 

 

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1 comentário

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  1. Pedro disse:

    Bacana esse conteudo !