Saúde: Postura e nervo ciático, cuidar de um evita o outro

Aquele incômodo doloroso que se inicia na região lombar, passando pelas nádegas, chegando até a parte mais baixa de uma ou das duas pernas é uma queixa comum em quem sofre com problemas no nervo ciático e que na verdade está diretamente relacionada à hérnia de disco. Mas o que pouca gente sabe, é que dentre o arsenal de ações disponíveis para aliviar a dor, a mais importante e que atua especialmente em sua prevenção, é a correção postural.

Dr. Alexandre Elias, mestre em neurocirurgia da coluna pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que a hérnia de disco acontece quando o disco intervertebral é enfraquecido ou sobrecarregado, rompendo as fibras que o constitui (anel fibroso), fazendo com que o núcleo pulposo (material mucoide de cor esbranquiçada) ultrapasse seus limites, o que acaba gerando dor no local. “Apesar de estar mais relacionada ao envelhecimento e à genética, alguns fatores podem acelerar o problema, como excesso de peso,  exercícios físicos intensos e ou praticados de forma errada e posturas incorretas em atividades cotidianas  ao carregar peso, limpar a casa e demais rotinas de trabalho”.

Casos em que o paciente já tem o sintoma da hérnia de disco, mas não tem os devidos cuidados com a coluna, tendem a evoluir negativamente, podendo apresentar piora na dor e até levar à imobilidade temporária e que certamente irão necessitar da ajuda de um profissional de fisioterapia e técnicas de reabilitação, como o RPG (Reeducação Postural Global). “Ter consciência postural é de extrema importância porque nossa coluna é exigida constantemente em todas as atividades que realizamos, inclusive a de dormir, e o profissional de fisioterapia tem papel importante para que o indivíduo adquira essa consciência como rotina e evite ao máximo ter de chegar a uma mesa de cirurgia”, relata o especialista.

Dr. Alexandre lista algumas dicas simples que podem ser aplicadas no dia a dia para prevenir ou amenizar a dor do nervo ciático:

– Atividades físicas:  de extrema importância de serem inseridas na rotina de todos os indivíduos, elas devem sempre respeitar o limite de cada um, devendo-se priorizar, no caso em que já for portador de hérnia de disco, alongamentos, caminhadas e exercícios aquáticos.

Movimentos gerais: Abaixar dobrando o joelho até o chão, manter a coluna ereta e abdômen contraído ao carregar peso.

Posição no escritório: as costas devem ficar apoiadas no dorso da cadeira, a coluna deve ser mantida ereta e os pés devem ficar confortavelmente totalmente apoiados no chão. Dar preferência a cadeiras com braços. Manter o computador em torno de 10 cm abaixo do ângulo de visão, para que não haja flexão de extensão da coluna cervical (pescoço).

– Trabalhos por longos períodos na mesma posição: Para pessoas que trabalham muito tempo em pé, o ideal é que se tenham apoios para os pés de pelo menos 10 centímetros, para que as pernas possam ser alternadas em momentos de descanso, bem como realizar movimentos de agachamento, rotação e alongamento de hora em hora. Para quem trabalha o dia inteiro sentado, levantar de hora em hora para breves caminhadas e alongamento.

Posição para dormir: Procurar dormir de lado, com travesseio que deixe a cabeça simétrica ao ombro, tendo um segundo travesseiro para apoio entre os joelhos.  Ao optar por outras posições, sempre utilizar travesseiros de apoio para pernas e coluna para que o corpo permaneça simétrico.

Tratamento da hérnia de disco

Embora 90% dos casos de hérnia de disco possam ser controlados com medicamentos (anti-inflamatórios, analgésicos e relaxantes musculares), fisioterapia e eventuais infiltrações, alguns casos acabam tendo de recorrer a procedimentos cirúrgicos.

Nestes casos, a técnica cirúrgica mais usualmente empregada é a minimamente invasiva ou videolaparoscópica, em que são feitos pequenos cortes na pele e no músculo, permitindo remover a hérnia com o auxílio de um microscópio e/ ou endoscópio. “Alguns pacientes podem necessitar de cirurgias maiores, mas apenas a remoção da hérnia é suficiente, na extrema maioria dos casos, sem a necessidade de implante de parafusos”. Em 95% dos casos a melhora do paciente é significante ou definitiva.

 

 

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