A dura realidade revelada com novas evidências da presença das Farc no território amazonense

O mercado das drogas, considerado o mais complexo, ramificado e rico do mundo, transformou a Colômbia, e a capital Bogotá em particular, num dos lugares mais violentos da terra. Não era incomum que qualquer dos belos e sofisticados restaurantes de alta gastronomia da cidade fosse invadido, durante o almoço, por grupos armados com artilharia pesada. Sequestros ocorriam a qualquer momento, entre o pipocar de metralhadoras e carros em alta velocidade. Ingrid Betancourt, depois senadora, ficou seis anos em cativeiro.

Grande parte dessa realidade colombiana se deve à atuação violenta das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O governo do presidente Álvaro Uribe (2002-2010) resolveu, ungido por campanhas com discursos duros de combate às Farc, combater a organização. Matou líderes. Prendeu militantes. Retomou cidades e territórios que haviam sido “confiscados” pela guerrilha.

O cerco foi tão intenso que o novo comando trocou a fonte de financiamento dos sequestros para o tráfico de drogas. Empurrado pelo exército colombiano, o grupo buscou refúgio nas fronteiras da Floresta Amazônica. Encontrou guarida dos presidentes da Venezuela, à época, Hugo Chávez, e Rafael Correa, do Equador.

Com apoio de consultores e equipamentos de espionagem norte-americanos, porém, os colombianos seguiram a limpeza mesmo em outros países, Foi o que ocorreu na morte do líder Guillermo León Sáenz Vargas, conhecido como Alfonso Cano, abatido na fronteira, já em território equatoriano e sob governo do atual presidente reeleito da Colômbia, Juan Manuel Santos.

Conseguiram, a despeito do esforço do Exército e da Polícia Federal, penetrar na Amazônia Brasileira.

O Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil amazonense, apreendeu 80kg de cocaína nos últimos dias, só de colombianos. Prendeu também naturais daquele país como Carlos Rodrigues Orosco, o Carlos Colombiano, hoje um dos pilares financeiros das Farc.

Os sinais da atuação criminosa do grupo em Manaus são claros. Tudo indica que Carlos Colombiano, que já havia sido preso com 10kg de cocaína e depois solto, era protegido por assassinos fortemente armados, responsáveis por diversos homicídios integrantes do cardápio de violência da capital amazonense.

O Governo do Estado se arrasta numa reforma administrativa interminável, incompreensiva e mal planejada, além da alegada falta de dinheiro. Não pode, no entanto, permitir que setores como o da segurança pública sejam relegados a segundo plano ou sofram com hesitações, como a que ocorre na licitação dos novos carros do Ronda no Bairro.

Fraquezas são detectadas de imediato pelo crime organizado. Atuam em Manaus as Farc, a Família do Norte (FDN), o Primeiro Comando da Capital (PCC)… O resultado é a violência manauara cotidiana. Tomara que as prisões e apreensões dos últimos dias continuem. E sejam mais planejadas, sistemáticas, resultando de mais estrutura e menos coincidências.

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