O Carnaval e a síndrome da violência que fecha bares de grande sucesso em Manaus

Levanta a mão quem não conhece, em Manaus, um bar ou casa de shows que fez muito sucesso, atraiu multidões, mas logo fechou, por conta da violência. Mesmo o sujeito mais relaxado e violento não quer ficar num local onde haja tiro, facada, briga. Quem viu, nesta quadra de momo, o Bloco das Piranhas, uma espécie de matriz do Carnaval de rua na cidade, repetir o que vem ocorrendo nos últimos anos, com muita briga e correria, sabe bem o que é isso.

Evidente que, numa cidade onde a violência campeia, impulsionada pelo tráfico de drogas e pelo conhecido caldo de ineficiência no setor, que é nacional, uma banda que junta perto de 100 mil pessoas não deixará de ter escaramuças. Imagine um Galo da Madrugada, que ultrapassou os 150 mil foliões.

O Carnaval de Manaus cresce nas ruas e no Sambódromo.

As escolas de samba deram um show de organização e amadurecimento, este ano, com o desfile do Grupo Especial. As mesmas Império da Kamélia e Balaku Blaku, que desceram para o Grupo A, estariam brigando pelo título naquela festa combalida apresentada há alguns anos.

Unidos do Alvorada, encorpada, motivada e empurrada por uma torcida cada vez mais fanática, tem tudo para brigar por título a partir do ano que vem, mesmo caminho tomado pela Sem Compromisso, hoje encrustada no populoso conjunto/ bairro Nova Cidade .

Sem contar que Aparecida e Reino Unido demonstram, o ano inteiro, pela organização e atuação múltipla, um grandioso amadurecimento.

A Grande Família se impõe pela comunidade, que carrega a escola nas costas. E Vitória Régia, no meio do caminho, não tem apresentado um Carnaval à altura da torcida que possui, quase na mesma proporção da diminuição do envolvimento da Praça 14. Nesse quesito – participação, serviços comunitários, engajamento – Reino Unido, Aparecida e até Unidos do Alvorada, com suas escolinhas de arte e incentivo às crianças, estão bem à frente. Esse é o caminho. Quem tem, precisa aprofundar. Quem não tem ou entra ou ficará patinando nesse limbo do sobe-desce.

O Carnaval manauara de rua, pujante na Bica, Educandos, Galo, Piranhas, Boulevard etc., só precisa de reforço na segurança e um empurrãozinho na organização para se tornar um produto turístico vendável, no mercado nacional e até internacional. Sim, os gringos de Miami e arredores ficariam encantados em saber que Manaus, a apenas cinco horas de voo, oferece um Carnaval praticamente com os mesmos ingredientes de Rio de Janeiro e Bahia.

Mas, não custa repetir, segurança impecável é quesito imprescindível. E, acrescente-se, um sistema de saúde capaz de atender com qualidade aos visitantes.

Claro que, a partir do conhecimento adquirido no processo, o manauara ganhará mais segurança e melhor saúde para o período pós e pré-Carnaval. E assim a vida avança, com um empurrão a mais rumo ao desenvolvimento.

Ou então o Carnaval servirá apenas para o gasto do dinheiro público, bebedeira e risco para as vidas dos foliões.

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