O queima-queima é só a ponta do iceberg do descalabro sócio-administrativo no Município de Coari

É estarrecedor ver como as oportunidades oferecidas pela geração de riqueza, oriunda do petróleo de Coari, descambaram para o caos. O fogo dirigido a propriedades ligadas ao prefeito Igson Monteiro é só a ponta do imenso iceberg de degenerescência social e descalabro administrativo que o Município vive há décadas.

Há mais que problemas administrativos. Fontes policiais afirmam que o tráfico de drogas internacional tornou a cidade o principal entreposto de abastecimento de Manaus. Toda a cocaína que vem da região da tríplice fronteira (Brasil-Peru-Colômbia), no Alto Solimões, fica na cidade à espera das melhores condições para desembarcar na capital.

Por conta dessa “quarentena”, os traficantes vão conquistando mão-de-obra, viciando a população, ocupando o espaço vazio pela falta de acuidade administrativa.

Coari perdeu receita. Falava-se, há até bem pouco tempo, que o Município beirava os R$ 700 milhões de orçamento anual. Igson Monteiro afirmou, na rádio Tiradentes, que hoje a receita bruta está em torno de R$ 224 milhões/ ano. Despencou.

É hora de uma atuação, digamos, de mangas arregaçadas na cidade. Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Estadual (MPE), Ministério Público Federal (MPF), Tribunal de Contas do Estado (TCE), sistema de segurança pública, Poder Judiciário, todos têm algo a fazer para melhorar a vida na cidade.

É um absurdo pensar que, com a maior renda per capita do Estado, Coari não consiga melhorar a qualidade de vida daquele povo. Dá até a impressão de que não adianta conseguir progresso para o Amazonas porque a corrupção vai corroer tudo.

O prefeito Igson afirma que está fazendo uma auditoria nas contas do antecessor, ex-aliado e policondenado, Adail Pinheiro. Disse que entregará o resultado às autoridades. Como confiar na isenção de um trabalho tão entremeado pelo ódio, numa administração transformada em disputa sangrenta, por mais que haja toda boa vontade do mundo?

Coari é um caso exemplar, que lembra a história do combate à saúva na lavoura brasileira. O slogan na época era: “Ou se acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. Só precisa misturar com o lema do agente 007, que tem “licença de Sua Majestade para matar”. Adaptando, para este caso: Ou se combate a corrupção deslavada em Coari ou os corruptos vão se sentir com licença para roubar.

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1 comentário

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  1. Carlos disse:

    Roubar faz parte da índole do brasileiro. Não adianta tapar o sol com peneira. Aquele papo de que os bons são maioria , não passa de slogan. Infelizmente.