Dia Mundial da Osteoporose: doença também atinge os homens

Celebrado anualmente no dia 20 de Outubro, o Dia Mundial da Osteoporose (DMO) é uma campanha que dura o ano todo, dedicada a aumentar a conscientização global sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da osteoporose e da doença osteometabólica. A campanha global vem sendo organizada pela International Osteoporosis Foundation (IOF) desde 1997, e a cada ano enfoca um tema específico.

“O DMO é uma data chave na agenda da comunidade ligada a ossos, músculos e articulações. É uma ocasião em que as pessoas do mundo todo se unem para colocar a luz dos holofotes sobre a imensa carga causada pela osteoporose e as ações que podem ser tomadas para prevenir e tratar a doença”, afirma o ortopedista Caio Gonçalves de Souza (CRM-SP 87.701), médico do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Em 2014, o foco do Dia Mundial da Osteoporose (DMO) será a osteoporose em homens. “Muitas vezes, a osteoporose é considerada como uma ‘doença de mulher’, ainda que um em cada cinco homens com idade acima de 50 anos terá uma fratura devido à osteoporose. Como resultado deste conceito errôneo, milhões de homens, em todo mundo e no Brasil, continuarão desconhecendo seu risco para fraturas devido a esta doença”, afirma Caio G. Souza, que também é professor de Ortopedia da Faculdade de Medicina na Uninove.

Segundo o ortopedista, com o envelhecimento da população, um número crescente de homens mais velhos sofrerá fraturas. Acredita-se que até 2060, o número de pessoas com fraturas devido à osteoporose irá aumentar cinco vezes só no Brasil. O objetivo da International Osteoporosis Foundation (IOF) é aumentar a conscientização do público, dos profissionais de saúde e das autoridades sanitárias sobre o problema.

A campanha deste ano está direcionada diretamente aos homens e gira em torno da ideia de “Fortes Externamente, Mais Fortes Internamente”, convocando os homens para que deem tanta atenção aos seus ossos e à sua saúde como dão à sua força física. Trabalha com os estereótipos do que os homens percebem como importantes e faz com que questionem se eles realmente são tão fortes internamente quanto o são externamente. A campanha usa a ironia para levar a mensagem do slogan “Homens Reais Constroem sua Força de Dentro para Fora”.

 

Mitos sobre osteoporose

A osteoporose atinge os homens também. Mundialmente, afeta um em cada cinco homens contra uma em cada três mulheres com idade acima dos 50 anos. “As fraturas osteoporóticas em homens mais velhos estão comumente associadas com mortalidade e morbidade maiores que nas mulheres, principalmente nas fraturas do quadril. Estas fraturas podem levar a vários problemas de saúde, como mobilidade reduzida, dor, costas arqueadas e comprometimento respiratório. O resultado é uma redução na qualidade de vida e perda da independência”, diz Caio G. Souza.

Ainda há muitos mitos envolvendo os homens e a osteoporose. A seguir, o ortopedista Caio G. Souza esclarece os mitos mais comuns quando o assunto é osteoporose:

 

Mito # 1: A maioria das pessoas não precisa se preocupar com a osteoporose.

“Segundo dados da IOF, a osteoporose causa mais de 8,9 milhões de fraturas anualmente, resultando em uma fratura osteoporótica a cada três segundos no mundo”, informa o ortopedista. Conheça outras estatísticas associadas à doença:

  • Aproximadamente uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima de 50 anos sofrerão uma fratura osteoporótica no período restante de suas vidas;
  • Para as mulheres, o risco de fratura de quadril é maior do que o risco combinado de câncer de mama, ovário e útero;
  • Para os homens, o risco ao longo da vida é maior do que para o câncer de próstata.

Mito # 2: A osteoporose é um problema só para mulheres brancas e mais velhas.

Embora a osteoporose seja comum entre as mulheres brancas, homens e mulheres de todas as raças podem ter a doença. Além disso, mesmo que a doença seja mais comum em pessoas mais velhas, ela pode aparecer em qualquer idade. “O risco de um homem sofrer uma fratura osteoporótica ao longo da vida é maior do que a probabilidade de desenvolver câncer de próstata. Um terço de todas as fraturas de quadril do mundo todo ocorre em homens”, diz o médico.

Mito # 3: Você não precisa pensar em osteoporose se você fraturar um osso em uma queda ou acidente grave.

A urbanização e o envelhecimento da população estão resultando em rápidos aumentos na carga representada pela osteoporose. Fraturas em pessoas com mais de 50 anos de idade podem ser o primeiro sinal de baixa densidade óssea ou osteoporose. Ossos fraturados devido a quedas ou acidentes graves estão muitas vezes relacionados à osteoporose. “O fato de uma pessoa ter sofrido uma fratura prévia está associada a um risco 86% maior de ter outra fratura. Logo, uma pessoa acima dos 50 anos que sofreu qualquer tipo de fratura deve procurar um especialista para averiguar qual o risco dela vir a sofrer outra fratura, independente do gênero e da faixa etária. As fraturas de quadril são as que causam maior morbidade, com relatos de taxas de mortalidade de até 24% no primeiro ano, após o trauma, e o maior risco de morte pode persistir durante pelo menos os cinco anos seguintes”, alerta Caio G. Souza.

Mito # 4: As pessoas com osteoporose podem sentir seus ossos ficando mais fracos.

A osteoporose é comumente chamada de “doença silenciosa”. Muitas vezes, fraturar um osso é o primeiro indício de que você tem osteoporose. “A osteoporose é uma doença que leva a uma menor resistência dos ossos gradativamente, resultando em fraturas por fragilidade óssea. Elas podem ocorrer depois de uma queda menor, da própria altura, ou como resultado de uma topada, espirro ou até mesmo por se abaixar para amarrar o sapato. Qualquer osso pode quebrar por causa da osteoporose, mas algumas das fraturas mais sérias e comuns são as da coluna e do quadril”, alerta o ortopedista.

Mito # 5: O exame para diagnosticar a osteoporose é doloroso e expõe o paciente a uma grande quantidade de radiação.

Existem exames simples que ajudam a identificar quem tem osteoporose, bem como o risco de fraturas, e há tratamentos efetivos disponíveis. “Homens com mais de 50 anos que tiveram uma fratura anterior têm um risco duas vezes maior de uma fratura subsequente, quando comparados com os que não tiveram fratura. Uma fratura prévia é um sinal claro de que os homens precisam conversar com seus médicos, fazer exames e serem tratados de forma apropriada”, defende o médico. Nos homens, dois fatores de risco comuns são hipogonadismo (deficiência de testosterona) e uso prolongado de corticoides. Os homens com fatores de risco devem discutir a saúde óssea com seus médicos, que podem pedir um exame de densitometria óssea para medir a densidade mineral óssea e avaliar a probabilidade de fratura futura usando a calculadora FRAX®. Exames de sangue também costumam ser pedidos, assim como uma breve avaliação dos hábitos nutricionais e dos exercícios físicos. Uma medicação poderá ser prescrita depois da avaliação clínica. Com a adesão à medicação prescrita, os pacientes podem reduzir substancialmente o seu risco de fraturas futuras.

Mito # 6: Crianças e adolescentes não precisam se preocupar com a sua saúde óssea.

“Crianças e adolescentes podem ‘construir ossos fortes’ e prevenir a osteoporose no futuro se se mantiverem fisicamente ativos e se consumirem cálcio e vitamina D na sua dieta em quantidades suficientes”, informa o ortopedista.

Mito # 7: Se você beber muito leite e fizer exercícios físicos, você não está em risco de desenvolver osteoporose.

Mesmo se você beber bastante leite e praticar exercícios físicos, ainda assim você pode estar em risco de desenvolver osteoporose. Há muitos fatores de risco para a osteoporose – alguns que você pode controlar e alguns que você não pode, como a carga genética ou até a necessidade de uso de medicamentos crônicos para outras doenças, como corticoides. Muitos dos mesmos fatores que levam as mulheres ao risco de osteoporose e fraturas aplicam-se também aos homens, ainda que os homens precisem estar atentos à deficiência de testosterona e aos medicamentos relacionados à terapia para o câncer de próstata. Conheça os principais fatores de risco para os homens:

  • Idade – a perda óssea aumenta com a idade, e nos homens há uma aceleração mais rápida em torno dos 70 anos;
  • Histórico familiar – se os seus familiares tiveram osteoporose ou um histórico de fraturas, o seu risco é maior;
  • Uma fratura prévia sofrida após os 50 anos – se você teve uma fratura, o seu risco de outra fratura óssea é duas vezes maior;
  • O uso crônico de corticosteroides por mais que três meses – estes medicamentos (como prednisona ou cortisona) são a causa mais comum de osteoporose secundária. São usados para tratar diversas condições clínicas, incluindo asma e artrite inflamatória;
  • Hipogonadismo primário ou secundário (deficiência de testosterona) – isto ocorre em até 13% dos homens, resultando muitas vezes de defeitos dos testículos. A terapia de privação de androgênio (ADT), o tratamento mais comumente usado para o câncer de próstata metastático, também causa baixos níveis de testosterona;
  • Uso contínuo de algumas medicações – além dos corticosteroides, outras medicações também podem trazer um risco maior para osteoporose. Estão incluídos alguns imunossupressores, tratamento com hormônio tireóideo em doses excessivas, certas drogas antipsicóticas, anticonvulsivantes, antiepilépticos, lítio, metotrexato, antiácidos e inibidores da bomba de prótons, entre outros;
  • Algumas doenças crônicas – as doenças que colocam você em risco de desenvolver a osteoporose incluem artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal (como a doença de Crohn), doenças de má absorção (como a doença celíaca), diabetes tipo 1 e tipo 2, hiperparatireoidismo, doenças renal ou hepática crônica, linfoma e mieloma múltiplo, hipercalciúria e tireotoxicose, dentre outras.

Mito # 8: A osteoporose não é grave.

No mundo todo, as populações estão envelhecendo rapidamente e a expectativa de vida em homens aumenta de forma constante. De 1950 a 2050 haverá um aumento de 10 vezes no número de homens com 60 anos ou mais – o grupo etário com maior risco de osteoporose. Mesmo na Europa, cuja população já tem uma média etária maior, o número total de fraturas em homens terá um aumento de 34%. Em algumas outras regiões do mundo o número de homens com osteoporose e fraturas está aumentando em uma taxa ainda maior, como no Brasil. “O envelhecimento saudável precisa ser priorizado para que homens e mulheres possam ter vidas ativas e independentes com o passar dos anos. Sem estratégias efetivas de prevenção, um enorme aumento nas fraturas colocará um grande peso sobre os indivíduos, famílias e comunidades, bem como sobre os orçamentos voltados para a saúde”, destaca o ortopedista Caio G. Souza.

Mito # 9: Tomar suplementos extras de cálcio pode ajudar a prevenir a osteoporose.

Tomar mais cálcio do que o que você precisa não fornece quaisquer benefícios extras. “Cálcio, vitamina D e proteína suficientes são essenciais para a saúde dos ossos e músculos. Laticínios como leite, iogurte e queijo têm as maiores quantidades de cálcio, e contêm também proteína e outros minerais que são bons para os ossos. O cálcio também está presente em certas frutas e verduras verdes (couve, brócolis, damasco, por exemplo) e em peixes enlatados com ossos (sardinhas). Se estiverem disponíveis, tire proveito de alimentos fortificados com cálcio. No nosso site, disponibilizamos para consulta uma relação da quantidade de cálcio presente nos alimentos”, recomenda o ortopedista. Ainda que o cálcio da dieta seja o melhor, algumas pessoas podem precisar tomar suplementos se não conseguirem alcançar as metas diárias de cálcio apenas com a alimentação. No entanto, os suplementos de cálcio, como o carbonato, devem ser limitados a 500–600mg por dia, pois acima disto eles não são absorvidos pelo corpo. A recomendação geral é que seja tomado em combinação com a vitamina D e também seja acompanhado de uma rotina de atividades físicas, caso contrário o cálcio não irá se fixar no tecido ósseo.

Mito # 10: A maioria das pessoas não precisa tomar um suplemento de vitamina D.

“A maior parte da vitamina D no organismo é produzida pela exposição da pele à luz do sol. No entanto, dependendo de onde você mora, pode ser que você não consiga vitamina D suficiente apenas com a exposição segura ao sol. Pequenas quantidades de vitamina D são encontradas em alimentos (como gema do ovo, salmão e atum), e podem também ser encontradas em alimentos fortificados com vitamina D”, informa o médico. As recomendações da IOF com relação à vitamina D para a prevenção de quedas e fraturas são 1000 UI/dia para homens e 1200 UI/dia para mulheres com 60 anos e mais. “Consulte sempre um médico da sua confiança para saber a sua necessidade real destes suplementos”, orienta o ortopedista Caio G. Souza.

 

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