Governo de Omar, governo de Melo, herança de Mestrinho e o governo que vem por aí

Omar Aziz passou a faixa para José Melo, sexta-feira, no Teatro Amazonas. Mudou o Governo? É cedo para falar. O secretariado permanece praticamente o mesmo e quem saiu fez o sucessor. Os fornecedores do Estado ficam. Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados serão constituídas ou pelos mesmos ou por substitutos dos que não vão mais concorrer ao mesmo cargo. A estrutura de poder, portanto, permanece a mesma, desde aquele longínquo março de 1982, quando Gilberto Mestrinho assumiu o Palácio Rio Negro.

Melo, que se revela um frasista, afirma que “não é leso”. E não é. Vai governar, porém, sob o estigma da famosa frase de Mestrinho, quando se elegeu governador pela segunda vez: “Nós (seu grupo político) vamos ficar no poder por 20 anos”. Parece que o Boto subestimou a própria megalomania. E lá se vão 32 anos.

O governador atual é, como dizem nos bastidores da política, “passado na casca do alho”. Sabe muito bem se movimentar nos meandros palacianos. Olha com lupa os nichos de poder.

Um governador pode passar até oito anos sem saber quem ocupa cargo comissionado no governo, ou seja, aquele que é nomeado politicamente, sem concurso público, recebendo salários expressivos. Melo, dizem, mandou pedir a lista de todos os CCs (Cargos Comissionados) e tem funcionários de confiança passando visto de um por um, quando não o faz pessoalmente. É nesse item que está a estrutura político-eleitoral, os cabos eleitorais, os apadrinhados dos políticos, aqueles que constituem a “militância” mais intensa nas campanhas.

Tem gente que deixou o Governo há muito tempo e, mesmo passando por confronto com titulares do cargo, ainda tem parentes e cabos eleitorais encastelados na máquina pública. Alguns só aparecem na hora da mudança do cargo, para dar um “alô”, usufruindo de regalias salariais que só secretários têm.

Um partido político, só um partido, teria conseguido nomear mais de 4 mil funcionários estaduais, espalhados na máquina pelo Estado inteiro, valendo-se de fundações que já foram objeto de reprimenda do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

O principal problema do esquema “mais do mesmo” é que, como tudo na vida, um dia vai terminar. O novo, portanto, é o maior adversário do continuísmo no Amazonas.

Melo sabe que precisa correr contra o tempo e provar, no curtíssimo prazo, que pode mudar a máquina por dentro da máquina, trazendo um ar de novidade para dentro da administração estadual. Precisa agir rápido e com habilidade. Não pode desatar completamente nós que sustentam o sistema. Seu desafio é afrouxá-los, permitindo que o barco ande mais rapidamente, admitindo outros tripulantes e passageiros. E tem que se equilibrar entre a lua-de-mel, desse primeiro momento, para criar perspectiva de poder, e o horizonte curto do governo de 9 meses.

Tudo isso, em meio ao clima eleitoral e ao bombardeio que os adversários – Eduardo Braga, Rebecca Garcia, Marcelo Ramos, Chico Preto, Hissa Abrahão, Abel Alves etc. – devem começar em breve.

A disputa promete.

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2 comentários

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  1. PROF JOAO DE OLIVEIRA disse:

    MARCOS, ISSO EH A MAIS PURA VERDADE. TENHO TANTO RESSENTIMENTO E TRISTEZA DESSA SITUAÇÃO QUE ME DESESPERO QUERENDO MUDANÇA URGENTE. MAS NAO EH ASSIM. TUDO OCORRE DEVAGAR. UM DIA TEREMOS PESSOAS NOVAS QUEM SABE NESSAS ELEIÇÕES?

  2. Francisco Bezerra disse:

    Marcos Santos, a volta do Professor Gilberto Mestrinho ao comando do Estado do Amazonas, contou com uma ajuda importantissima do Saudoso Fábio Lucena, homem como tantos tinha suas virtudes e defeitos, mas, agia sempre para corrigir injustiça contra as pessoas mais humildes, lutou contra a revolução, uniu forças para eleger o Professor Gilberto Mestrinho e seu grupo ao Governo do Amazonas, com unico objetivo melhorar as condições de vida do nosso povo. A visão daquele Governador que acabará de se eleger era seu grupo dominar por 20 anos a governancia do Amazonas, na verdae algumas peças de alguma forma sairam do jogo, outros atores trazidos por membros do grupo foram acrescidos a legiam do poder, o primeiro ungino por aquele Governador foi Amazonino Mendes, que trouxe outros, entre os quais Alfredo Nascimento, Eduardo Braga nessa esteira Omar Aziz, José Melo e outros tantos que atuaram e ainda atuam em escala periferica.
    No primeiro momento além do Professor Gilberto Mestrinho, tinham Manoel Ribeiro, Fabio Lucena, por questão politica houve algumas acomodações de pessoas, ao acabo e final no ano de 1982 se instalou no Amazonas a Governancia GILBERTO MESTRINHO e seu grupo politico, que até hoje gravitam e dominam as hoste do poder no Amazonas, aqui acola os membros desse grupo se rebelam entre si e seguem rumos politicos diferentes, mas, sempre como o mesmo objetivo.
    A final a vida politica e seus participes saibem conviver com essa arte, nem sempre compreendida mais é o meio pelo qual se pode fazer algo vultosos pela população de um Municipio, Estado ou Nação, chegando ao mesmo pelo processo democratico que temos.
    Os tempos irão testemunhar as gerações futuras quais os acertos o erros que poderiam ter sidos feitos ou não, em beneficio ou contra nos herdeiros e semelhantes, minha torcida é que façam o melhor, quanto mais melhor.