Fast x Princesa, uma nova chance para o futebol amazonense com a ‘embalagem’ da Arena da Amazônia

Sete entre dez amigos que foram à inauguração da Arena da Amazônia ver Nacional 2 a 2 Remo, não querem voltar para ver Fast x Princesa, neste sábado, às 15h. Ficaram decepcionados com o nível do futebol. Garanto, porém, que os dois times classificados para a final do 1º Turno do Campeonato Amazonense, a Taça Amazonas, é melhor. Os dois merecem uma chance.

Há alguns fatos a serem considerados, em relação à estreia, no tapete da Arena.

O primeiro é, sem dúvida, o olhar do espectador. Isso não é exclusividade do amazonense. Com a proliferação dos canais de esporte e a transmissão ao vivo de campeonatos das mais diversas latitudes, especialmente Europa, todos se acostumaram ao melhor futebol do mundo. Claro que, confrontado com o nível amazonense, há uma grande diferença.

O segundo aspecto é o próprio gramado. Sem ondulações, a bola corre mais rápido. Isso é bem diferente do que se vê nos demais gramados locais. A Arena da Amazônia tem, para se ter ideia, uma equipe de engenharia especialmente voltada para cuidar da grama. A irrigação é automática, eletrônica, feita a intervalos regulares. Os jogadores do Nacional tiveram pequeno contato com o gramado, na sexta-feira anterior ao jogo, mas os do Remo estavam “zerados”. Atuar num campo assim exige habilidade específica, maior entrosamento e rígida disciplina tática. A bola precisa rolar mais e o jogador correr menos.

Nacional e Remo, como o Amazonas e o Pará, de uma forma geral, estão nas categorias menos importantes do futebol brasileiro. Houve um momento em que o Remo sequer participou da Série D, a mais baixa de todas. O Nacional saiu cedo da competição, ano passado. Sem jogos rentáveis, os times investem menos e os elencos acabam sendo, naturalmente, mais fracos.

E há aquele princípio de marketing que não pode ser esquecido: não adianta criar embalagem bonita e fazer muita propaganda para um produto ruim. Pode ser que alguém até compre uma vez, mas, daí para a frente, sentindo-se enganado, fará propaganda contra. A “embalagem” da partida Nacional 2 a 2 Remo foi amplamente aprovada. A Arena é belíssima. Mas o conteúdo, o futebol apresentado, decepcionou muito o torcedor.

Fast x Princesa, porém, é uma partida diferente. O Fast tem Aderbal Lana como treinador e o Princesa é comandado por um jogador dele, o ex-lateral-direito do São Raimundo Marcos Pitter, o Marquinho.

Acompanhei o trabalho de Lana em toda a Série C de 1999, aquela do melhor desempenho de um time amazonense em competição que envolva o País, desde que o Nacional ficou em 8º lugar no Campeonato Nacional, em 1986. Ele gosta de bola na grama, do toque curto, dos lançamentos longos e de surpresa, da jogada ensaiada. Time dele não dá chutão. Vai, aos poucos, trocando peças, reforçando setores, construindo conjunto. O Fast, dizem, reflete isso.

Marquinhos vai na mesma linha e tem bons jogadores. O destaque é o meia Michell Parintins, que já foi artilheiro da Série D, com o São Raimundo, de Santarém (PA), quando aquele time conquistou a competição, em 2010. O lateral-direito Gró, jovem, habilidoso, rápido, o atacante Marinelson, artilheiro do amazonense, ano passado, e o imponente zagueiro Lídio são os outros destaques.

O Fast construiu um gramado bom para treinar, na Ulbra, com a qual mantém convênio. O Princesa joga no Gilbertão, onde o piso é pesado, mas tem jogadores rápidos. Como os dois vão se adaptar à grama certinha da Arena da Amazônia? Ambos devem, ao longo da semana, estar se preparando para a novidade. E, certamente, vão proporcionar um espetáculo melhor no sábado.

O futebol do Amazonas merece nova oportunidade do torcedor. A Arena tem o conforto que todos sempre buscaram. Como se trata de mais um evento-teste, o problema dos bares, improvisados, provocando enormes filas, deve ser resolvido ou amenizado na partida.

Vamos lá. Em nome do futebol e do incentivo aos jogadores que atuam na terrinha.

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1 comentário

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  1. Adelson Fonseca Bastos disse:

    Prezado Jornalista Marcus Santos,
    Fiquei surpreso com o valor de R#60,00 e meia R#30,00, q será cobrado para o torcedor comparecer ao jogo entre FAST e PRINCESA.
    DIA 08.02.2014, ESTAVA NO RIO DE jANEIRO E FUI ASSISTIR NO NOVO MARACANÃ, Pelo campeonato carioca Flamengo 0 e Fluminense 3. Pasme Marcus o vr nas bilhetrias cobrado R$30,00 e Terceira idade, crianças e deficientes o vr. GRATUIDADE.
    Como Manauara, gostaria q os responsáveis pelo nosso futebol faça um reflexão e cobre um valor mais ameno e com certeza vamos ter mais torcedores comparecendo aos eventos esportivos.
    Adelson Fonseca Bastos – Ex-funcionário da ELETRONORTE