A vez do interior

 

“A sustentabilidade não deve ser pensada como uma tarefa apenas de esquerda ou de direita. Tem que ser pensada como uma tarefa da sociedade brasileira…”

Marina Silva.

 

As deficiências econômicas e sociais dos municípios do interior do Amazonas são o reflexo dos equívocos na política de desenvolvimento conduzida por diversos governos ao longo dos últimos quarenta anos. Debitar a ausência de um modelo econômico alternativo ao Polo industrial de Manaus apenas às (não) decisões das administrações passadas da Suframa é uma tentativa de simplificar e isentar de culpa ou responsabilidades aqueles que conduziram o processo político por muitos anos no Estado.

O modelo Zona Franca foi criado com o condão de oferecer condições de competitividade à região, equilibrar os mecanismos para os investimentos necessários ao alcance do progresso social e econômico da Amazônia ocidental e, por fim, diminuir as desigualdades regionais no Brasil. Passados todos esses anos, a Suframa ainda não sabe em que rumo deve focar suas ações, se em biotecnologia ou Split’s, se em motos ou em cosméticos, se em TV’s ou em carros, ou navios. A verdade é que o Estado do Amazonas deveria apontar o rumo a ser seguido, construindo, em primeiro lugar um estudo capaz de estabelecer nossas vocações e, posteriormente, aplicar esforções definitivos e concentrados nas estratégias definidas e objetivos de desenvolvimento traçados, gerando emprego e renda para a população, principalmente do interior.

Não se corrige os problemas estruturais das comunidades do interior do Estado atacando as bordas. Dinheiro no bolso do caboclo não resolve seus problemas de falta de saúde, alimentação adequada, educação ou emprego. De nada adianta oferecer salários altos para médicos, defensores, professores ou técnicos agrícolas irem trabalhar nos Municípios onde não há a mínima infraestrutura habitacional, de educação, saúde ou entretenimento. Tentativas iguais já foram feitas, todas falharam. Além disso, o atraso na logística de transporte de cargas e pessoas é outra limitação clara e óbvia, mas que se arrasta há anos e sem um plano estratégico capaz, sequer, de oferecer um horizonte de soluções futuras.

O Amazonas precisa urgentemente adotar um modelo estratégico de desenvolvimento. Escolher vetores e áreas estruturantes para fomentar, capazes de alavancar investimentos, gerar empregos, criar valor social e incluir os amazonenses que vivem à margem do progresso. Esse modelo, calcado na figura de governo mobilizador dos demais atores econômicos, deve apontar prioritariamente para o interior do Estado, deve ser sustentável no tempo espaço ambiental. O futuro da economia sustentável e justa do Amazonas está no incentivo às capacidades produtivas do interior, iniciativas que esperam há décadas por uma chance. Um milhão e meio de amazonenses vivem e anseiam pela oportunidade de produzir, gerar renda e melhorar suas condições de vida. O protagonismo produtivo é melhor para o futuro do Amazonas do que a caridade governamental. Afinal, transferências financeiras não geram produtividade, geram dependência.

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