Vôlei feminino mostra postura exigida do País da Copa e da Olimpíada

Os próximos grandes eventos do esporte mundial serão realizados no Brasil. Em 2014, a Copa do Mundo. Em 2016, a Olimpíada do Rio de Janeiro. Em ambos os momentos, o Brasil assumirá um papel de protagonista. Estará, inevitavelmente, sob os olhares do mundo e não apenas do ponto de vista esportivo, mas os meandros da vida nacional serão vasculhados pela imprensa internacional. Temos que nos preparar para isso, usando como paradigma a postura da Seleção Brasileira de Vôlei Feminino, medalha de ouro em Londres, capaz de sair do papel de desacreditada para a conquista, após uma virada espetacular em cima das favoritas russas, ainda nas quartas-de-final.

Não é a toa que o Brasil é hoje o País do voleibol e não mais o País do futebol. Os rapazes do futebol, medalha de prata, chegaram à conquista sem mostrar o brilho que a torcida brasileira exige. Pareceram mais meninos ricos, mimados, destreinados, desentrosados e desinteressados, fazendo uma final contra um México talentoso, que soube ser o time mordedor e decisivo, à altura da medalha de ouro.

O que houve no voleibol masculino é perfeitamente compreensível. Só alguém sem nenhuma grandeza ou que nunca tenha se dignado a ver o esporte como espetáculo não se renderia aos méritos do adversário. Esse espetacular Muserskiy, transformado pelo técnico Alekno, no meio do jogo, de central em ponteiro, do jogador veloz no paciente estilista que pega a bola de segurança a quase quatro metros e bate por cima do bloqueio, ganhou o jogo. Parabéns à Rússia. Parabéns ao Brasil, que viajou desacreditado e esteve muito perto de vencer.

Só a título de curiosidade: Bernardino é autor da grande sacada de entender “a hora de enfiar o punhal”, isto é, aquele momento em que o time, faltando apenas um ponto para vencer, começa a comemorar antes da hora, se desconcentra, perde o foco e acaba deixando o adversário virar. O Brasil teve dois match point (ponto da vitória no jogo) ou gold point (ponto de ouro), mas não conseguiu marcar.

Wallace, Bruninho, Serginho, Murilo, Lucão e Dante mereciam o ouro. O capitão Giba e o grandioso Ricardinho, que encerraram as carreiras em Londres, idem, idem. O esporte, porém, não e, graças a Deus, nunca será uma ciência exata.

O que dizer do Cazaquistão, que conquistou 13 medalhas, sete de ouro (uma no atletismo, uma no boxe, uma no ciclismo e quatro no levantamento de peso), roubando uma incrível 12ª posição no quadro geral, contra apenas a 22ª do Brasil? Tudo bem, o governo daquele país tomou uma medida de força, prendendo os atletas em concentração por seis meses e obrigando-os à dedicação total aos treinamentos. Mas não fez nada diferente dos países predominantes no mundo antigo, onde os guerreiros tinham uma vida espartana (Esparta é mesmo o maior exemplo), dedicando a vida à preparação para a guerra.

O Brasil, enfim, precisa parar de brincar com o esporte e adotar uma postura diferente. Nada de País do Futebol. Nada de País do Voleibol. O País da Copa e da Olimpíada precisa se transformar, desde já, no País do Esporte. O ciclo da Copa e da Olimpíada já começou.

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