Debate mostra que candidatos estão “mornos” e apelam a Deus, Jesus Cristo, Dilma, Lula, Omar e Braga

Os candidatos a prefeito de Manaus não parecem ter estudado o orçamento municipal da cidade que pretendem dirigir. Todos falaram, no primeiro debate desta campanha, hoje à noite, na Band, em atrair verbas dos governos Federal e Estadual, fazendo reiteradas juras de capacidade para conviver com Dilma, Lula, Braga e Omar, esquecendo que a cidade hoje tem R$ 3 bilhões/ano de orçamento, à disposição do eleito, totalizando R$ 12 bilhões ao longo dos quatro anos da administração.

Esse dinheiro (R$ 12 bilhões) seria suficiente para construir 12 pontes sobre o rio Negro, refazer todo o Prosamim e ampliá-lo ou duplicar as principais ruas da cidade. Cabe o argumento de que grande parte do orçamento é destinado ao custeio, sobrando pouco para o investimento, mas o papel do prefeito é justamente administrar os recursos para que sirvam ao objetivo principal (melhorar a cidade) e não à atividade meio (o custeio da máquina).

É claro que o administrador municipal se sairá melhor tendo recursos federais e estaduais, mas Manaus criou uma estrutura econômica capaz de resistir bravamente a um boicote dessas duas esferas de Governo. Resta saber se um governador aguentará não fazer nada pela capital e arcar com o ônus de perder os votos dos manauaras. Eduardo Braga, quando governador, mesmo brigado com o prefeito Amazonino Mendes, investiu em obras na cidade, embora deixando de lado a praxe de repassar o dinheiro para a Prefeitura e fazendo o trabalho diretamente.

Dilma, por seu turno, se parar de enviar recursos para a Prefeitura de Manaus, estará cometendo enorme ingratidão com a população que votou maciçamente em sua candidatura à Presidência da República. Bastará ao prefeito demonstrar que os pleitos não estão sendo atendidos e a própria convivência democrática estará comprometida. Os programas federais, além disso, estabelecem cotas prévias para cada Estado/Município e os ministros teriam que fazer enorme contorcionismo para evitar fazer chegar os recursos à Prefeitura de Manaus.

O prefeito Amazonino Mendes, por outro lado, como membro de partido da base aliada (é filiado ao PDT) no Congresso Nacional, queixa-se que pouco recebe dinheiro federal. Da mesma forma, o governador Omar Aziz (PSD), que viu o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciar com pompa e circunstância o repasse de míseros R$ 2 milhões para combater a epidemia de dengue na capital e em vários Municípios do interior. E, enquanto um deslizamento de terra com duas dezenas de casas recebe bilhões do Tesouro Nacional, quando ocorre no Sudeste, a enchente nos rios amazônicos, desabrigando centenas de milhares de ribeirinhos, ficou patinando abaixo dos R$ 50 milhões – nem sei se esse valor chegou a ser realmente repassado aos cofres estaduais, mas com certeza não chegou no auge da enchente aos destinatários.

Não há, portanto, essa dependência de Dilma e Lula que os candidatos pretextam. Mas os dois têm voto no Amazonas. É por aí que se fundamenta esse beija-mão todo. Quanto a Deus e Jesus Cristo… eles estão olhando lá de cima e a cada um cabe a justa paga por usar o nome de Deus em vão.

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1 comentário

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  1. Eduardo disse:

    Verdade Marcos, que eleição morna essa, não há empolgação, essa eleição ficou muito prejudicada com a desistência da Deputada Rebecca Garcia! Acredito que se ela tivesse entrado a coisa is se animar e os candidatos iriam se debruçar em projetos para salvar Manaus do caos que está!
    E o Prefeito Amazonino é filiado ao PDT, não ao PTB!

    RESPOSTA:
    Valeu. Feita a correção.