Parceria que contagia – o par perfeito da cultura popular

Na vida sempre vamos encontrar algo ou alguém que nos complementa e que alinha e completa pensamentos e talentos. Assim também acontece em outros campos da vida, seja profissional, amorosa, artística e, nesse caso, falamos de talentos artísticos da nossa Cultura Popular, que é o Boi Bumbá e aqui especificamos de Parintins, o nosso Festival Folclore, para diferenciar do Bumba Meu Boi do Maranhão, apesar das raízes e origens serem as mesmas.

Um com uma voz que ecoa o cantar e faz a toada encantar e emocionar pela beleza e  pureza  é sem comparação. O outro que ativa e cativa a galera, que faz vibrar e  delirar uma arena inteira de maneira harmoniosa e sincronizada é sem explicação.

Tudo acontece numa simbiose folclórica onde a voz de um se transforma nos olhos do outro e vice-versa, permitindo uma sintonia de acordes e sons, e nesse encontro de gigantes, quem ganha é a Cultura, que tem o privilégio de ter em sua terra, dois artistas de igual talento e valor.  A união e a reunião dessas habilidades únicas, acredito, seria o sonho dourado ou a realidade eldorada de qualquer Festival. Seria unir sentimento, emoção, razão, energia, e acima de tudo a paixão que é o ingrediente principal da festa, como diz a letra da toada: “… Sou arrepio que brota no corpo e na alma, sou a coragem, a ousadia, sem medo de nada, sou a marca dos festivais, posso ser paixão, também tradição, sou inovação, eu sou a cara desse povo…”

Brincar de boi seria fácil, se fosse apenas dois prá lá, dois prá cá.  No entanto, a modernidade exige que, cada ano, a criatividade seja um ítem essencial, sem esquecer a própria essência.

Brincar de boi, é mais que dois prá lá, dois prá cá. É um comando, uma maestria, uma arte.

E, na arte do Boi Bumbá, temos que considerar os ícones, as estrelas, os corações, pois esse conjunto forma e transforma uma simples brincadeira num negócio que saiu de Parintins, atravessou o oceano e foi para o mundo ver. E mesmo que a renovação seja parte do processo de sucessão,  o estilo, a maneira, o dom, o jeito de brincar de Boi, não foi dado para todos aqueles que gostam, e sim para poucos escolhidos, porque entendem a alma, o espírito, a raça,a energia e o amor, quando se brinca de boi.

Não deixe o meu rio secar. A vida depende da Vida para sobreviver. Matar a mata não é permitido. Preservar a Amazonia é preservar o próprio Homem, são estrofes de toadas que traduzem os versos de amor e lamento em forma de oração e buscam a luz para clarear a escuridão e pratear o infinito. Para que toda essa arte seja interpretada sem perder a magia da criação é condição sine qua non que os verdadeiros filhos da terra e os verdadeiros artistas entoem-nas como uma sinfonia, numa verdadeira ópera na floresta, resgastando aquilo que é da natureza e reconhecendo aquilo que é da sensibilidade de brincar de boi.

Assim como a corda e a caçamba, a tampa e a panela, o rio e o mar, a fome, a vontade,  a caneta e o papel,  a camisa e o botão,  é assim essa parceria que contagia o festival, é assim esse par perfeito que agita o folcore e faz do Boi Bumbá   uma verdadeira Cultura Popular.

É assim que sonho, o encontro de dois grandes poetas toadeiros, seja cantando o ritmo que balança uma Ilha, apresentando  o boi, que é a paixão de uma Nação, ou levantando a galera, que é a força do Festival. É assim que vejo Imperador David Assayag e o Pop da Selva Arlindo Junior,  unidos numa só voz, num só pulsar, num só eternizar aquilo que já é eterno.

Brincar de Boi é bom demais, como diz a toada. Rico ou pobre, qualquer um aprende. É o encontro das tribos, de todas as cores, de muitos brasis, de muitos amores, de crença e festa de gente e floresta. Liberta a vaidade e vem brincar de boi. É boi-bumbá,  é  popular, meu boi.

É o folclore da nossa amazônia É dois pra lá, dois pra cá.
E Viva a Cultura Popular. E Viva o Boi de Parintins.

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova

Ozeneide Casanova Nogueira é advogada e assistente social, com MBA em Gestão de Pessoas (FGV-ISA...

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