O negócio da Copa

A Copa é um negócio. É um grande erro imaginá-la como meras partidas de futebol. Sob esse aspecto, aliás, com a divisão do Brasil em 12 sub-sedes, o público manauara deve ficar com pouco para ver no Mundial de 2014. O que se espera é pelo “legado da Copa”, a infraestrutura de hotéis, transporte, portuária e aeroportuária, além do know-how turístico – como mais pessoas falando inglês e maior visibilidade internacional – que a cidade herdará.

É aí que está o desafio das autoridades e da sociedade em geral. Faltam só dois anos para a bola rolar na competição, no Brasil, e é justo quando a bola rola que os negócios precisam estar todos em ponto de bala. É nessa hora que eles “entram em campo” com as seleções.

Pode ser que o Governo do Estado não tenha forças para construir o monotrilho, ainda mais com a ajuda pífia (empréstimo) do Governo Federal enrolada na burocracia e na judicialização do processo. Resta, então, às entidades de classe, como a Associação Comercial do Amazonas (ACA) e o Clube dos Diretores Lojistas de Manaus (CDLM), criar um sentimento de preparação, junto aos próprios empresários.

Defendo o incentivo àqueles que estão construindo bares e restaurantes no Centro da capital, com esforço e recursos próprios, cercando seus estabelecimentos de ruas bem asfaltadas, com calçada e meio-fio perfeitos, arborização e segurança.

Os taxistas precisam de motivação para passar por bateria de cursos, com dois anos para aprender uma língua estrangeira ou mais, de preferência espanhol e inglês, e oferecer esse serviço ao visitante. Alguém dirá que, em Nova Iorque, os taxistas não se preocupam nem um pouco com cortesia ou com que língua o passageiro fala e, mesmo assim, todo mundo continua indo lá. Vários amigos que estiveram lá, recentemente, dizem que essa realidade está mudando, diante da crise econômica que começa a mexer com os EUA, e, convenhamos, o apelo da indústria de propaganda internacional, cinema e show business à frente, é muito mais forte em relação à Big Apple que para nós.

O negócio da Copa do Mundo é, enfim, como uma praia, com ondas ideais para o surf, mas para surfar nesse paraíso é preciso estar devidamente equipado – com prancha, parafina e, sobretudo, habilidade nesse esporte. No caso do Mundial de Futebol, a habilidade exigida é no período de preparação para, na hora “H”, saber cativar o turista e transformar a visita de poucos dias numa alavanca para viagens futuras ou propaganda boca a boca.

O amante do futebol sabe como um estádio lotado, com torcida motivada, empurra o time para as vitórias. Basta ver o que fazem as torcidas de Flamengo e Corinthians, por exemplo, do Boca Juniors, no estádio “La Bambonera”, em Buenos Aires, ou mesmo do Paysandu, no estádio da Curuzu, em Belém do Pará. Também não podemos esquecer do que fez o torcedor amazonense na histórica campanha do São Raimundo, em 1999, quando o clube se tornou vice-campeão da Série C do Campeonato Brasileiro, lotando o Vivaldão.

Vamos lotar a arquibancada de atenção e sugestões às nossas autoridades, em relação aos preparativos da Copa do Mundo em Manaus. Faltam só dois anos. É pouco tempo. Só muito esforço para nossa cidade marcar o gol de placa de organização que todos esperamos.

Arthur Virgílio Neto

Arthur Virgílio Neto

* Arthur Virgílio Neto é diplomata, ex-líder do PSDB no Senado e prefeito de Manaus

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